Quando comentei um pouco sobre o fato de ter visto livestream e outras informações sobre o Final Fantasy XIII, ainda não tinham surgido na net as opiniões e notas sobre o jogo. Depois de algumas semanas, começaram a surgir na net diversos reviews de sites, sendo que a maioria desses reviews estão criticando duramente o jogo, dando desde nota 4 de 10 até mesmo 7/8 de 10 pontos possíveis (bem diferente da Famitsu com um quase perfect score: 39/40). O que seria o RPG definitivo do PS3 começou a se tornar talvez um dos maiores fracassos desta geração por ter abandonado algumas das fórmulas consagradas do RPG. Afinal, esperamos sempre um jogo realmente foda quando se tem a marca Final Fantasy e é um dos jogos da série principal.
Mas antes de comentar, um aviso: os próximos parágrafos terão possíveis spoilers, e irei comentar apenas os pontos principais que ando lendo das opiniões. Não li todos os reviews por completo, e nem vou ler, mas irei comentar assim mesmo. Afinal, não quero mais ficar lendo coisas novas e estragar mais a minha surpresa. E pode ser que algum ítem abaixo possa ser diferente na versão final do jogo, que ando pensando em pegar em março.
Vai continuar lendo e não liga pros possíveis spoilers? Bom, vamos lá: as maiores críticas que ando lendo são com relação ao abandono das fórmulas consagradas da maioria dos RPGs, como o jogo ser extremamente linear, os personagens não evoluírem e ao fato do jogo ter pouquíssimas cidades. Sobre o sistema de evolução, bom, o sistema é parecido com o Final Fantasy X e mesmo que não tenha níveis, você ainda vai evoluir. O sistema é o Cristarium, onde você ganha pontos nas batalhas e esses pontos são usados pra ir destravando novas magias/mais HP/etc para os seus personagens. Nesse lance eu não achei nem uma vantagem e nem uma desvantagem. É apenas ir contra o jogo anterior, baseado em níveis, e não vejo bem como uma crítica. Eles evoluem do mesmo jeito.
Quanto à linearidade, isso eu percebi quando assistia os livestreams, onde você praticamente faz uma rota, em dungeons sem bifurcações e sem você se perder. Nesse caso parte disso está no próprio estilo dos JRPGs, que são caminhos únicos e são movidos pelo enredo. O gameplay está lá mais pra complementar e pra você fazer algo que não seja apenas assistir um filme. Se formos comparar, até o Metal Gear Solid 4 é linear, sendo que a única parte aberta é você poder escolher uma rota dentro de uma seção/mapa. Aqui o estilo é JRPG, e não RPGs como Fallout, Oblivion e Fable. O enredo dita a sua ação, mas o ruim é que no começo é um caminho único:
O jogo aparenta ser linear até perto de 20 a 30 horas, ou, em outras palavras, até quando você chega em Pulse. Talvez um dos primeiros mapas do local seja aquela planície verde gigante que tem alguns inimigos circulando, como um daqueles Adamantite (o dinossauro gigante), e é aqui que você tem a perda da percepção da linearidade. Mas isso é definido pelas sidequests, que aqui é a mesma do Final Fantasy XII: caçadas de monstros especiais (Missions). Não sei como são as dungeons mais avançadas e nem sei direito o que irá acontecer no jogo da parte do enredo (só tenho algumas idéias do que poderá acontecer por ter lido algumas coisas, mas não vou comentar aqui e não sei se tudo que li é verdade), e por isso fica complicado afirmar o quão linear será mesmo o jogo. Se for analisar os Final Fantasies anteriores, eles também são lineares em alguns sentidos, podendo também voltar às dungeons depois, pra caçar itens e monstros que você pode ter deixado passar. Se isso não tiver em parte no XIII, aí sim teremos um problema, mas como não joguei, então fica difícil afirmar alguma coisa.
Sobre a falta de cidades, bom, isso depende do enredo e do próprio universo. Pelo que eu li (spoilers fortíssimos aqui), parece que apenas em Cocoon (o “mini-planeta que fica flutuando em Pulse”) que tem as cidades. Quando li isso na net eu desanimei muito. Muito. Será que não tem mesmo cidades em Pulse? Será que é só dungeons e dungeons com monstros? E as cidades, é só lá mesmo? O que parece ser certeza é que aqui não tem mais as “lojas de armas, itens e acessórios”. Você compra tudo pelo save-point, de maneira virtual. Isso ajuda muito nas dungeons, já que seria um pouco frustrante você entrar num lugar perigoso e faltar itens de cura. Será que era frustrante você entrar numa cidade e ficar conversando com NPCs/comprando as coisas em lojas? Será que isso realmente foi limado do game design? Será que não conseguirei voltar mesmo? Tem alguma cidade em Pulse? Muitas questões, e pra responder elas só alguém que jogou e isso também estraga muita surpresa do jogador, já que to querendo jogar na expectativa de encontrar alguma cidade no caminho.
Sobre isso, também depende do enredo. Uma frase que li de um user do fórum do UOL Jogos que comprou o jogo explica praticamente essa dúvida (sem especificar inimigos e ou que irá acontecer):
CIDADES, TEM?
-Tem, mas o esquema do jogo é você fugir com seus personagens, então não tem “tempo” de ficar indo em cidade pra ficar curtindo uma vista, tanto que estou numa cidade cheia de NPCs no momento, mas tem soldados, e se você chegar perto, eles vão atrás de você.
Como a base do enredo é praticamente essa (quem assistiu os vídeos sabe que é Lighning e cia Vs Exército do Sanctum com o Yaag/Cid/Jihl/etc etc), eles fizeram um acerto de design. Se você se rebela e quer destruir a origem de tudo (no caso os Fal’Cies) então o preço é o exílio e sair por aí num mundo inóspito, fugindo do exército de Cocoon. Algo como a história do Sephiroth, onde nós somos o personagem e o Cloud e cia era o exército. Uma inversão de papéis, já que no Final Fantasy VII a gente tentava perseguir o dono da Masamune que estava indo a um certo lugar. Em Final Fantasy XIII você irá pra algum lugar, com o exército na sua cola. Não tem tempo de um descanso, mas aí daria sim pra colocar cidades, onde você poderia passar rapidamente e poder ter um descanso das batalhas e alguma variedade e mais enredo. Só que como falei antes, vai depender de confirmação quando eu for jogar.
Mas aí tem a questão do gosto do jogador. Ah eu gosto de MMO! Tudo bem, mas num MMO você tem apenas um universo de plano de fundo. Não tem um enredo de início, meio e fim. É um jogo “eterno” onde você é apenas um personagem, optando por visitar as locações ou ficar fazendo grind eternamente, como num World of Warcraft ou num Priston (que cheguei a testar e não gostei). Eu não jogo MMOs já que a premissa principal é essa: evoluir a esmo. Apesar dum Final Fantasy ser longo, terá uma hora que ele irá acabar. Acabará o enredo, os personagens vivem felizes para sempre. Acabou. Essa é a premissa de um JRPG. Em RPGs de mundo aberto você tem isso também, mas o enredo não dita você. Se o jogador adora jogos assim, ele vai acabar odiando os RPGs mais tradicionais que surgiram nos games primeiro no Japão.
Outra questão dos reviews com notas medianas é o fato do analisador ter realmente conhecimentos em japonês. O user do UOL Jogos que citei acima não sabe, mas tem algum conhecimento da maioria das expressões da série (como os nomes das magias). Tem outro tópico de um jogador que sabe japonês, que, diferente desses reviews, está gostando do jogo. Aí complica: se eu não sei, seria mesmo mais fácil detonar o jogo por não saber o enredo? Analisar um Final Fantasy é analisar como um todo, inclusive o enredo. Como não sei japonês então optei por não comprar, já que isso eliminaria muito a minha diversão e mesmo com guias ficaria difícil jogar, mesmo sabendo que a maior parte da diversão também é o seu gameplay.
Agora quem sabe japonês pode avaliar melhor o jogo, como o Fernando Mucioli, jornalista do GameTV, que tem conhecimentos no idioma. Temos a seguir um link de impressões do jogo, feito por ele:
Jogamos: Final Fantasy XIII (Parte 1)
Então temos mais duas questões: a primeira é saber se quem jogou e avaliou com notas baixas odiou mesmo o jogo. A maioria dos reviews são de sites pouco conhecidos, e muitos deles podem estar negativando apenas pra aparecer (ou não). Ainda não surgiu reviews nos sites americanos como IGN, o GameTrailers e Gamespot. Outra é saber se o nosso gosto ou o hype pode influenciar na análise. De qualquer jeito a maioria dos reviews acabam eliminando a vontade de adquirir e como estamos falando de um jogo caro (no mínimo uns 120 reais caso importe e não pague taxas, isso se a versão americana custar 60 dólares) a possibilidade de gastar dinheiro e não gostar aumenta, desanimando o jogador. Obviamente você pode não ligar pros reviews e ver com os próprios olhos. Afinal, eu gosto de alguns Final Fantasies que muitos odeiam, como o VIII e o XII, e olha que o VIII acaba sendo bastante linear e bastante odiado por aí.
Por fim, o jeito será usar o mesmo conselho que todo mundo vai dizer: jogue. Só assim pro jogador gostar mesmo ou não. Se ele não gostar, ou ele fica com o jogo na coleção ou ele pode vender. Ando pensando em comprar o meu na estreia, mas posso acabar mudando de idéia, optando pelo God of War 3. Afinal, sairão no mesmo mês e existe a possibilidade de não conseguir comprar um dos jogos por causa das contas eternas que fazem aqui em casa e que me atrapalham um pouco. Só esperando até março chegar pra ver o que poderá acontecer.
[Imagens via Andriasang e Sankaku Complex. Link da nota 4 via Twitter do Leonardo Marinho]

Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!