A blockchain tem sido implementada em diferentes setores e chegou a indústria dos jogos. O poder dessa tecnologia de transformar transações online de simples operações em processos altamente seguros e transparentes vem chamando a atenção de desenvolvedores e empresas pelo mundo. Originalmente associada ao Bitcoin e outras criptomoedas, a blockchain oferece muito mais do que apenas uma forma segura de realizar transações financeiras.
A aplicação da blockchain no setor de jogos não é exatamente nova, já que muitas plataformas de cassino online utilizam essa tecnologia e aceitam criptomoedas como método de pagamento. Esses cassinos oferecem um ambiente de jogo muito mais seguro e transparente (fonte: www.criptofacil.com/apostas/casinos-bitcoin/). Isso porque a tecnologia possibilita a verificação de cada aposta e resultado de jogo de maneira independente, sem a necessidade de uma terceira parte. O que garante uma operação livre de fraudes e manipulações.
Mas quando falamos de videogames, essa tecnologia introduz uma nova maneira de gerenciar e validar propriedade de itens digitais, como skins, armas e até mesmo personagens. Jogos como “The Sandbox” e “Decentraland” oferecem aos jogadores um universo virtual onde tudo é negociável e garantido pela blockchain, assegurando que cada item seja único e de propriedade incontestável do jogador através do uso de tokens não fungíveis (NFTs).
O jogo “The Sandbox”, por exemplo, utiliza a ferramenta VoxEdit, que permite aos jogadores criar e animar objetos em 3D dentro do seu metaverso. Além disso, o jogo incorpora um sistema econômico que permite a compra, venda e aluguel de LANDS (parcelas de terra no jogo), tudo gerenciado por meio de tokens SAND, que também servem como moeda de governança dentro do jogo. Esse sistema propicia um ciclo de criação, consumo e comercialização de ativos digitais que beneficia diretamente os criadores e jogadores.
Decentraland, por sua vez, possibilita a compra e venda de terrenos digitais, e também promove interações sociais e comerciais mais complexas dentro de seu metaverso. Os participantes podem transacionar uma variedade de ativos e experiências, novamente utilizando a criptomoeda MANA, a qual tem uso tanto transacional quanto governamental no jogo.
A indústria de jogos no Brasil é líder em receita na América Latina e ocupa a 13ª posição no ranking mundial. O mercado brasileiro de games gera aproximadamente R$ 12 bilhões anualmente. Grandes empresas, incluindo players de e-commerce como a Magazine Luiza, têm investido muito neste setor, reforçando sua presença e ampliando suas operações com aquisições de plataformas de tecnologia e games, como a compra do site Kabum em 2021.
E a capacidade de atrair investimentos e a constante busca por inovação tecnológica colocam o país em uma posição favorável para explorar e implementar blockchain em videogames. Mas a utilização da blockchain não se restringe a jogos e apostas. Sua influência está remodelando outros setores também. Áreas como logística, saúde e imobiliário já estão explorando formas de integrar a blockchain para melhorar os serviços, aumentar a confiança do consumidor e reduzir custos operacionais.
No setor de logística, por exemplo, a blockchain facilita a rastreabilidade e autenticidade dos produtos ao longo da cadeia de suprimentos. Empresas conseguem monitorar a trajetória de um produto desde sua origem até o consumidor final, o que reduz as chances de fraudes e melhora a gestão de operações. Na área da saúde, permite rastrear medicamentos e dispositivos médicos, melhorando a segurança do paciente e reduzindo incidências de produtos falsificados. No setor imobiliário, a tecnologia permite a tokenização de propriedades, oferecendo uma forma de investimento fracionado e facilitando transações sem a necessidade de intermediários, o que diminui custos adicionais e burocracia.
A tenologia, apesar de promissora, também enfrenta dificuldades, principalmente relacionados à escalabilidade e regulação. A velocidade de transação, por exemplo, ainda é um obstáculo para jogos de alta intensidade e plataformas de cassino que processam milhares de transações por minuto. As transações em blockchain podem enfrentar atrasos quando a rede está sobrecarregada, semelhante ao que ocorre com uma estrada com tráfego intenso. Isso pode impedir a realização de milhares de transações por minuto de forma eficiente.
Para lidar com esse problema, estão sendo desenvolvidas várias soluções técnicas. Uma delas é o uso de “rollups”, uma tecnologia de escalabilidade que processa e armazena dados de transações fora da cadeia principal do Ethereum, ajudando a desafogar a rede. Outra solução é o “sharding”, que divide a blockchain em várias partes para distribuir a carga de processamento. Esta estratégia permite que várias transações sejam processadas em paralelo, ampliando a capacidade da rede e facilitando a escalabilidade do sistema. A continuidade no desenvolvimento da tecnologia blockchain visa atender as demandas de setores que processam um alto volume de transações como os jogos online.