Alguns anos atrás a Vigil Games, em parceria com a THQ, lançou Darksiders: Wrath of War, game de ação hack ‘n slash com o War (Guerra), um dos 4 cavaleiros do Apocalipse. Durante um confronto entre as forças dos reinos do Céu e do Inferno o cavaleiro é chamado para trazer a ordem, mas acaba sendo acusado injustamente de ter começado o Apocalipse. Quando ele volta para a Terra descobre que passaram 100 anos e a humanidade foi extinta. Então ele decide ir atrás dos responsáveis para poder provar a sua inocência, restaurando o equilíbrio entre os reinos.
Darksiders me surpreendeu, por trazer elementos como a exploração dos cenários, puzzles e ação similar a games como o God of War, com cenários enormes e dungeons extensas (a demonstração mesmo tinha pelo menos umas 2 a 3 horas de duração, algo raro num mundo com demonstrações em sua maioria curtas). Em 2011 eles anunciaram o desenvolvimento de Darksiders II, prometendo trazer um game melhor e com um novo personagem: Morte, outro cavaleiro do Apocalipse que tentará limpar o nome do War e quer trazer a humanidade de volta a vida. O jogo consegue cumprir o prometido, trazendo ação, exploração e adições interessantes em sua mecânica de jogo.
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Darksiders II mantém a fórmula do antecessor, com adições em alguns elementos. O game é tipicamente de ação contra inimigos diversos, com o Morte sendo mais ágil que o seu irmão, por ter um porte físico menor. A primeira mudança é na questão da evolução do personagem: agora o Morte adquire níveis de experiência e pode equipar armas e equipamentos encontrados nas fases ou que foram deixados por inimigos mortos, num sistema similar ao dos RPGs. Então o jogador pode ir se equipando durante as fases trocando os equipamentos, tendo armas, luvas, botas, roupas e acessórios. Os equipamentos também tem atributos de suporte, desde dano com fogo, recuperar a energia com ataques críticos (mais fortes), e outros.
São 2 tipos de armas: as foices e as armas secundárias, que também tem 2 tipos: armas lentas, como machados gigantes, martelos, maças, e outras; e armas rápidas, como luvas/braceletes com lâminas pontiagudas nos “braços”, num combate mais próximo do estilo do Wolverine (dos X-Men). Aí vai depender bastante do jogador e do seu estilo de combate. Durante boa parte da minha progressão eu usava armas mais lentas, fazendo combos entre os 2 tipos de armas durante os combates. Eu começava o massacre com as foices e terminava com a arma lenta, precisando normalmente de 3 a 4 ataques com as arma lenta para encerrar a vida do oponente. Apenas perto do final do jogo eu decidi tentar uma combinação diferente para enfrentar um chefe que estava resistindo bem a ataques com as armas que eu possuía. Alguns tipos de armas também podem ser evoluídas, tendo de sacrificar (destruir) um equipamento para melhorar a arma, tendo 5 níveis de evolução e a arma possuída ganhando atributos extras de suporte.
Outro detalhe interessante é que os equipamentos são exibidos no personagem, tendo variações no visual de Morte, e não apenas uma roupa genérica que nunca muda. No começo ele só tem umas roupas básicas e com o passar da aventura outras roupas aparecem e o personagem ganha um novo visual, além da maioria das armas terem também um visual único. Como as animações são feitas com gráficos do game, ele mantém a mesma roupa durante as cenas.
Também é possível comprar combos com alguns dos NPCs espalhados no jogo, ganhando novas combinações de ataques e aumentando a variedade de movimentos que o personagem pode desferir. O jogador pode ir alternando as armas e durante o combate e surgem novas armas e acessórios de suporte que podem ser usados durante as lutas. Algumas vezes eu até usava o revolver, mas como o dano dos ataques normalmente são muito pequenos, eu preferiria ir na porrada mesmo.
Quanto ao visual do game , eu curti bastante, tendo ainda mais impacto numa TV de alta definição. Temos uma maior variedade dos cenários e mais liberdade, pois passamos por diversos “reinos” em outras dimensões, não precisando usar a arquitetura terrestre do primeiro game. Os fundos dos cenários também são muito bonitos e algumas vezes eu parava para apreciar a paisagem. O ruim é que numa TV comum eu via um pouco de serrilhados em escadas, incomodando um pouco. Por ter jogado a maior parte do tempo em TVs comuns, a minha experiência ficou meio prejudicada, não apenas por conta da qualidade gráfica, mas por conta do game ter sido feito pensando nos consumidores das TVs de alta definição. Na TV comum as letras são minúsculas e as legendas ficaram quase ilegíveis, e aí eu tinha de deduzir quais armas eram melhores para uso, baseado na cor verde que ficava no atributo na hora de escolher outra arma para equipar. E também acabei nem entendendo direito o enredo, por conta das legendas minúsculas. Sei que muitos acham que o jogador tem de ter uma TV FullHD para aproveitar os games, mas nem todos ainda tem condições de comprar uma, mesmo tendo um console atual. Não é preciso comprar todos os games top para conseguir acesso a eles (as locadoras, empréstimos de amigos e as promoções estão aí pra isso!)
Darksiders II também tem uma árvore de habilidades com 2 ramificações. A primeira (Harbinger) é focada em ataques físicos e a Necromancer (suporte) é baseada em invocar um pequeno exército para ajudar o personagem. Eu optei mais pela primeira, preferindo partir para um estilo mais visceral e parecido com os outros games do gênero (God of War e Castlevania: Lords of Shadow, por exemplo). Com o passar dos níveis novas habilidades ficam acessíveis e ao passar de nível e/ou cumprindo certas tarefas o jogador ganha skill points, que são usados para comprar habilidades ou mesmo melhorar alguma habilidade já comprada anteriormente. Depois, ele pode equipar as habilidades associando uma combinação de botões para usar algumas habilidades, e elas são particularmente importante contra chefes e contra inimigos mais poderosos que aparecem algumas vezes por dungeon para torrar a sua paciência e desafiar as suas habilidades de esquiva.
Durante a minha progressão eu percebi que o game tem uma estrutura mais aberta e, apesar da linearidade nas fases mais “internas”, o jogador pode parar a progressão e voltar para comprar ítens com os personagens, ou mesmo voltar a um determinado local para tentar uma nova exploração. Outro facilitador é que, ao sair de uma dungeon no meio, o jogador conseguir voltar depois praticamente no mesmo ponto, sem precisar passar pela fase toda outra vez. Claro que eu não cheguei a usar muito este recurso, optando por sempre ir até o fim, para depois fazer as tarefas básicas de voltar a um vendedor para comprar ítens e outras tarefas.
O game tem um sistema de missões similar ao dos RPGs clássicos, tendo a missão principal e missões secundárias, que o jogador pode ir cumprindo, mostrando o andamento da mesma. Eu não me preocupei em fazer todas as sidequests e fiz uma progressão baseada na estória normal. Algumas vezes eu ia para uma ramificação, mas depois eu optei por não fazer mais, após descobri que tinha um bug interno que poderia travar a minha progressão numa parte seguinte. No começo, eu cheguei até a encontrar uma dungeon opcional inteira e fui fazendo ela, mas depois que eu tomei uma surra de um grupo de inimigos eu optei por desistir e voltar à progressão básica. Um patch foi lançado posteriormente, mas ainda assim fiquei com um pouco de medo de querer sair explorando certas localidades secretas.
É até interessante ter esse tipo de ramificação e dar ao jogador a opção de escolha, mas por conta do medo de ter a minha progressão prejudicada posteriormente (e perder muitas horas de jogo, caso eu tivesse de recomeçar) eu deixei quieto. Acaba sendo um destaque em fases mais avançadas, pois quando eu terminei o game apareceu uma pergunta: se eu deveria começar um New Game Plus (para fazer uma nova progressão e evoluir o personagem ganhando mais níveis) ou se eu volto ao último save para completar as sidequests. Aí sim o game acaba abrindo um leque enorme de opções e coisas pra fazer, pois são muitas missões, dungeons secretas e chefes poderosos e opcionais. Também tem a arena Crucible, com muitas batalhas seguidas e que eu apenas joguei um pouco, pois tinha mais interesse no single-player básico. E por estar na metade da evolução era óbvio que uma hora tomaria uma surra de um grupo de inimigos mais poderosos.
Outra questão que foi citadas em outras análises da mídia especializada é com relação aos chefes, que não estavam tão desafiantes. Em partes eu concordo, mas tudo depende da habilidade do jogador. Por usar e abusar das esquivas e de sempre “mirar” o chefe, eu não tive tantas dificuldades. Foram poucas as vezes que eu fracassava, e quase sempre voltava a um ponto antes, pelo game salvar constantemente. Acho que tive mais dificuldade em alguns trechos da parte final do game com alguns inimigos realmente mais poderosos e com poder pra arrancar muito dano do jogador, mas nada muito difícil. A progressão básica também tem um tempo ideal para muitos games, com cerca de 20 a 25 horas, podendo aumentar caso o jogador queira tentar explorar e terminar as sidequests. Também tem um sistema de “fast travel”, muito útil para os jogadores que não queiram perder tanto tempo.
Darksiders II é um dos melhores games de 2012, trazendo muita ação e diversão por horas a fio, com o jogabilidade razoável, visual muito bonito e um sistema de evolução e de mudança de equipamentos. Claro que quem jogou o primeiro vai também entender diversas referências que aparecem durante a aventura, mas não é muito necessário ter jogado o primeiro game para aproveitar o segundo. Em matéria de custo-benefício o game é ótimo, com muitas tarefas extras e mais de 20 horas de progressão básica (diferente de alguns games semelhantes que são mais curtos). Só não sei se no futuro teremos outros games da série, pois o diretor criativo e desenhista de HQs Joe Madureira saiu da Vigil Games algumas semanas atrás.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!