Desde à década de 90, uma série que conseguiu chamar bastante a atenção e praticamente ter popularizado um estilo de gameplay foi a série Diablo. Com o primeiro jogo saindo para PC e depois tendo versão para o primeiro PlayStation, o jogo conseguiu uma façanha notável: fazer com que os jogadores ficassem jogando as dungeons atrás de ítens mais poderosos. Um outro termo que hoje é bastante usado é o grinding, onde a gente percorre as dungeons e as repete para evoluir de níveis e de que quebra tentar fazer outras tarefas, e muitos jogadores ficavam fazendo grinding atrás de ítens melhores. Com o Diablo II, o game ganhou ainda mais popularidade, tendo inclusive uma expansão extra. Então a Blizzard anunciou o Diablo III, já criando altíssimas expectativas quanto ao produto final, e pela empresa não ter pressa e o World of Warcraft estando aí para ajudar a financiar outros projetos, eles demoravam bastante para sair.
Em maio de 2012 o jogo finalmente foi lançado para PC e Mac, mas o lançamento foi meio conturbado por conta dos sistemas de conexão do jogo: por exigir conexão constante com a internet, muitos jogadores tiveram problemas para jogar. Quedas de conexão poderiam acontecer e isso pode causado muita raiva dos jogadores que tentavam o modo Hardcore, um dos níveis de dificuldade mais insanos do jogo: por mais que você comece o Hardcore no nível normal, morrer com o personagem significa o fim da sua progressão, por não ter como voltar atrás: Morreu, adeus personagem. Nada contra esse tipo de jogo, claro, mas quando você depende da internet e não existe muita segurança entre o seu computador e os servidores da Blizzard localizados nos EUA, problemas podem acontecer. Independente dos problemas, o jogo vendeu muito bem, tendo vendido 3,5 milhões de cópias no primeiro dia e passando das 10 milhões de cópias vendidas mundialmente alguns meses depois.
No início de setembro o jogo foi lançado finalmente para consoles: PlayStation 3 e Xbox 360 ganharam suas versões, e uma versão para PlayStation 4 ainda não tem data para sair, mas pode ser que seja lançada em 2014. Também foi anunciada uma nova expansão: Reaper of Souls, que promete trazer mais conteúdo, uma nova classe jogável (Cruzado) e um novo sistema de “loot”, trazendo menos ítens, mas itens melhores para os jogadores. Pois uma essência do game é coletar e conseguir ítens e equipamentos mais maneiros e potentes para os jogadores. Mas deixemos de introduções e vamos ao que interessa: confira a nossa análise, e já adianto: temos um dos melhores jogos do PlayStation 3 e, para mim, um dos melhores game do ano no console!
Ficha Técnica | |
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Produção | Blizzard |
Desenvolvimento | Blizzard |
Lançamento | 25 de maio de 2012 (PC e Mac), 3 de setembro de 2013 (PS3 e Xbox 360) |
Plataformas | PC, Mac, PlayStation 3, Xbox 360, PlayStation 4 (em breve) |
Classificação | 16 anos (Brasil, Mature 17+ (ESRB – EUA), PEGI 16 (Europa) |
Música/Compositores | Russell Brower, Derek Duke, Glenn Stafford |
Gênero | Ação, RPG, Dungeon Crawler |
Descrição | Presságio de uma queda de uma estrela cadente sinaliza uma nova guerra entre o bem e o mal, onde forças do inferno invadem novamente o mundo dos homens. |
Online | Sim |
Diablo III segue a fórmula básica dos antecessores: visão “de cima”, isométrica, e trazendo os jogadores para a Nova Tristan, uma cidade que cresceu perto das ruínas da cidade anterior. Confesso que não joguei os outros games, e a Blizzard inclusive pensou neles ao incluir, durante a progressão, diários de estória com vozes de alguns personagens, contando detalhes das localidades e alguns detalhes da “lore” do jogo. O game dá 5 classes diferentes para escolher, cada uma com habilidades e jogabilidades diferentes e específicas para aquela classe. Temos o monge que usa ataques corpo a corpo, o Arcanista que usa magias arcanas e pode atacar à distância, caçador de demônios que ataca a distância com arco e flecha e bestas medievais, etc. Nesse ponto eu gostaria de poder customizar a aparência do personagem, mas acabou não tendo bem essa opção, optando por escolher apenas o sexo e a classe específica, tendo uma aparência única, mas de certa forma o jogador não se preocuparia tanto com isso por conta da visão de cima (apesar de que ao pausar o jogo você vê o personagem grande na tela, com os equipamentos).
Com a classe escolhida, você aparece perto de Nova Tristan, após ter caído uma “estrela cadente do céu”, e ao chegar lá você vê a cidade sendo atacada por mortos-vivos e tem de entrar em combate. Durante o processo o game já ensina o básico da jogabilidade e você começa a ganhar as habilidades específicas de cada classe, sendo liberadas gradualmente com o passar dos níveis. Aliás, é na jogabilidade que está a cereja do bolo do game. No PC o game tem o famoso “apontar e clicar”, onde você aponta pra onde que o personagem tem de andar. No PlayStation 3 nós controlamos com o direcional analógico e temos comandos de esquiva, o que ficou muito melhor para controlar os personagens e ter mais desenvoltura para desferir as habilidades e se desviar das hordas de inimigos que aparecem na tela e que podem encurralar o jogador dependendo da localidade.
Já a outra base do Diablo III é no “sistema de loot”, também conhecido como “saques”. Não no sentido de roubar, mas no sentido de coletar os itens deixados pelos inimigos. Aqui temos o festival de coletas durante as fases, e a maioria das vezes o jogador começa a coletar um monte de armas comuns, incomuns, raras e , se tiver muita sorte, armas e armaduras lendárias. No começo eu não estava botando muita fé de que o meu inventário iria encher e nem tinha noção de que eu tinha um espaço limitado no inventário, mas depois de algumas horas de jogo eu já estava vendendo as armas comuns para liberar mais espaço. A partir de determinado ponto do jogo o jogador salva um ferreiro e com isso ele pode “reciclar” armas para adquirir componentes para que o ferreiro possa criar armas e armaduras mais poderosas para o jogador. O ferreiro (e posteriormente um joalheiro) também podem aprender e o jogador pode “treinar o ferreiro” para criar novos tipos de armas e armaduras, com mais poder de fogo. Claro que tudo isso consome dinheiro que você pode adquirir nas fases ou vendendo outras armas para os mercadores.
Pelo PS3 não ter acesso à Battle.net e não ter acesso a casa de leilões do jogo, de certa forma não senti falta disso a partir do momento que eu consegui itens mais poderosos e ítens lendários, que consegui adquirir depois de algumas horas da progressão. Alguns foram doados por outros jogadores, outros eu consegui na sorte, como um machado que tem uma porcentagem de chance de invocar um assecla que sai atacando os inimigos que estejam próximos a você, o que gera uma situação curiosa: durante a progressão eu até via armas com atributos maiores de DPS, mas não ficava muito compelido a trocar, até arrumar o “martelo de Thor” que causa mais dano e com chance de causar dano extra de eletricidade nos inimigos próximos. Também não foi difícil coletar armas lendárias iguais as anteriores (elas não são tão lendárias afinal, mas isso é detalhe), mas com mais atributos e mais potentes.
Além disso, também temos o sistema de dungeons randômicas, geradas aleatoriamente. O jogador nunca vai entrar na mesma localidade e encontrar a mesma dungeon: se ele entra numa partida de co-op (citado com mais detalhes abaixo) ou mesmo ele chega em um “checkpoint” e volta pra cidade, quando ele retornar à dungeon, ela estará completamente diferente. Ela só permanece do jeito que está se o jogador usa um “portal da cidade” no meio da dungeon para ir na cidade e depois e volta por ele, pois aí a dungeon permanece do jeito que estava antes: com o mesmo “traçado” e com os inimigos já derrotados estando mortos. Pode parecer meio redundante isso, mas o jogador só “re-enfrenta os inimigos e a dungeon” caso ele volte pelo portal selado no chão, e a cada incursão temos um novo traçado aleatório e itens diferentes. E por termos o sistema de loot e do mapa “se completar” (você nunca tem o mapa completo pra visualizar), eu sempre completava a dungeon inteira, indo em todos os caminhos. Tirando a parte maçante de cruzar meia dungeon vazia depois que você chega a uma ponta “sem saída”, as dungeons nunca são 100% lineares: temos diversas ramificações e você fica na neura para onde você pode ir: você escolhe uma rota que pode dar na saída da dungeon (e continuando o enredo) ou mesmo pode dar meia volta e/ou achar outros grupos de inimigos com possibilidade de adquirir itens mais poderosos e inclusive os ítens lendários. “Já que estou na dungeon mesmo, vamos completar ela, adquirir experiência e quem sabe conseguir algum ítem maneiro pros meus personagens” (com o baú que é compartilhado entre os personagens, exceto na dificuldade Hardcore, que é “separado” dos personagens normais e tem um baú específico para os personagens dessa modalidade).
Já outro detalhe muito legal em Diablo III é o modo cooperativo. A Blizzard consegui criar incentivos para entrar em outras partidas e ajudar outros jogadores. No game temos 2 modos de jogo: o de Matar Monstros e o “Procurando Briga”. O primeiro é o “modo normal”, onde você é inserido perto do host (um dos jogadores), podendo começar a progressão e tendo bônus de experiência e bônus na aquisição de ítens. Nessas horas era fácil lotar o seu inventário, e com uma partida completa numa localidade o jogador consegue, dependendo, 20 a 40 armas de diversas raridades. Claro que a maioria são armas comuns e que podem ser descartadas ou vendidas a “quase nada” pelos mercadores, e as armas melhores podem ser recicladas, vendidas ou usadas posteriormente, além de poder doar as armas para outros jogadores. Numa partida com o leitor Leodahas eu passei pra ele um bracelete lendário, que poderá ser útil para ele no futuro próximo!
Já o modo “Procurando Briga” tem uma descrição que lembra o PvP (jogador Vs Jogador) que eu não cheguei a testar inicialmente, optando pelo cooperativo básico e a ajuda mútua entre os jogadores.
Além disso, a versão nacional está totalmente localizada em português do Brasil, tendo dublagem, legendas, menus e nomes de ítens e atributos. Tudo foi traduzido e a qualidade impressiona, e o que destaca mais é a dublagem, tendo dubladores conhecidos dos filmes e séries. Temos o Márcio Simões que dubla diversos atores como o Samuel L. Jackson e o Will Smith, a Maria Helena Pader, que fez a Cruella De vil (a Gleen Close, dos filmes da série 101 Dálmatas) e o Marco Antônio Costa, que dubla diversos atores, como o George Clooney e o Johnny Depp, entre outros atores que aparecem durante a aventura e nos “diários falados” que você coleta durante as dungeons e em outras localidades. Muito legal escutar dubladores conhecidos no jogo, e nesse ponto a Blizzard olha com carinho pro Brasil. Tanto o Diablo III quanto o Starcraft II e o World of Warcraft estão totalmente localizados para o português brasileiro, o que ajuda bastante para quem não tem muitos conhecimentos em inglês. Então recomendamos adquirir o game aqui no Brasil, já que as versões do exterior e da PSN Store americana estão em inglês.
Já os poucos problemas que eu encontrei no jogo foram algumas quedas ocasionais de frame-rate (quadros por segundo), dependendo da localidade e da quantidade de inimigos na tela. Durante o co-op, dependendo da conexão também tive problemas do golpe demorar para ser mostrado na tela e saber que ele foi lançado (eu joguei de Arcanista) e mesmo no co-op, quando estava como “visitante” da progressão de outro jogador, depois que eu voltava para a minha progressão eu ficava meio confuso quanto ao “retorno” ao single-player normal. Indo para a tela de seleção de personagens o jogador continua “na mesma progressão” do host, e dependendo da fase escolhida, o jogador pode ir para uma localidade com inimigos mais evoluídos e tomar uma surra enorme dos inimigos. Retornando ao single-player normal, teve vezes que eu ia na parte de escolha de missões e acabei tendo de refazer algumas fases. Em 2 vezes eu “perdi” a progressão daquela fase, e em uma terceira tentativa acabou ficando de maneira normal, depois que eu saí totalmente do jogo e fui ao menu inicial. Não sei se é um erro meu ou se depende da missão e do jogador “completar” a quest, mas acabei ficando só de host depois disso, com outros jogadores “entrando” na minha partida.
Independente desses pequenos problemas (que não tiram o brilho do jogo), Diablo III se tornou uma das maiores surpresas pra mim, e ter jogado direto no PS3 mostra que temos aqui o melhor “dungeon crawler” do console. Claro que a definição do gênero engloba outros tipos de jogabilidade, como o Skyrim e os jogos da série Souls (Demon’s Souls e Dark Souls), mas é nos jogos isométricos como a série Diablo e Torchlight que o termo é mais usado e a gente acaba usando o “dungeon crawler” com mais intensidade. Temos uma excelente dublagem e localização competente, onde tudo no jogo foi traduzido, desde os ítens dos menus e dublagem, e jogabilidade é bem mais fácil e amigável que nos PCs. Com um enredo razoável, reviravoltas clássicas e a luta clássica entre as “Forças da Terra” e os seres do inferno, Diablo III tem muita diversão e bastante conteúdo, pois ao terminar o jogo, o jogador pode continuar a progressão no próximo nível de dificuldade, podendo adquirir ítens mais poderosos e procurar outras locações secretas. E também temos a dificuldade Hardcore, para aqueles jogadores que querem uma experiência mais realista e tendo o game over automático em caso de morte, tendo de recomeçar a progressão toda outra vez (mas no PS3 temos o facilitador de poder copiar o save para um pendrive!).
Diablo III já está disponível para PC, Mac, PlayStation 3 e Xbox 360.
[Imagens via PlayStation.Blog e UOL Jogos]
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!