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Análise – Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty

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É difícil começar a escrever este texto, já que posso não ser bom o suficiente. Bom no mesmo nível do jogo, que merecidamente deve estar entre os melhores de todos os tempos. Uma evolução gigantesca do primeiro jogo e um dos games que valem a compra do Playstation 2. Metal Gear Solid 2: Son’s of Liberty é tudo e mais um pouco, já que eu deveria zerar mais uma vez atrás de novos segredos nas localidades e outros elementos, mas optei por escrever logo depois de ter feito o primeiro zeramento (que foi HOJE). E ainda assim dá pra ter uma análise decente!

Como em todas as análises que eu faço, esta não tem notas. Numerar um jogo é tirar do leitor a oportunidade de realmente ler o texto. Muitos abrem a página e olham apenas a nota numérica, sem se preocupar com o texto. Eu não gosto disso. Quero que o leitor realmente leia e se puder, jogue. Só jogando para ver a imensidão do game. Um game imenso, com conteúdo. Um game que mostra que existem equipes competentes e gênios espalhados por aí. Hoje se alguém quer criar um game decente, tem de fazer direito. E Hideo Kojima fez. Sei que ele não fez nada sozinho, já que existe uma equipe talentosa por trás de tudo. Mas comandar tudo isso, de forma magistral, isso é algo que poucos conseguem.

Se você não gosta de spoilers, não leia o texto. Posso contar vários deles e não vou ligar pra xingamentos depois. Esteja avisado!

Na época do primeiro Playstation, Metal Gear Solid fez história. Não é um game comum: é um filme interativo. Se o jogador prezava mesmo algo mais aberto e menos linear, com mais jogo e menos cenas interativas, ele não deveria jogar o game. A premissa principal, na minha opinião, é simplesmente contar uma história e jogar durante ela, executando alguns objetivos. Um livro controlável, onde você ia virando as páginas enquanto passava as fases. Talvez essa seja a melhor definição da série Metal Gear, um game com conteúdo e com partes jogáveis, mas, essencialmente, uma história complexa e que merece ser conhecida com atenção. Uma história melhor do que muito filme por aí. Metal Gear Solid é melhor que muito filme de ação. Melhor que muito livro. Melhor que muitos games!

No primeiro jogo essencialmente você tinha de resgatar 2 pessoas, mas descobre a existência de uma arma de guerra de nível elevado. Algo que pode mudar o destino do mundo que conhecemos. Um Metal Gear, um robô bípede capaz de carregar armas nucleares e que é capaz de executar ataques de forma precisa. Em suma, a arma mais potente já criada pelo homem.

Metal Gear Rex, de Metal Gear Solid

Passado o primeiro jogo (que já comentei aqui), neste segundo o enredo é praticamente uma continuação do primeiro (que não dava muitas brechas de uma continuação): no começo, Solid Snake, o herói do primeiro jogo, entra num navio para conseguir provas da existência de um outro Metal Gear, até que ele descobre que durante a sua invasão um grupo de militares russos também invadem o local, atrás da arma. Aí começa o jogo, num navio, de noite e com uma chuva torrencial.

Aqui entra o poderio do Playstation 2. Os gráficos foram refeitos e estão melhores do que nunca, tanto dos cenários quanto dos personagens. Além disso, como é de praxe na série, a Konami conseguiu criar cenas interativas do mesmo nível das CGs de muitos games, isso no quesito animação interativa. Aqui não existem cenas em CG como na série Final Fantasy, mas isso nem é necessário. Eles conseguiram colocar tanta ação nas cenas que você não acredita na qualidade das mesmas, isso usando o poderio gráfico do Playstation 2. E como elas são feitas usando os gráficos e poder do próprio jogo, eles colocaram muita, muita cena, isso para um DVD. Como uma CG é um filme interativo (um arquivo de vídeo), ocuparia muito espaço e demoraria mais tempo pra empresa criar um game. Além disso, acho difícil caber num DVD as principais cenas do jogo, já que são muitas. Como disse acima, se você não gosta muito de interrupções e prefere um game que tem mais jogabilidade do que cenas, não jogue o Metal Gear. Em alguns momentos, a cada 10,20 minutos, você vê uma cena a mais. A cada save, você tem um diálogo qualquer. Além disso, em algumas cenas elas demoram um bocado de tempo. Não acho isso uma desvantagem, já que eu gosto de ver história. mas pra quem não gosta, ficar de 10 a 30 minutos vendo cenas e conversas pode ser macante. Isso não considero uma desvantagem, já que aí é do próprio estilo do jogo. Metal Gear Solid 2 tem mais cenas e mais história do que pelo menos uns 2 Splinter Cells. Só não tem mais do que um Final Fantasy já que um game de RPG essencialmente é um game bastante longo e tem muito mais enredo, mesmo se o enredo não for tão bom quanto o de um Metal Gear. Ainda to esperando sair algum Final Fantasy com o enredo melhor do que o do sétimo jogo, um dos enredos mais impressionantes de todos os tempos.

Quanto à duração do game, isso é bastante variável. Assistindo todas as cenas e jogando normalmente, você demora entre 15 e 25 horas de jogo. Eu demorei 20, isso porquê não sabia onde ir (não usei detonados) e quais eram as táticas dos chefes. Mas depois de um primeiro zeramento, você pode ir cortando as cenas e conversas no Codec, o que faz o game diminuir pelo menos umas 5 ou 6 horas. Se você sair correndo nas missões sem pegar muita coisa, (como se você tivesse a Steath Camouflage) aí dá pra diminuir ainda mais o tempo, mas isso fica pra quem já terminou o game antes. Se você for jogar pela primeira vez, aconselho você a aproveitar cada segundo de cenas e cada elemento do cenário. Vale a pena!

Voltando ao enredo, no começo você joga com o Snake, mas isso fica paras primeiras 3 horas de jogo. Depois disso, você passa a controlar o Raiden, um loiro com uma roupa bastante estranha e parecido com o Snake (com os mesmos movimentos da jogabilidade, mas com um movimento a mais). A localidade muda para uma base no meio do mar e aí começa mesmo o jogo, pegando armas e itens que estavam presentes no primeiro jogo. Aqui entra a coleta de referências: itens como o Thermal Googles, Pentazemim (no lugar do Diazepam) para deixar calmo, Mine Detector, M9 (arma com silenciador), Socom (sem silenciador.A mesma do primeiro jogo), Nikita (lança-foguetes que tem os foguetes controláveis), Stinger (lança mísseis onde você escolhe a mira e o míssil segue o alvo) e alguns itens que estão presentes na primeira parte do jogo, como a Scope (binóculo), Rations, etc. A escolha dos itens e armas se manteve inalterada e é a mesma do primeiro game. Além disso, as armas você vai pegando aos poucos, em salas com níveis de acesso diferentes. Então, quando você conseguir um novo nível do cartão, revisite todas as salas. Isso pode ser essencial para conseguir novas armas e passar certos locais que é necessário ter uma arma específica.

Jogabilidade: muito boa, tanto no manejo do personagem quanto no próprio sistema de miras, um dos melhores existentes. Durante a mira de certas armas, se você aperta o botão R2, ele fica com a visão em primeira pessoa e com isso a arma fica no centro da tela. Dá pra mirar com muita desenvoltura, diferente de muitos games que posicionam no ombro do personagem e mostra uma mira similar a de um jogo de tiro, com um alvo flutuando na tela. Aqui a mira vai pelo cenário, o que facilita. Os movimentos são praticamente os mesmos do primeiro jogo, já que tanto o primeiro Playstation quanto o PS2 o controle, essencialmente, é o mesmo. Isso é outra vantagem, já que quem está acostumado com a jogabilidade não precisa reaprender quando se joga outro game da série (isso usando o Dual Shock).

Já que estamos falando de jogabilidade, tenho de comentar sobre a mecânica de jogo. Aqui o game difere de Splinter Cell por ser mais dinâmico, ter mais ação e ter um sistema de câmeras variável. Ela às vezes flutua perto do personagem e quando você caminha num corretor (isso indo para cima) ela se posiciona no teto, olhando para baixo. Outras vezes ela fica acompanhando o personagem atrás. Ou ela fica de lado. Os desenvolvedores foram bastante felizes de não colocar neste jogo um sistema livre, já que ela poderia falhar e deixar a gente em apuros. É claro que pelo que andei percebendo em vídeos da jogabilidade do quarto game, a câmera parece ser livre, mas como ainda não joguei, não posso falar sobre o sistema de câmeras. A câmera é similar ao sistema do God of War, onde a cada trecho do cenário ela se posiciona em algum lugar e vai te acompanhando. Apenas quando você aperta o R2 que ela muda pra visão em primeira pessoa.

Sobre os efeitos sonoros, eles são muito bons e alguns barulhos são característicos da série (como escolher um ítem de menu), fora os barulhos das armas, bem mais realistas que o primeiro jogo. Mas o que merece ser bem comentado é a sua dublagem, com as vozes conhecidas dos jogadores. Aqui o trabalho é excepcional e os dubladores conseguiram colocar bem os comportamentos humanos. Fora alguns personagens, como o Fatman, com uma voz única e zombeteira:

Aqui os diálogos são todos dublados. Todos. Conversas normais dos guardas, falas do Codec, animações principais, etc. Aqui tudo tem dublagem. Um trabalho excepcional da Konami. Além disso, a empresa deu os devidos créditos aos dubladores, mostrando os nomes deles no primeiro momento que eles apareciam e no final do jogo, mostrando os créditos.

Fora outros elementos do primeiro jogo e alguns elementos novos que merecem ser comentados, como ativar um computador em cada localidade para ativar o radar, ver um guarda escutando música, usar uma roupa de soldado, ver posters diversos nas paredes, caixas do game Zone of The Enders (outro jogo produzido pelo Kojima) empilhadas, além de rever muitas cenas do primeiro jogo, com os gráficos inalterados. Ou mesmo pesquisar elementos do jogo e ver que os desenvolvedores usaram referências reais, como o explosivo Semtex, usado em demolições e altamente difícil de ser detectado.

Pra terminar este texto gigante, tive a sensação de missão cumprida, já que é necessário estar a par dos games principais da série para aproveitar melhor o quarto game. Como diversão este Metal Gear dá um banho em vários outros games. Superar God of War é difícil, mas este game já é o segundo melhor game que já joguei. Melhor que Splinter Cell: Chaos Theory. Melhor que muito Tomb Raider, Syphon Filter e melhor até que o primeiro jogo, mesmo este sendo um dos melhores games de todos os tempos. Para quem gosta de games de espionagem, este game é obrigatório! O Hideo Kojima é mesmo um gênio da indústria e Metal Gear Solid 2 é uma obra-prima dos games. Obrigatório pra qualquer jogador que goste de uma boa diversão com conteúdo. Metal Gear Solid é conteúdo que merece ser degustado aos poucos e várias vezes, entendendo o seu enredo, a sua mecânica de jogo, os personagens memoráveis. Mesmo que os anos passem este jogo é daqueles que sempre serão lembrados. Jogo ruim a gente esquece rapidamente. Jogo bom é aquele que sempre é comentado nas conversas de jogadores em fóruns, blogs, messengers e até mesmo pessoalmente. Só jogando pra poder entender melhor como eu me sentia ao ver o jogo, controlar os seus personagens. Pode-se dizer que o Metal Gear Solid 2 me motivou mesmo a adquirir o Playstation 2. Um jogo épico e impressionante. Uma obra-prima da bilionária indústria dos games. Um jogo realmente bom e que vale a pena jogar.

5 comentários em “Análise – Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty”

  1. Não vou ler =p

    Ainda não posso ter um ps2, e quero ter todo o elemento possivel dos outros MGS. (só o 4 que não deu pra evitar algumas coisas hehe)

    Mas como assim o final do primeiro MGS não dava brechas pra continuações???

    O ocelot conversando com um misterioso ao telefone, que o plano era realmente eliminar a fox-hound, se livrar do meta-gear e pegar os dados do treino, e depois ainda revelar que a conversa era com o presidente dos estados unidos (acredito eu) e que ele era o terceiro solidus. (que eu entendo como sendo o nome dado ao liquid e ao solid).

    É uma brecha e tanto pra continuar a história mais tarde o.o

  2. Ótima análise, Rodrigo, mandou bem!

    Eu adoro MGS2. Pra mim é o melhor da série, pois é o que realmente "arma" o conflito do jogo, a trama de um modo geral. O MGS dá brechas sim para continuações, mas ele poderia ser descontinuado que, de certo modo, sua trama ainda faria sentido com todas as pontas soltas.

  3. Flausino… Não mais que você, óbvio, mas eu estou esperando o dia em que você jogar MGS4.

    Apenas para informar, sim, no MGS4 a câmera é livre, mas em algumas partes temos câmeras cinematográficas, mesma forma que nos outros.

  4. Legal sua análise sobre o jogo! Bem espontânea! Confesso que jouei o 1 e não zerei… qnd fui jogar o 2 (depois de muuuito tempo) fiquei perdido nos controles…. (viciado com os FPS da vida)… pretendo jogar um dia qnd tiver uma máquina boa

  5. Bela análise! eu gostei do segundo jogo, mas ainda o considero o ponto mais baixo da série "Solid".

    O jogo em si não é ruim, mas a pouca variabilidade de cenários (2/3 do jogo se passam na plataforma marítima!) e a história extremamente complexa e mirabolante me decepcionaram um pouco.

    Pelo menos o Kojima se redimiu com o MGS 3, a história é sensacional (e triste também…) e fora alguns tropeços, Jack "Naked Snake" é bem mais legal que o Snake do 1,2 e 4. 🙂

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