Bom, o próximo game do ninja mais famoso do mundo deve sair no começo do ano que vem, mas enquanto ele não sai, que tal uma pequena análise do último jogo lançado?
Caso você tenha passado as últimas décadas na caverna de Platão ou simplesmente não goste de cultura japonesa (e consiga o feito de não ter contato nenhum com ela mesmo gostando de videogames), Naruto é o mangá/anime escrito por Masashi Kishimoto que virou febre e ganhou o mundo, fazendo um sucesso estrondoso no campo dos mangas, animes, filmes e, claro, videogames.
Este que vos escreve jogou todos os jogos de Naruto lançados para PS3. De fato, a CyberConnect2 fez um trabalho incrível em todos os games, seja no modo história com animações e lutas que – sejamos honestos – são muito superiores às do anime, seja na jogabilidade em si, com partidas empolgantes, sistema de combate intuitivo, simples e divertido e jutsus finais arrasadores.
Todavia, sabemos que o mercado de games infelizmente já não é o mesmo de muito tempo atrás e a necessidade de se vender o que se dá lucro se faz presente, sendo assim, já que levam dois anos entre o lançamento de um jogo numérico e outro, que tal lançar um jogo de meia temporada para nos render mais dinheiro enquanto esperamos o dinheiro que será angariado no ano seguinte? Pois é, ganância nem sempre é algo bacana, não questiono a possibilidade de haver um interesse genuíno de não deixar os fãs sem um jogo anual que traga personagens novos, mas tanto Naruto Ultimate Ninja Storm Generations (lançado entre o 2 e o 3) e Revolution (lançado entre o 3 e o 4) demonstram que o resultado final não é tão bom se comparado com os demais.
A princípio percebemos a diferença já no menu: não há um modo história como nos games anteriores, o que existem são, digamos, os dois modos principais que o jogador terá a disposição. O primeiro chamada “…” o jogador poderá visitar momentos na mitologia criada por Kishimoto que não foi exposta no anime e (que eu saiba) nem no mangá. São momentos chave como a criação da organização criminosa Akatsuki, o início da caminhada de Itachi Uchiha e sua relação com Uchiha Sensui e, por fim, um pouco do Time Kakashi Gaiden. A narrativa é boa – apesar de curta – e é utilizada animação exclusiva (do mesmo tipo do anime), cada episódio possui batalhas próprias (menos a última) e o roteiro é interessante, entretanto acaba sendo uma experiência curta que irá durar, dependendo do jogador, de uma a duas horas.

O outro modo de jogo principal é o “…” que é uma espécie de Torneio Filler Do Mundo Ninja. Bom, o jogo anterior termina no ápice da Grande Guerra Ninja e nesse – do nada – se inicia um torneio para ver quem é o ninja mais forte e bom, esse determinado torneio ocorre numa ilha especial em que os grandes shinobis do anime se enfrentarão para saber quem é o mais poderoso. O diferencial deste modo é a possibilidade de exploração, bem aos moldes dos games anteriores (como o UNS 2 e os jogos de PS3). O objetivo é explorar a ilha e participar dos combates programados no torneio, diferente das lutas tradicionais do game, para vencer é necessário infligir dano nos adversários (que podem chegar até quatro na mesma partida) e recolher esferas laranjas que caem deles a cada dano recebido (ao estilo Smash Bros). Fora esses dois modos principais, creio que seja possível dizer que os demais são os mesmos encontrados nos outros jogos da série.
O número de personagens jogáveis é satisfatório, contendo personagens que, inclusive ainda não haviam aparecido no anime, sendo um dos pontos fortes do game a incrementação de personagens como o Hashirama Hokage com jutsus recém introduzidos no mangá. Aliás, a adição do Hashirama e do Madara com seus golpes mais devastadores é um dos fatores que incentivam os fãs da série a adquirir o game, todavia, assim como os jogos anteriores, Revolution peca por deixar no esquecimento os demais personagens.
É triste ver que desde de o primeiro game lançado para PS3, a maioria dos personagens possuem a mesma movimentação e os mesmos golpes. Ainda que haja uma liberdade criativa para introduzir versões diferentes do Naruto (como a versão robô que vira um Megazord da Kyuubi, exclusiva do game), isso já não ocorre com outros personagens que possuem muito potencial que simplesmente não foi completamente explorado no anime/mangá como o Rock Lee e outros, há personagens com os mesmos golpes das últimas 2 ou 3 versões da franquia.
Isso não afeta apenas a experiência nesse jogo, mas dá um tom de expectativa frente ao lançamento do próximo game e a possibilidade de, tirando os novos personagens, que todos os personagens secundários na trama sejam meras reciclagens dos jogos da geração passada.
Se nos personagens já presentes nos demais jogos encontramos mesmice, nos personagens acrescentados encontramos algumas boas surpresas como Uchiha Sensui. Rápido, poderoso e com ótimos movimentos, produz partidas sensacionais, principalmente em duelos com outro ninja veloz: o Quarto Hokage. Passei algumas horas em partidas de um contra o outro, o pessoal da CyberConnect2 acertou tanto a mão nesses personagens que há momentos em que só se dá pra ver borrões de velocidade na tela e, por incrível que pareça, você está no controle e sabe o que está acontecendo, é bem empolgante.

Na jogabilidade não há muito o que dizer, pois está em sua grande parte, idêntica aos jogos anteriores e isso não é ruim, já que deu certo e é bastante funcional, a pena é que falta refinar, melhorar os combos, evitar que eles [combos] se quebrem porque houve algum erro na física de colisão entre os personagens e coisas do tipo. As maiores novidades ficam por conta da possibilidade de vencer por Ring Out (jogando o oponente para fora do ringue) ou a utilização de jutsus em parceria, que é uma adição bem vinda e traz novas animações incrivelmente bem feitas e lindas de se ver.
Se o anime de Naruto sofria com os fillers intermináveis, diria que Revolution é o típico filler versão videogame. Não que seja ruim ou que não mantenha a qualidade da franquia, mas por não acrescentar nada realmente sólido, mas que seja um tampão entre o calendário dos jogos principais, até porque, a maioria dos personagens acrecidos nessas versões, aparecem no próximo jogo numérico com os mesmos movimentos e golpes o que torna ainda mais descartável a aquisição dos games “entre safras”.
De qualquer maneira, há um ótimo fan service por parte da CyberConnect2 e, quem quiser adquirir nesse momento, seja por querer jogar o último game lançado para a geração passada, por querer colecionar ou, ainda, porque ainda não migrou para a nova geração de consoles, tem um jogo razoável que diverte e garante boas horas desfrutando do universo ninja criado por Kishimoto.
Pontos fortes
– Novos jutsus para alguns personagens
– Novos personagens
– Animações contando a trama não trabalhada no mangá e anime
Pontos fracos
– Poucas novidades em relação aos jogos anteriores