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Análise – Saints Row IV

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Saints Row IV
Depois do nível de zueira inacreditável de Saints Row: The Third (que incluía, só pra citar uns exemplos, carruagens sado-masoquistas explosivas, a transformação do protagonista em uma privada e uma singela missão de direção com o um tigre no banco do carona), era claro que o que viesse depois teria que exagerar ainda mais para continuar com a escalada de absurdo da série. E Saints Row IV inicia bem nessa árdua tarefa. Meio que sem motivo algum, o jogador é elevado ao cargo de presidente dos EUA logo no início do jogo (após uma missão com um dos melhores usos de música licenciada da história dos videogames)  e pronto, como em um filme de ação sem-vergonha qualquer, o planeta é invadido por alienígenas e cabe ao presidente salvar o dia.
A primeira grande mudança de Saints Row IV em relação ao seu anterior aparece logo depois desta invasão. Com a Terra destruída, os humanos são jogados em uma simulação idêntica à Matrix, que é onde a maior parte do jogo se passa. Tirar o jogo do mundo real é uma ideia excelente por dois motivos: primeiro, a mecânica do jogo muda bastante, já que neste mundo virtual o protagonista ganha superpoderes, podendo correr com supervelocidade, pular mais alto que prédios, disparar raios congelantes, usar telecinese  e por aí vai. Segundo, segmentos específicos do jogo se passam na simulação de cada personagem, como se cada um fosse preso em uma Matrix própria, baseada na sua personalidade e nos seus medos, ou algo assim. Isso permite uma variação de ambientes e situações bem interessantes, como a simulação de um certo personagem que se passa em um beat ’em up 2D idêntico aos jogos deste estilo lançados até a primeira metade dos anos 90.
Devido à presença dos superpoderes, a própria locomoção pela cidade muda bastante. Depois das duas ou três primeiras missões iniciais, você simplesmente não tem mais motivos para entrar em um carro para se locomover. A corrida do seu personagem é mais veloz que qualquer veículo do jogo e depois de um tempo você ainda tem acesso a um superpulo e uma habilidade de correr nas paredes, justificando mais ainda o abandono dos carros e motos comuns a jogos de mundo aberto. O jogo é bem consciente deste fato, permitindo inclusive que você ouça as rádios (cuja seleção de músicas continua ótima) normalmente mesmo quando está fora de um veículo, algo que não acontece num GTA, por exemplo. Pela cidade também são espalhados um número enorme de coletáveis que serão usados para melhorar seus poderes, tentando preencher um pouco seu tempo enquanto atravessa a cidade de um lado para o outro entre as missões, algo que se torna rapidamente cansativo.
Saints Row IV
Enquanto Saints Row IV é um jogo legitimamente engraçado (o primeiro trecho dentro da Matrix já é uma coisa incrível!), parece que os desenvolvedores dedicaram tempo demais às piadas (que talvez, pensando bem, seja totalmente justificável) e tempo de menos em tornar o jogo realmente divertido de se jogar. As missões são extremamente repetitivas e em geral se resumem a combater ondas de inimigos enquanto se espera por algum evento ocorrer. A inclusão dos superpoderes e dos novos inimigos, especialmente as naves e uns monstros com superpulo, tornam as batalhas mais verticais e confusas, fazendo com que a única estratégia seja andar por todo o cenário atirando em tudo que se move e tentando coletar energia para se manter vivo. Usar cobertura ou tentar lidar com os inimigos de uma forma minimamente inteligente é mais castigado do que incentivado. A locomoção pela cidade se torna rapidamente tediosa e o jogo insiste em tentar ganhar tempo de duração fazendo você atravessar longas distâncias entre objetivos intermediários das missões, mais uma vez, fazendo com que o progresso pareça mais um castigo do que uma recompensa.
No fim, o humor de Saints Row ainda está lá e justifica um pouco o cansaço da jogabilidade só para ver a próxima maluquice que vai aparecer. Mas, infelizmente, o limite é atingido bem rápido e eu não consegui nem me motivar a continuar nas sidequests depois de terminar a história principal e ver o que mais poderia acontecer. Enquanto Saints Row: The Third me deixou com ansioso para ver o que viria a seguir, eu não sinto vontade de jogar um eventual quinto jogo nem tão cedo.
Saints Row IV