Splinter Cell foi o primeiro jogo AAA que eu testei no meu primeiro (e atual) computador. Na época (alguns anos atrás) minhas referências gráficas eram os jogos do PSOne e quando fiquei sabendo sobre o jogo e como que ele funcionaria, eu montei a minha configuração de computador baseado nas configurações mínimas deste jogo. Obviamente eu descobri, alguns anos depois, que errei na escolha da placa de vídeo, mas pelo menos a minha atual GeForce 4 MX 64 MB foi suficiente pra rodar o jogo satisfatoriamente. E na época o jogo foi o mais bonito que eu cheguei a ver e ficou durante muito tempo no topo dos melhores games que eu já cheguei a jogar, até eu conhecer um guerreiro espartano que queria vingança contra um deus mitológico.
Como na época eu fazia faculdade e não pensava em adquirir jogos originais e/ou montar uma coleção, eu apenas alugava o Splinter Cell e os jogava no final de semana. Até cheguei a piratear copiando os CDs e mantinha esta versão pirata até o ano passado, onde eu consegui comprar a edição 77 da Fullgames com o jogo, que vinha em 1 DVD (a versão normal era em 3 CDs). Pena que o jogo estava em inglês, já que a versão que eu alugava é legendada. Até que não liguei muito pra isso, e também eu não cheguei a jogar muito, mas o jogo é original! Só joguei pra valer (e até o fim) nos últimos meses, já que eu precisava fazer o que eu não tinha feito antes: terminar o jogo de forma completa e fazer uma série de zeramentos nos jogos seguintes da série, culminando na versão Double Agent, adquirida recentemente para o Playstation 3. E me preparar pro Conviction, que está na minha lista de compras em 2011, quando irei adquirir um Xbox 360 e/ou melhorarei o meu PC pra rodar o jogo (já que não sairá pro Playstation 3). Ou eu poderia ir jogar na locadora e jogar no X360, mas hoje acho um desperdício de dinheiro jogar 1 hora e gastar o mesmo valor que uma locação de 2/3 dias de games do PS3.
Saiba mais sobre o jogo abaixo, que, na época, foi considerado o melhor concorrente da série Metal Gear Solid, e uma evolução tremenda da série Syphon Filter!
Porquê evolução? Simples: a mecânica de jogo é praticamente idêntica. Obviamente a série de games da Sony supera o Splinter Cell em tiroteios, ação e trilha sonora, mas em matéria de espionagem o jogo vence consideravelmente. Você é Sam Fisher, um agente da Third Echelon (braço da NSA) especializado em infiltrações em locais e passar despercebido pela vigilância dos locais. Para isso você tem de contar com os locais escuros e com o estudo do ambiente, decorando as rotas dos oponentes e neutralizando-os. Esta neutralização pode ser letal (com armas) ou não-letal, e é na parte da não-letalidade que funciona parte da sua mecânica de jogo. Você tem de aproximar por trás do oponente e quando aparecer a opção “Grab Character” você o agarra por trás (sem malícia, por favor) e pode, algumas vezes, interrogar o cara e no fim dar um golpe na nuca dele. Então você tem de esconder o corpo, já que ele não some como na maioria dos games por aí.
Da parte de jogabilidade o personagem é pesado e realista. Não é aquela leveza do Solid Snake ou o Gabe Logan da série Syphon Filter. E não é aquele personagem cheio de energia (e leve) em Conviction: Sam é pesado e seus movimentos são lentos. Ele só tem um murro que ele faz quando você chega perto de um oponente, e na maior parte das vezes você terá de andar de forma lenta pelo cenário, pra não fazer barulho e chamar a atenção dos guardas. Você não pode simplesmente correr e quando chegar perto você conseguir neutralizar: o seu inimigo irá escutar e irá voltar a sua visão para o lado de onde se originou o barulho. Se o local for claro e ele te ver…bom, aí o bicho pega!
Em compensação os comandos respondem de forma satisfatória e apenas em poucos momentos a jogabilidade falha. Mas como você pode salvar a qualquer momento, isso não será problema e você poderá re-executar aquela ação, caso seja necessária. E isso se torna também parte da dificuldade do jogo: se você errar um movimento, um abraço! Missão acaba e game over na certa. O jogo exige, às vezes um nível de perfeição fora do comum, já que se você é detectado, você poderá ser metralhado pelos oponentes. E para ser perfeito tem de usar as sombras. E nesse quesito os gráficos são competentes.
Eu disse no começo deste texto: foi o jogo mais bonito que eu vi depois da minha era no PSOne. E não estava brincando. Uma modelagem bastante realista, dublagem, bocas mexendo. Tudo era novidade pra mim na época, mas o que mais impressionou foram os gráficos. Texturas de tijolos que hoje são banais, pixações e o mais impressionante de tudo: efeitos de luz e sombra. Chegue num lugar e acenda a luz, e todo o cenário se readapta numa velocidade astronômica. Você fica na sombra e só consegue ver uma luz perto da nuca e os seus óculos verdes brilhando no escuro (que os oponentes não conseguem ver. Ok, o jogo não é ao todo 100% realista, mas realismo demais prejudica a diversão). Tudo ao cenário tem mapas de textura pra luz e sombra (realtime shadows), e isso é adaptado em tempo real. Estoure uma lâmpada e tudo fica escuro. Apague a luz perto de um oponente e ele irá acender, e é nessa hora que você pode dar o bote.
A parte de jogabilidade é satisfatória mas demora pra aprender. A primeira fase é na CIA, num centro de treinamento, com um know-how pra você aprender a parte básica. Então o jogador não precisa se preocupar se é um agente de primeira viagem.
Da parte de efeitos sonoros os efeitos são convincentes e necessários, e o jogo não tem uma trilha sonora de fundo como nos primeiros games da série Syphon Filter. Como você tem de escutar os passos dos oponentes e movimentação de câmeras, colocar uma trilha sonora pode acabar atrapalhando. Obviamente eu queria que tivesse algo como nos games da série da Sony, onde a música começa de forma lenta e aumenta durante uma ação. Isso só acontece quando você é detectado: a música começa de forma sutil e quando o inimigo te vê a música muda e entra a trilha de combate. Há também uma faixa especial, para os momentos de maior emoção no jogo, mas esses momentos são raros. A única coisa que peca é em certos trechos avançados onde o inimigo está conversando e depois ele fica cantarolando com outro timbre de voz.
Obviamente o jogo não tem tanta ação como em Metal Gear Solid e Syphon Filter. A ação é furtiva, com suspense. O coração vai na boca quando você começa a perseguir o inimigo por trás pra tentar uma neutralização não-letal. E se você atrasa um pouco? E se ele vira na direção oposta bem na hora que você iria pegar ele? To num lugar escuro e um cara vem bem na minha direção…como proceder, já que não posso usar força letal na fase. Isso resume a ação do jogo, que é mais contida e acaba sendo mais realista que os jogos supracitados. Você não está numa guerra aberta e sim numa guerra de espionagem: coletar informações na fase, acessar computadores, acessar pen-drives dos inimigos e ver e-mails para descobrir alguns macetes do lugar…isso resume o Splinter Cell. O enredo não é tão denso e complexo quanto à série Metal Gear, mas a diversão compensa um pouco essa falha:
O jogo se passa em 2004, quando é reportado que dois agentes da CIA desapareceram na república da Geórgia, onde um presidente para lá de suspeito parece estar envolvido em um plano para acabar com o sossego dos EUA no cenário mundial. Para descobrir o que está acontecendo, é enviado um agente especial de uma iniciativa super secreta da NSA (National Security Agency), chamada Third Echelon, cuja existência é negada pelo governo dos Estados Unidos. Este agente é Sam Fisher, ou melhor, você.
A história de Splinter Cell é bacana e consistente, envolvendo espionagem, política, terrorismo e alta tecnologia, estando em consonância com o atual cenário geopolítico mundial.
Mesmo assim o Splinter Cell compensa muito adquirir. Hoje é muito complicado achar pra comprar mas caso você consiga encontrar uma oportunidade, não desperdice a chance! O jogo tem pra Xbox (o primeiro, não estou falando do X360), PC, GameCube e Playstation 2.
[Via Terra (trecho do enredo). Imagens foram capturadas por mim durante o meu zeramento]
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!