Pular para o conteúdo
Início » Arroio Dilúvio » Aos desenvolvedores: Conheçam o Projeto Arroio Dilúvio Games: Unity 3D

Aos desenvolvedores: Conheçam o Projeto Arroio Dilúvio Games: Unity 3D

Google News

Olá amigos. Tudo na paz?

Então, nesse tempo em que estive sumido do Select Game, chegou ao meu conhecimento um projeto que surgiu nos últimos dias que tem tudo pra ser um grande expoente para o desenvolvimento brasileiro de jogos eletrônicos.

Trata-se do Projeto Arroio Dilúvio Games: Unity 3D (Abreviado como PADGU), que visa a criação de uma comunidade de profissionais das mais diversas áreas com a missão de criar um jogo eletrônico ambientado em uma capital de nosso país. Entre os principais objetivos da iniciativa, idealizada por Eduardo Freitag (criador do jogo Doomsday Vault), está a conscientização sobre os problemas ambientais que assolam o Arroio Dilúvio (localizado em Porto Alegre, RS), a criação de um game livre e de código aberto (sob a licença Creative Commons) e o aprimoramento profissional de todos os envolvidos no projeto.

Nos últimos dias eu fui convidado a participar e fiquei bastante interessado na proposta do PADGU. Por esta razão resolvi ajudar a “espalhar a palavra” para que mais pessoas tomem conhecimento e possam vir a se interessar em fazer parte desse time, que conta não apenas com programadores mas também com designers, artistas gráficos, músicos e diversos outros tipos de profissionais, todos trabalhando para oferecer um produto que possa ser digno de orgulho para o cenário gamer brasileiro.

Nas próximas linhas, segue o press-release do PADGU, que conta em detalhes a motivação e os objetivos dessa comunidade, como o projeto funciona, formas de contato e meios de colaboração para todos os que se interessarem em participar.

***

Um grupo de pessoas deveria se reunir e provar que é possível resolver qualquer problema, por mais complexo ou trabalhoso que seja, para que sirva de exemplo de superação. Pensando nisso, uma egrégora em torno do Arroio Dilúvio foi criada.

Programadores de jogos de computador, artistas, modeladores, músicos e diversos profissionais de Norte a Sul do país se reúnem toda sexta-feira em conferências e dão rumo ao projeto, batizado de PADGU – Projeto Arroio Dilúvio Games Unity 3D. O projeto segue os moldes da licença Creative Commons, é totalmente open source e sem fins lucrativos.

  • Erm… Tá, mas o que é um arroio?

De acordo com a Wikipedia, arroio é um “termo usado no Rio Grande do Sul para designar rio. Pode ser usado desde para ribeiros até grandes canais fluviais, mas é mais comum como sinônimo de córrego”.

  • O tema e a ambientação do projeto

Para quem ainda não conhece a topografia de Porto Alegre, a capital dos gaúchos, mais abaixo tem uma foto da bacia hidrográfica do arroio Dilúvio circundada em vermelho. O arroio em si está destacado em azul ciano. Notem que literalmente ele divide a cidade em duas partes.

Observando isto foi decidido que ele será a espinha dorsal do projeto. A cidade de Porto Alegre, com praticamente 500 Km², será totalmente reconstruída em 3D o mais próximo da realidade possível. Uma tarefa e tanto, jamais feita em nenhuma parte do globo, até onde sabemos. O esforço para coordenar milhares de desenvolvedores também fará parte do projeto e ferramentas serão criadas para coordenar os grupos de trabalho.

Nossa inspiração é o jogo internacionalmente conhecido Grand Theft Auto, mas iremos além. Porto Alegre 3D será nossa “Sand Box” onde daremos apenas os nossos primeiros passos.

Está é a imagem do arroio dilúvio para quem não conhece:

No projeto PADGU, uma de nossas metas é criar uma versão Cheonggyecheon do Arroio Dilúvio. Mas que nome esquisito é esse?

  • O arroio coreano Cheonggyecheon

Na Coreia do Sul, na cidade de Seoul, há mais ou menos uns 6 anos um arroio chamado Cheonggyecheon foi despoluído e revitalizado. Hoje ele serve de exemplo e inspiração, um feito e tanto! Veja algumas imagens:

Confira a evolução mostrada nesta foto sequencial, com a situação do arroio coreano em 1995, 2005 e 2011:

Veja agora mais algumas belas imagens do arroio coreano após o processo de despoluição:

  • O Arroio Dilúvio

No Rio Grande do Sul a capital Porto Alegre fica localizada a beira de um grande lago, o Guaíba. Ele tem um volume de água de aproximadamente 1.5 bilhão de metros cúbicos. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 85.950 km², equivalente a 30% do território gaúcho, onde vivem 70% da população.

Não diferente de muitas cidades brasileiras, a capital dos gaúchos despeja águas poluídas através do já famoso arroio Dilúvio, que ganhou este nome porque costumava inundar os bairros vizinhos. 19 % de suas águas correm no município de Viamão, as nascentes de águas puras e cristalinas estão localizadas na reserva natural do Parque Saint-Hilaire, um refugio para a vida silvestre da região metropolitana com uma biodiversidade composta por 161 espécies de plantas, 12 espécies de mamíferos, 47 de répteis, 23 de anfíbios e 14 espécies de peixes.

A extensão do arroio Dilúvio é de aproximadamente 15 quilômetros. Neste trajeto ele recebe esgoto doméstico, lixo, entulho de obras, sofás, fogões, pneus, partes de automóveis e carcaças de animais. Desde 2006 o Departamento de Esgotos Pluviais já dragou e retirou 230 mil toneladas de terra e lixo de suas águas, isto equivale a 19.166 caminhões-caçamba, cheios.

A situação chegou ao limite. O arroio Dilúvio despeja suas águas poluídas no Lago Guaíba de onde a população tira sua água para beber.

  • Os objetivos do PADGU

Os objetivos do PADGU são os seguintes:

1 – Vamos fomentar o debate sobre o arroio Dilúvio. Despoluição JÁ.

Queremos que as pessoas comecem a se importar com a situação do arroio Dilúvio. Por isso vamos ambientar nossos primeiros jogos ali. É um absurdo que o arroio ainda seja destino do lixo e esgoto da cidade.

2 – Criaremos um ambiente livre, democrático e criativo.

O grupo é livre, não existe um controle central. É totalmente democrático. Tópicos polêmicos são decididos por votação. A única coisa certa no momento é o tempo: imaginamos que estamos em trilhos de trem e se não progredirmos seremos atropelados pelo trem do tempo. Por isso neste momento toda sexta-feira às 21:00hs nos reunimos para dar diretivas ao projeto. Ninguém é obrigado a frequentar as conferências ou realizar uma determinada tarefa. Cada um entra no projeto e escolhe o que quer fazer e ser (Uma pessoa pode ser programador e modelador ao mesmo tempo, por exemplo). Pensando nisto já criamos alguns cargos:

3 – Exploraremos todos os detalhes do desenvolvimento de games.

Como se cria fogo em um game? Como se cria chuva? Como se anima um personagem? Como simulamos a realidade no ambiente virtual? Quais as melhores técnicas para atingir um alto grau de qualidade em um projeto, texturas, iluminação, proporção? Literalmente abordaremos todos os tópicos no desenvolvimento de um grande projeto.

4 – Inovaremos e seremos vanguarda.

Quando as pessoas juntam as cabeças e tentam resolver um problema a mágica acontece! Em nosso ambiente seremos compelidos a inovar, pensar fora do convencional, surpreender, fazer diferente e melhor.

5 – Usaremos a engine Unity 3D, Ferramentas de Modelagem, faremos animações, arte, músicas e efeitos especiais.

A Unity 3D é a engine escolhida para desenvolver este projeto pois ela apresenta inúmeras vantagens: a primeira delas é que é gratuita. Todos podem utilizá-la baixando da internet. Se bem que é verdade que existem algumas limitações na versão free e a PRO custa atualmente aproximadamente US$ 1000, mas com o tempo (quando conseguirmos doações) poderemos adquirir ferramentas para aqueles que ainda não tem. Queremos explorar todos os recursos da ferramenta.

6 – Criaremos ferramentas de gerenciamento em projetos gigantescos (500 – 1000 pessoas).

Como dividir inteligentemente milhares de modelos a serem modelados? Como trabalhar de forma compartilhada? Para responder a perguntas nesta linha nós experimentaremos, criaremos ferramentas as quais nos possibilitem avançar rapidamente em nosso projeto.

7 – Promoveremos o crescimento pessoal dos integrantes do grupo e desenvolveremos nossas habilidades colaborativas.

Diversas pessoas virão, com níveis diferentes de conhecimento. Por isso, criaremos módulos de treinamento para equalizar os desenvolvedores de modo que consigamos trabalhar juntos e avançar na mesma direção. Não é um processo fácil: cada um deve procurar desenvolver suas habilidades colaborativas para que o projeto avance. O ambiente será multidisciplinar e pessoas de outras áreas como arquitetos, biólogos, professores, engenheiros, advogados, jornalistas e urbanistas poderão participar. Criaremos uma lista de requisições e perguntas que qualquer pessoa identificada possa responder. A meritocracia faz parte deste projeto e aquele que for mais ativo receberá mais pontos e será rapidamente identificado por outros participantes. Queremos que pessoas de todas as áreas se envolvam no projeto.

8 – Construiremos uma vitrine, uma espécie de portfólio.

Aqueles que participarem do projeto podem tirar proveito, pois estarão prontos para trabalhar em qualquer projeto. Já pensamos em criar um espécie de assinatura que será ativada dentro do jogo com uma combinação de teclas dizendo o que foi criado por quem, entre outras ideias possíveis.

9 – Nos divertiremos muito!

O processo de criação de games é sempre muito divertido! Não há uma só conferência em que não saiam boas risadas e os brainstorms são sensacionais! O projeto é sério mas é muito divertido!

Para saber mais
Toda sexta-feira às 21:00 nos reuniremos em conferência. Costumamos nos reunir sempre neste horário através de um canal do TeamSpeak. Eis abaixo outras das nossas formas de contato:

Fórum do projeto: http://simplesmentejogos.com.br/forum/viewforum.php?f=55

Site oficial (em construção): http://www.arroiodiluvio.com.br

Canal do You Tube: http://www.youtube.com/user/ProjetoArroioDiluvio

Grupo do Facebook: http://www.facebook.com/groups/176296859102902?ap=1

Gostaríamos de divulgar também estes sites:

http://www.youtube.com/user/AguasBrasileiras

http://paginas.ufrgs.br/arroiodiluvio

Mais Imagens do Cheonggyecheon: http://www.slide.com/r/xMZAjErX1j8h4iFilXjKrCHC1Rz0zWXL

***

E é isso! Espero que este novo projeto consiga atingir seu objetivo. Aqueles que se interessarem em participar de alguma forma, podem entrar em contato através de algum dos meios citados acima e caso haja alguma dúvida, podem falar com o Eduardo Freitag através do seus Twitters @Freitag__Labs e @ArroioDiluvio.

10 comentários em “Aos desenvolvedores: Conheçam o Projeto Arroio Dilúvio Games: Unity 3D”

  1. Este projeto tem um grande propósito. Um ideal espetacular.
    Uma grande oportunidade para desenvolvedores de jogos e para os demais interessados.
    Simplesmente D-E-M-A-I-S.

  2. Se eu tivesse tempo adoraria participar, conheço um pouco de Unity 3D e poderia contribuir em alguma coisa, mas falta tempo até para eu tocar meus próprios projetos individuais. No mais desejo boa sorte no projeto, que com certeza vai ser de grande valia para todos que participarem.

  3. diegocbarboza

    Desculpa eu aparecer pra bancar o chato, mas eu não resisto :p

    Primeiro, minha experiência com esses projetos colaborativos, sem fins lucrativos é a pior possível. SEMPRE há uma animação inicial e depois vai todo mundo abandonando o barco aos poucos, até que o projeto morre. Veja bem, os grandes projetos open source sempre tem algum tipo de renda como alvo, seja por suporte pago, doações, versões premium….

    Sobre o projeto em si, sinceramente não entendi do que se trata. Nada se fala sobre como vai funcionar, quais os objetivos e tal. Só recriar a cidade pode dar um bom passeio virtual, mas não um jogo.

    Democracia no controle do projeto é pedir pra algo dar errado. Nem sempre a opinião da maioria é a melhor pro projeto e essa abordagem pode levar facilmente a centenas de features sendo adicionadas ao jogo só porque parecem legais, sem que realmente tenha se pensado no seu impacto no desenvolvimento. Aproveito pra deixar o link de um podcast que fala com bem mais propriedade sobre o assunto: http://www.thepodquest.com/2011/07/podquest-24-qu

    E pra fechar: sem megalomania, né? Milhares de desenvolvedores? Modelagem de TODA Porto Alegre? Isso me parece o mesmo pensamento do cara que quer iniciar no desenvolvimento de jogos criando o próximo World of Warcraft.

    Enfim, não conheço os envolvidos nesse projeto e de forma alguma estou torcendo contra. São só alguns pontos que achei importante comentar.

    P.S.: Chique esse trackback que o post recebeu heim!

    1. essa parte de democracia no controle também posso falar. já tive uma experiência assim e foi um desastre. cada um tinha uma ideia e estava convencido que sua ideia era a melhor. cada reunião era uma guerra. conseguir dar um simples passo de avanço era uma batalha. nem preciso dizer que tudo resultou em nada.

    2. Muitíssimo interessantes e pertinentes as suas colocações, Diego. De fato algumas das coisas que você falou foram levadas em consideração pelo pessoal que está se reunindo toda semana. O Eduardo Freitag já mencionou estar planejando uma forma de conseguir renda na forma de doações ou outro tipo de ajuda para financiar o projeto a médio prazo, mas por enquanto, tudo que está sendo feito é realmente graças à boa vontade e disposição dos envolvidos.

      Sobre a questão da democracia, eu concordo. Pode até ser que o PADGU acabe um dia sofrendo do mesmo mal, mas ao menos eles poderão tirar proveito do conhecimento compartilhado e da experiência adquirida, podendo aplicá-los em outros projetos quaisquer. Ainda assim, não custa tentar, não é verdade?

      Por último… Bom, pode me chamar de ingênuo, mas eu não chamaria a atitude deles de megalomania. Claro que é importante manter os pés no chão, mas se eles não acreditarem neles mesmos, quem fará isso? Além disso, creio que reproduzir uma cidade digitalmente é possível. Claro que não em uma escala 1 para 1, mas algo em escala reduzida já viabilizaria muita coisa!

      Agora permita-me esclarecer alguns pontos que, embora eu não seja o autor do texto, admito estar bem confusos: A ideia do PADGU é em primeira instância reproduzir digitalmente a cidade de Porto Alegre e dentro dessa reprodução – ou de parte dela – criar pequenos jogos. Com a experiência adquirida, os jogos menores se transformariam em um projeto de grande porte, de um único jogo em estilo sandbox e tanto esses jogos menores quanto o projeto maior teriam como temática a despoluição do Arroio Dilúvio e a problemática da poluição ambiental em geral.

  4. Marcelo_Inter

    Não pode esquecer de colocar o guardrail para os bebados nao derrubarem seus carros dentro do arroio (algo comum aqui em POA)!

    Excelente projeto e proposta!

  5. Pretendem colocar carros, como Gol, Corsa, Uno, Opala, Chevette, Fusca, 147 etc?

Não é possível comentar.