Depois de ter chegado a nível “Prestige” em Assassin’s Creed: Revelatins e de ter conseguido quase todos os troféus do multiplayer, claro que eu estava bem ansioso em colocar as mãos no Assassin’s Creed III e ver como é o multi. Eu curto bastante a série, mas eu desisti da compra de uma cópia para mim no momento por ter conseguido emprestado uma cópia europeia da Freedom Edition (a versão mais parruda e com estatueta do Connor), enquanto o dono do game joga na versão brasileira, que ele também comprou por ele ser fanático na série e querer entender o enredo e aproveitar a dublagem. Esta versão é apenas em inglês, e não tem muito problemas, apesar de que eu fico curioso se o multi também recebeu a dublagem oficial (no Revelations essa parte tinha ganhado as legendas e os menus estavam todos traduzidos). Enfim, eu joguei algumas horas iniciais no último sábado e decidi postar os meus “2 centavos” acerca do jogo. Decidi dividir por tópicos, mais para fins de organização mesmo, e os primeiros testes foram feitos no final de semana de 15 de dezembro.
Limited Mode
Inicialmente eu tive alguns problemas para conseguir jogar no multiplayer pela primeira vez. Por ser uma cópia emprestada e pelo meu colega não acessar muito a internet, eu consegui ativar o Uplay Passport no console dele (na conta europeia dele) e ativei também no meu, acessando a conta dele (tecnicamente hoje o compartilhamento de conteúdo é para 2 consoles, depois do dia 18/11/2011. Antes dessa data até 5 consoles PS3 teriam acesso a um mesmo game/DLC). Sei que com certeza a Ubisoft não vê com bons olhos, mas pelo menos queria jogar, e não precisaria comprar o Online Pass na PSN Store europeia, o que geraria um custo relativamente elevado. Seria mais fácil comprar o jogo normal, pois gastar 60 reais com um cartão europeu só pra isso é complicado, e o game hoje custa R$ 180,00. Talvez eu poderia caçar alguma versão usada e depois comprar o Online Pass na PSN Store brasileira, pagando menos.
Eu quis citar isso pois muitos jogadores podem optar por emprestar/pegar emprestado o game e talvez o jogo pode ter alguma trava ou dificultador de acesso para cópias usadas. Ao acessar o multiplayer, nas primeiras tentativas sempre mostrava o Limited Mode. Achava que seria algum problema técnico dos servidores online da Ubisoft, mas ao acessar o Twitter oficial deles, eu vi que eles fizeram manutenção nos servidores no dia 13/12. O multiplayer não ficaria alguns dias inteiros fora do ar…então decidi pesquisar. Segundo uma página de suporte da própria Ubisoft, o Limited Mode pode ocorrer em diversas situações, e no PS3 ele pode ocorrer se o jogador não linkou direito o console ID com a Uplay. Então, me baseando em uma dica que eu li aqui, eu acessei a conta do amigo meu, acessei a Uplay dele e depois loguei no multiplayer, sem problemas e acessando o modo normalmente.
Depois desse teste, decidi tentar fazer o mesmo esquema na minha conta oficial (PSN brasileira), também logando na Uplay completamente, e depois indo para o multi. Consegui acessar, mas que acaba virando um “transtorno extra”, pois na segunda sessão de testes (depois de um intervalo onde eu desliguei o console) eu tive de fazer o mesmo procedimento, pois tinha voltado o Limited Mode. Fiquei até com medo de resetarem os stats e o nível 3 que eu tinha adquirido no começo da progressão, mas vi que não teve nenhum problema.
É uma situação complicada: não sei se isso é um bug ou uma decisão da própria empresa, para o jogador comprar o game da mesma região e ativar o online pass na PSN da mesma região (game brasileiro+PSN brasileira, game americano+PSN americana). Mas e se o jogador estava viajando pela Europa de férias e decidiu comprar a edição “top-de-linha com um monte de coisas extras” numa loja em Londres? Por mais que a produtora queira formentar o mercado local e consiga preços arrasadores em muitos dos games (analisando a situação brasileira, com as vendas em lojas e grandes varejistas), o game não poderia ter problemas relacionados. Espero que seja apenas um bug e eles corrijam posteriormente. Pelo menos consegui jogar sem restrições, e pode ser que o game nem apresente esse problema para a maioria.
Mata-mata clássico e travamentos/lag
Ao iniciar o multiplayer e passar pela sessão introdutória (que ensina o jogador o feijão com arroz básico do multiplayer), logo ao buscar alguma sessão disponível pelo Quick Match, eu caí logo no Deathmatch clássico. Aqui o game não teve quase nenhuma mudança em sua mecânica de jogo em comparação com os anteriores: tem uma localidade limitada por barreiras e com arquitetura histórica; e o jogador joga em terceira pessoa com o objetivo de assassinar um oponente enquanto ele tenta ficar vivo. Um típico “pega-pega mortal”, tendo de ficar escondido, perseguir o oponente na maciota e assassinar quando estiver bem próximo dele. “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais próximos ainda!”, e dependendo da situação o jogador pode conseguir criar uma morte com muitos pontos. Caso o jogador parta na direção do oponente igual a uma locomotiva (aka correndo), ele irá perceber e poderá fugir, e caso o seu alvo consiga te despistar, um abraço!
Ou, caso o jogador seja o alvo de alguém (ou mais de 1, sendo que até hoje só vi no máximo 3 assassinos querendo matar o jogador), o jogador pode tentar nocautear o cara caso consiga descobrir qual é o assassino que irá te matar na multidão de transeuntes do local. Se a vítima não conseguir nocautear primeiro, ele consegue uma “Morte Honrada”, diminuindo os pontos que o assassino ganharia. Afinal, a vítima lutou pela vida!
Outro detalhe que percebi nesse (e, se tinha nos anteriores era um detalhe que eu nunca percebi antes) é que o jogador pode escutar sussurros, caso o assassino enviado pra te matar esteja perto de você. Aí, dependendo da situação, você pode ficar em alerta ou tentar vasculhar o cara com a sua visão, rotacionando ela em 360 graus. Obviamente em modos de jogo onde não tenham duplicatas do jogador como transeuntes fica mais difícil se esconder, e aí o jogador tem de arrumar alguma maneira de localizar o cara e escapar, usando as técnicas que ele tiver disponível.
O que não curti muito foi que inclusive no multiplayer eles simplificaram os botões: agora o “Quadrado” serve tanto para matar, quanto para “deixar o cara tonto”. No Revelations e no Brotherhood o “Círculo” servia para nocautear um oponente que estivesse atrás de você e estivesse próximo, e agora, com o quadrado, muitas vezes eu matava um civil por não conseguir mirar no perseguidor. Não lembro se no Revelations eu conseguia nocautear um transeunte, mas eu não gostei da “unificação”. Também teve momentos que eu apertava o círculo “por instinto” e não acontecia nada. Acabei aprendendo “na marra” a usar o quadrado, mas ainda assim acabo errando, fazendo eu perder o meu “contrato” com o alvo que eu tenho de matar.
Também tive alguns problemas de conexão, com travamentos ocasionais nas partidas e alguns momentos mostrando mensagens de problemas de conexão. Não sei se o game tem servidores específicos na Europa, o que aumentaria a latência, mas é outro “ponto negativo”. Algumas vezes, no calor da ação (na morte de algum alvo), o game travava por alguns segundos, o que quebrava o ritmo de jogo. Só que aí também teve momentos que eu fiquei exposto e acabei morrendo. Não sei se é o meu modem ou se é um problema geral, mas nunca tive esse problema com o multiplayer do Revelations, que era mais sólido e sem esse tipo de erros. Também, nos games anteriores teve testes de beta multiplayer antes do lançamento, e neste a Ubisoft optou por lançar o game direto, sem demonstrações ou chances dos jogadores poderem testar as novidades antes e comunicar alguns problemas.
Multi-kills no cooperativo, Wolfpack e efeitos climáticos
Assassin’s Creed III tem diversos modos de jogo, desde o já citado Deathmatch/mata-mata; o Wanted (uma espécie de Deathmatch com bússolas mostrando a localização do inimigo), Assassinate (o jogador tem de identificar e travar o alvo, e pode nem ser o oponente), Manhunt (Caçada, com 2 rodadas com 4 jogadores em cada grupo, sendo que um grupo tenta matar os jogadores do grupo adversário enquanto eles se escondem, e a situação se inverte na segunda rodada), Artifact Assaut (roube um artefato e leve até a sua área, enquanto o time oponente tenta recuperar), Domination (2 times, com os times tentando capturar 3 áreas específicas no mapa) e o novo modo Wolfpack.
O Wolfpack é um modo totalmente cooperativo, com 4 jogadores enfrentando inimigos controlados pela inteligência artificial. Normalmente os inimigos ficam um pouco distantes dos jogadores, e eles tem de ir rapidamente até os alvos antes que o tempo acabe, e assim sucessivamente. Neste modo que vi pela primeira vez os multi-kills, que são mortes em conjunto, podendo ganhar mais pontos quando existe uma sincronização dos jogadores na hora de matar os alvos. No Manhunt também tem essa funcionalidade, mas foi no Wolfpack que eu reparei nesse detalhe pela primeira vez.
O game também inaugura as fases com mudanças climáticas. Ao terminar uma partida o jogador pode votar em 3 mapas para a próxima, e em algumas delas pode estar chovendo ou com sol escaldante. Durante a chuva fica relativamente mais difícil escutar os sussurros quando o oponente fica perto, mas a diferença não é tão gritante assim, e ter um ouvido atento (ou aumentar o volume da TV) ainda ajuda para tentar bolar uma estratégia rapidamente para escapar. Ainda assim, eu curti bastante ter fases com chuvas, e pelo que eu andei vendo nos últimos dias, em breve teremos também mapas noturnos, e será mais difícil ver certos oponentes dependendo da localização.
Compras de habilidades e os Erudito Points
O game conserva a compra de habilidades com os pontos que você vai adquirindo durante as partidas. A novidade aqui é que são 2 tipos de “moeda corrente”: As Abstergo Points são os pontos normais e adquiridos no final de cada partida, com o jogador podendo comprar novas habilidades, destravar os sets de habilidades e comprar roupas diferentes para os personagens, tendo diversos níveis de customização. Também tem os Erudito Points, e se não me falha a memória, eu sei que a Ubisoft tinha inserido nas PSN Stores espalhadas pelo mundo alguns packs com “Erudito Points” para o jogador comprar, antes do lançamento oficial. Então, ao ver os ítens na Abstergo Store, eles mostravam as 2 moedas correntes: uma pintura de guerra para o rosto de um personagem, por exemplo, mostrava 50 Abstergo Points e 5 Erudito Points. Eu achei que eu precisaria de ter as duas moedas na “wallet” para adquirir algum ítem, e até mesmo para destravar o primeiro set de Habilidades/Perks mostrava as duas moedas. Decidi pesquisar sobre isso, para saber se teria alguma maneira de adquirir alguns EP com alguma ação ingame, pois não veria com bons olhos eu ter de comprar packs na PSN Store para adquirir as habilidades básicas. Eu tinha 2000 AP e nenhum EP, e nas partidas o game não sinalizava nada sobre a segunda moeda corrente.
Depois de algumas pesquisas, o Erudito Mode é apenas uma alternativa mais rápida para os jogadores que não querem perder tanto tempo comprando as habilidades, podendo comprar elas com “valores reduzidos”, trocando dinheiro real por packs com pontos. Todos os ítens podem ser comprados com as Abstergo Points, que são adquiridas normalmente. Pelo menos algumas habilidades e ítens ainda são destravados apenas com o passar dos níveis, pois poderia causar um pouco de desbalanceamento com jogadores podendo comprar tudo no início e ficar sempre entre os primeiros jogadores na partida, com as habilidades mais avançadas.
Linha do Tempo dos Níveis e Desafios
Assassin’s Creed III também tem uma estória interna mostrada numa linha do tempo, mas que acaba sendo mais estranha que a estória inserida no Revelations. No Revelations tinha um cara da Abstergo “conversando com o jogador” e elogiando a dedicação dele nos treinamentos da Animus, tendo um “enredo simples”. No Assassin’s Creed III, em alguns níveis, são destravados vídeos e e-mails internos, com propaganda da Abstergo. Também tem os mesmos vídeos em versões “hackeadas”, mostrando a verdade sobre os fatos, sobre a Abstergo usar os produtos para conseguir ter controle da população e se manter influente. Uma organização global que quer dominar o mundo, sendo os templários da Era moderna. Só que os vídeos e mensagens hackeadas só ficam acessíveis ao cumprir certos desafios (challenges), desde fazer 50 Ground Finishes (chutar o corpo do seu alvo no chão, caso um adversário pegue o cara antes), tontear 10 inimigos, matar X inimigos com disfarce e outros, tendo combinações de desafios para destravar algum vídeo novo ou destravar alguma roupa extra de um personagem. Todas as habilidades tem desafios, que dão bastante EXP quando são completados, ajudando a chegar rapidamente nos níveis mais elevados.
A linha do tempo é bem estilosa e mostra os principais desafios e prêmios ao completar eles, mas quando passava certos níveis e mostrava no menu inicial que tinha algo novo (mostrando uma pequena exclamação com cor azulada), ao acessar a timeline não mostrava qual era o vídeo/mensagem nova, tendo de procurar “na unha”. Se o jogador ficar meio perdido nessa timeline, tem outro menu que mostra os vídeos destravados e as mensagens, numa pequena listagem, caso ele queira ver sem ir nesse menu. Para um jogador dedicado é um desafio extra tentar destravar tudo, e na Assassin’s Network também tem os stats do jogador, com o tempo de jogo, quantas mortes ele conseguiu no multi, progressão no single-player e outras informações. Para quem curte estatísticas online, é um prato cheio.
Conclusões iniciais
Tirando alguns problemas de conexão e parte da unificação dos botões de matar/nocautear um inimigo (os únicos pontos negativos), o multiplayer da série Assassin’s Creed III continua muito bom, e a adição do modo Wolfpack traz um pouco mais de novidades a um dos melhores multiplayers da geração atual de consoles. As partidas sempre são imprevisíveis e inéditas, dependendo dos jogadores que aparecem e com o uso de outras habilidades que o jogador pode ir comprando e destravando. É praticamente o single-player aplicado no modo multiplayer, numa arena fechada e tendo de matar outros oponentes. Com a adição de mapas noturnos no próximo evento do game (espero que estes mapas fiquem habilitados para jogar após os eventos acabarem) o game consegue ter novidades, e espero que tenhamos outros mapas e modos de jogo no futuro. Sei que alguns podem achar que o multi é mais do mesmo por ter a mesma mecânica que os games anteriores, mas em time que está ganhando não se mexe. E acho que tentar inventar alguma firula ou tentar uma mecânica diferente para o multiplayer pode acabar matando de vez esse modo de jogo.
[Imagens via VG Blogger]
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!