Sucessor espiritual é garantia de referências. Bloodborne é considerado um sucessor espiritual da série Souls, mas é em Demons’s Souls e no primeiro Dark Souls que vieram algumas referências, aliado a mudanças da série, onde, por mais que você tenha 20 poções e mais 65 guardadas, isso não é garantia de que você vai sobreviver nas lutas. Até mesmo o inimigo comum mais fraquinho pode ser letal, onde você acabará morrendo de uma hora para outra em segundos.
Criado pela From Software, o novo RPG sádico da parada sempre foi a minha escolha inicial quando adquirisse o PlayStation 4. Destiny é uma opção interessante, jogos menores como Resogun também. Mas é Bloodborne que iria iniciar “pra valer”, e por mais que a nova geração ainda esteja engatinhando em qualidade gráfica (o PC sempre será superior), ainda estamos praticamente no limiar entre elas, mas só agora que está chegando os blockbusters top do top. E o game é praticamente o primeiro jogo exclusivo para console que incentiva mesmo a compra do aparelho, mais do que o The Order: 1886 e inFAMOUS: Second Son.
O jogador está em Yarnham, uma cidade neo-vitoriana e na “noite da caçada”, onde as pessoas comuns evitam sair de casa e só os caçadores que estão se aventurando por aí, enfrentando diversas pessoas, cães e alguns monstros extras que acabaram surgindo na cidade. O jogo tem o mesmo feeling de deixar o jogador perdido na ambientação de lore: poucas explicações, lore do mundo detalhada nas descrições dos itens, e durante o loading time mais curto agora tem as explicações dos itens, além da diminuição de tempo para as transições entre algumas localidades.
Para quem jogou o Demon’s Souls e o primeiro Dark, vem a sensação de que você está jogando na Tower of Latria com Anor Londo vista ao fundo. A From Software garante que os universos dos jogos são separados, mas as referências gráficas são notáveis. Becos escuros, esgotos, e a ambientação na cidade, e ver o pôr do sol ao fundo dá aquela sensação de que eu poderia ir lá enfrentar arqueiros com arcos enormes e flechas com 2 metros de comprimento.
Já a jogabilidade é mais rápida, mas ao mesmo tempo você “tenta” ter alguma cautela. Em uma mão você tem uma arma inicial e na outra uma arma de fogo, feita para atordoar os inimigos e tentar, ora dar um “backstab de frente”, ora tentar se desviar. Um gameplay mais rápido e visceral, com muitos saltos para os lados e desvios. E algumas vezes dar uma de kamikaze de plantão, acertando os inimigos rapidamente em sequencialmente. Só que essa abordagem é o primeiro caminho para a morte!
A quantidade de inimigos nas partes iniciais impressiona, mas um detalhe que a From Software pode ter optado para deixar o game mais “acessível” é que nem todos os inimigos da “praça” (onde está rolando uma fogueira meio sinistra) vão correndo na sua direção, mas os 5 a 6 inimigos que caminham por uma das ruelas vão na sua direção, mas normalmente vão em grupos de 3 que “sobem a escada”, com algum “mais kamikaze” e outros mais “cautelosos” (por assim dizer). Claro que todos eles estão sedentos por sangue e são perigosos, mas tem uma variedade boa de inimigos. Alguns tem armas de fogo (com tiros que dá pra desviar, dependendo de como você prevê a direção), outros tem facões, alguns com escudos de madeira, entre outros.
Já o “hub” entre as localidades é o “Sonho do Caçador“, um local sem localização exata e num outro mundo, com diversas lápides que serão destravadas com os novos checkpoints que você ativa pelo caminho. A referência ao Demon’s Souls se torna bem forte, tendo, no lugar das Archstones dos mapas, lâmpadas de teleporte, e, claro, uma mulher para evoluir o nível de experiência (mas que só é destravada depois que você encontra com o primeiro chefe, servido, de certa forma, de Dragon God de plantão, a menos que você manje e consiga matar ele de primeira). A evolução de equipamentos é similar aos jogos anteriores, gastando “ecos de sangue” (novo termo para as almas adquiridas com os inimigos) e fragmentos específicos que são encontrados por aí. Só a variedade de armas que está, aparentemente, menor que os outros jogos da série, onde algumas você compra, mas que acaba usando a mesma arma que foi cedida pelos mensageiros, que são alguns “monstrinhos” que ficam no chão e que oferecem uma dádiva. Os mensageiros também aparecem nas mensagens deixadas pelos outros jogadores no chão.
Com a cidade inteira à disposição, mas com diversas portas e portões fechados, o game é bem aberto, e o jogador pode “praticamente” escolher algumas rotas, abrindo atalhos durante a progressão para se deslocar mais rapidamente para um chefe, ou mesmo o jogador pode optar por ir no Sonho do Caçador e escolher outra localidade. Claro que ir lá (ou morrer no meio do caminho) faz com que os monstros ressurjam, e aí vem a dúvida básica da série: continuar e avançar num local desconhecido, ou voltar, gastar os ecos de almas e recomeçar a matar todos eles outra vez? Dependendo da quantidade de almas é mais interessante voltar, ou mesmo tentar farmar mais algumas, mas caso o jogador morra, um dos inimigos acabará pegando os ecos de almas e o jogador terá de encontrar ele, que estará com os olhos brilhando (e não morrer novamente no meio do processo).
Quanto ao modo online, o esquema está relativamente diferente. Quando o jogador encontra a moça loira no Sonho do Caçador, ele ganha um “sininho”, podendo ativar o co-op usando o “Discernimento” (Insight), uma nova “moeda” no jogo e que terá poucas neste início. O jogador pode, se quiser, tentar matar os chefes sozinho, mas caso ele queira mais facilidade, ele pode ativar o sininho, esperar um pouco até um jogador extra ser invocado (às vezes outro aparece também, tendo um co-op com mais 2 jogadores) e entrar na sala do chefe. As lutas, claro, ficam bem mais fáceis, mas depende também da sorte, pois se o jogador cooperador não for muito bom, ele pode acabar morrendo no chefe, e aí você terá gastado um discernimento atoa caso você não seja bem-sucedido na tarefa.
Mas depois que você arruma mais de 10 Discernimentos (por entrar na área do chefe ou usar algum item específico), é ativado o segundo vendedor do Sonho do Caçador (na verdade alguns mensageiros de banheira), e aí você compra um sininho específico e pode começar a ajudar outros jogadores, sendo uma versão da “White Sign Soapstone”, com uma diferença: quando você passar pro mundo do jogador, você estará na posição atual, e não no local onde você ativou o sino, tendo de se deslocar rapidamente até onde o outro jogador poderá estar. Claro que nessas situações muitos jogadores ficam perto da entrada do chefe, sendo mais rápido a ajuda. E terá locais onde não será possível o co-op, com o jogador terá de passar os trechos sozinho.
Até o momento estou curtindo bastante o jogo, já tendo derrotado diversos chefes e já ter avançado relativamente bem no jogo, passando por umas 5 áreas extensas. O único problema estranho que encontrei é no uso da pistola/espingarda, e algumas vezes o tiro falha, me deixando em maus lençóis. Não sei se é por conta do “gatilho” do Dual Shock 4 (por ele usar o L2) ou se o uso tem de ser feito de maneira correta. De qualquer jeito, para quem curte a série Souls, Bloodborne é altamente recomendado, tendo o mesmo feeling das franquias de RPG da From Software.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!