Quando tinha muitos games de tiro ambientados na segunda guerra mundial, muitos pediam algo novo, e esse algo novo veio no Call of Duty 4: Modern Warfare. Lançado em 2007, o primeiro Call of Duty da geração atual de consoles (PS3/Xbox 360) revolucionou por trazer uma campanha impressionante, além de um multiplayer que até hoje é jogado por muitos jogadores. Só que aí o game fez sucesso, o mercado começou a ganhar muitos games ambientados no presente e muitos jogadores começaram a procurar algo diferente.
A ambientação futurista é uma ideia que é bastante usada na série Halo e na série Gears of War, para Xbox 360, mas no PS3 não vi muitos games de tiro com esta ambientação, tendo mais os games da série Killzone, o recém-lançado Call of Duty: Black Ops II e, o game desta análise, o Bulletstorm.
Bulletstorm é a maior surpresa do ano nos games de tiro. Depois de ter jogado uma campanha razoável com o novo Medal of Honor: Warfighter, o Bulletstorm surpreendeu, por trazer uma campanha sólida (apesar do enredo confuso) e, o mais inacreditável, risadas elevadas em muitos momentos do jogo. Se nos games mais conhecidos a diversão é boa, mas que raramente arranca um sorriso do jogador, o Bulletstorm vai na outra direção, sendo um dos melhores games de tiro já lançados para PS3.
Ficha Técnica | |
Produção | Electronic Arts |
Desenvolvimento | People Can Fly e Epic Games |
Lançamento | 22/02/2011 (EUA), 24/02/2011 (Austrália), 25/02/2011 (Europa) |
Plataformas | PC, Xbox 360 e Playstation 3 |
Classificação | 17+ Mature (ESRB) e 18+ (PEGI) |
Música/Compositores | Krzysztof Wierzynkiewicz, Michał Cielecki |
Descrição | Game de tiro com toques de humor e gameplay baseado em “matar com estilo”, num ambiente futurista em um resort de férias abandonado e tomado por bandidos e outros animais mais perigosos. |
Online | Sim |
Mas o que faz o Bulletstorm ser realmente foda? O sistema de gameplay baseado na criatividade em matar os inimigos. No começo do game isso não é mostrado, tendo um gameplay mais básico. Depois, o game mostra o sistema de Skillpoints. Cada morte gera pontos que são acumulados e podem ser usados depois para comprar armas e upgrades para as armas. Até aí tudo bem: o game mostra as skillpoints e depois que uma delas é exibida pela primeira vez, o game gera poucos pontos com a repetição das mortes clássicas, e aí o game começa a incentivar o jogador a ter de usar a criatividade para tentar uma morte diferente, com uma arma diferente, usando um elemento de cenário diferente. Matar com estilo. Sabe aquela parede cheia de estacas que fica em um determinado local, e você está em sob fogo cruzado? Então, se você “chutar” o inimigo, você consegue “fincar” ele na parede, gerando uma “morte nova” para o seu ranking, gerando mais pontos.
O gameplay também é estendido com aqueles momentos cheios de adrenalina e scriptados, no melhor estilo Call of Duty. Não vou comentar muito sobre esses momentos, mas são momentos que abrem um sorriso no jogador, além de determinadas mortes (por exemplo, descer uma corda de aço represa abaixo, entre outras ações insanas). Explodir 4 inimigos poderosos com 1 tiro carregado de uma arma especial ou chutar um inimigo na direção de fios soltos que estão em curto-circuito e ver eles gritarem é muito prazeroso e cômico, ocasionando gargalhadas elevadas. Pode achar crueldade, mas é um game, não? E você mal vê isso em outros games de tiro (na verdade eu nem lembro se tinha situações assim em outros games de tiro).
Quanto a jogabilidade, ela tem pontos fortes e um ponto ruim. No começo, o personagem principal (Gray) consegue uma espécie de chicote elétrico, que serve para puxar o inimigo na sua direção. Nesse momento é ativado um “efeito de câmera-lenta”, e o jogador pode optar por sair metralhando o inimigo (normalmente eu tentava sempre acertar a cabeça dele) ou dar um chute na face do cara (ou vários chutes). Já as armas podem ser melhoradas em 2 quesitos: capacidade de balas e “tiro carregado”, sendo que este último é um tiro mais poderoso e que acaba sendo usado mais ocasionalmente, gerando efeitos diversos (e novas mortes criativas). Durante a progressão outras armas são habilitadas, podendo ser destravadas e usadas pelo jogador, além de poder carregar 3 armas entre os “hotspots” de compras (que ficam espalhados pelas fases), e que são usados para comprar munição e destravar novos upgrades.
O único ponto negativo no gameplay é que eu senti falta de um sistema de cobertura igual a outros games de tiro. Sei que eu posso agachar atrás de obstáculos, mas não é a mesma coisa que um sistema de cobertura pré-definido, e poderia pelo menos ter algum movimento para continuar o combate. E o botão de agachar obriga o jogador a ter de deixar pressionado o botão L3 (um dos direcionais analógicos), o que acaba gerando uma certa dificuldade, pois pressionando o botão faz com que o personagem vai pra frente agachado, me obrigando a ter de ficar controlando milimetricamente o personagem. Algumas vezes eu tinha um pouco de dificuldade, e com isso eu tentava me proteger em pé mesmo, atrás de alguma pilastra. Sorte que o game, apesar de ter um pouco de desafio, não é tão difícil no nível normal de dificuldade. Pelo menos eu não me frustrei, diferente de alguns momentos do Medal of Honor: Warfighter.
Já a parte visual impressiona, e por eu curtir bastante games futuristas, a cidade ao fundo é um deleite visual em algumas missões. Numa fase onde mostra uma represa ao fundo eu mais apreciava o visual do que jogava, vendo a parte das quedas-dágua, os edifícios e as outras locações. O game também tem fases interiores, mas curtia mais as exteriores. Até lembra um pouco o Final Fantasy XIII na direção de arte de algumas fases urbanas.
Sobre o enredo do game, eu achei meio confuso: na época do game o universo é gerenciado por uma Confederação Universal, e no início o jogador, na pele de Grayson Hunt (o cara que parece o Wolverine) comanda uma equipe de assassinos do Exército da Confederação, fazendo missões para o General Serran o. Numa das missões eles tem de matar uma pessoa a mando do general. Depois descobrem que a vítima era apenas um repórter e ele decide sair do grupo, não sem antes de tentar acabar com o General, que estava em uma nave sobrevoando o planeta Stygia (que foi um resort de férias usada pela Confederação) e acabou sendo abandonado.
Durante o confronto as duas naves caem no planeta e aí começa a ação mesmo. Apesar de ser um enredo meio simples, durante a progressão em muitos momentos é mostrado outros detalhes, mas que acabei nem lendo ou percebendo direito. Até que tem algumas reviravoltas estranhas na trama, o que me deixou ainda mais confuso, mas que acabei prosseguindo normalmente no jogo, esperando que no final do game aparecesse alguma explicação melhor ou que eu pudesse entender o enredo de maneira geral. Talvez pela minha deficiência em inglês acaba prejudicando um pouco (e eu tive de consultar outra análise para ter uma ideia geral).
Pelo menos em matéria de humor o game é muito bom, com os personagens conversando a todo o momento durante as fases, soltando palavrões e frases de efeito.
Quanto ao fator replay, o game não tem muito a oferecer, tendo apenas 1 modo de jogo no multiplayer e o modo Echoes, que são fases comuns do modo single-player que o jogador pode fazer para tentar acumular skillpoints e competir nos rankings online com amigos. Já o modo multiplayer tem apenas o modo Anarchy, com o jogador podendo jogar em co-op com mais 3 jogadores numa arena pequena e enfrentando uma enxurrada de inimigos em diversas fases seguidas. Até que é bem divertido jogar em co-op, mas chega uma hora que acabei cansando um pouco de ficar jogando ininterruptamente na mesma arena, chegando na sétima fase do multiplayer. Durante o multiplayer também aparece “desafios momentâneos”, com os jogadores tendo de fazer uma mesma ação específica para ganhar skillpoints extras.
Apesar do multiplayer ser meio fraco e de ter um enredo confuso, Bulletstorm é um game muito bom na campanha principal, gerando muita diversão do jogador com o seu gameplay diferente da maioria dos jogos de tiro atuais. As fases são bem variadas, mas o que destaca mais é o sistema de “mortes criativas” e do game não precisar “pensar muito”. Caso tenha na locadora e quer uma diversão sem compromisso em 1 final de semana (ou se algum amigo tiver o jogo), Bulletstorm é uma ótima pedida. Durante a progressão, eu também fiquei pensando bastante na série Gears of War, hoje praticamente exclusiva do Xbox 360 (o primeiro game também saiu pra PC, mas os seguintes somente no X360). Sei que os estilos são bem diferentes, mas quando joguei um pouco o primeiro Gears of War antigamente, acabei relacionando o Bulletstorm com este, principalmente durante alguns momentos contra chefes e na ambientação do game.
Bulletstorm está disponível para Playstation 3, Xbox 360 e PC.