Esses dias andei discutindo com alguns colegas de trabalho sobre consultoria na área de informática, onde o profissional trabalha de forma autônoma, executando serviços curtos e ganhando por hora. Por exemplo: formar um Windows normalmente um profissional cobra cerca de 50 reais pelo serviço, o que pode ser um bico interessante para quem ganha pouco. Fora muitos profissionais que cobram de 50 a 150 reais para fazer uma instalação de um servidor de e-mails em Linux ou uma empresa colocar a hora dos funcionários junto com os valores de uma instalação de uma rede de computadores numa empresa.
Então andei pensando se isso se aplica na área de desenvolvimento de jogos. Como muitos sabem, dá para um profissional autônomo ganhar dinheiro com games, bastando criar um site e ir criando games em Flash para ganhar com publicidade. Mas a questão é a consultoria: um profissional ir numa empresa de desenvolvimento de jogos auxiliar no desenvolvimento.
Dá para perceber na área de games que quando um jogo começa a ter sucesso, o primeiro nome que aparece é o do criador do jogo. Aquele que idealizou a idéia e que na maioria das vezes é o chefe da equipe de desenvolvimento. Outras vezes é o produtor que acaba ganhando os louros. Por exemplo, podemos citar estes profissionais: Hideo Kojima (Metal Gear Solid), Jade Raymond (Assassin’s Creed), Shigeru Miyamoto (Mario), David Jaffe (God of War) e muitos outros. Esses caras são quase venerados pelos jogadores, por terem tido um momento de iluminação para criar uma obra-prima.
O que acontece é que essas pessoas são, algumas vezes, funcionários de uma empresa grande de games. Outras vezes são donos dos próprios estúdios, não abandonando as raízes e continuando com parcerias com empresas grandes. Em parte acabam sendo empresas de consultorias, criando softwares (games) para uma empresa grande distribuir (um dos modelos de negócios da indústria dos games). Então eles são consultores? Sim e não. Sim porquê tem mais autonomia para criar seus projetos. E não porquê são donos de empresas e não trabalham por hora, mas por jogo.
Voltando à pergunta do título: existe um consultor de gamedev? Pode até existir um, mas que pode não ganhar os louros daquele projeto. Sempre é a empresa que consegue notoriedade com o projeto e hoje a propriedade intelectual é muito importante na área. Eu mesmo, se fosse um consultor, queria que os jogadores me lembrasse por ter sido a mente por trás daquele jogo. Então eu poderia abrir uma empresa para ir desenvolvendo o projeto. Óbvio que o publisher (a empresa que irá distribuir e financiar o jogo) também vai ganhar os louros, por ser a empresa que está distribuindo o jogo. Tudo bem que algumas vezes a empresa desenvolvedora consegue ser mais falada que a distribuidora. Exemplo: quando se fala de Crysis, a gente cita a Crytek, a empresa desenvolvedora do game, e não a EA, que distribuiu o jogo. Halo foi desenvolvido pela Bungie, apesar de que é a Microsoft que é mais lembrada quando se comenta sobre o jogo.
O que pode acontecer é ter um consultor que execute algo mais focado, como um profissional especializado em inteligência artificial que vai criar rotinas para um jogo e que acaba pulando de empresa em empresa prestando serviços. Ou mesmo aqueles profissionais que algumas empresas pequenas e médias não mantém no quadro de funcionários, como artistas sonoros e músicos.
Por fim, dou uma dica importante: se você está fazendo um projeto e consegue ver que ele pode fazer sucesso, abra uma empresa e tente conseguir um publisher. Um game designer que quer ter mais liberdade acaba conseguindo sendo autônomo, diferente de quem está numa empresa apenas como um funcionário e tem limitações impostas pelos chefes. O problema é que quando se é autônomo você acaba ralando mais para manter a empresa e tem de caçar investidores para conseguir financiar e executar um projeto. Cabe a cada um analisar o que é melhor e seguir em frente. Óbvio que a maioria acaba entrando na área como empregado, podendo depois seguir com as próprias pernas e mantendo contato com a empresa que o contratou antes.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!