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Da minha preparação pra virar autônomo – Parte 01

Diz um velho ditado que não lembro onde li/escutei, mas que acaba sendo verdade: “vá pro interior, lá tem mais qualidade de vida, às vezes salários melhores do que em cidades grandes”, etc etc etc. Quanto à qualidade de vida realmente não tem como discutir: muitas cidades grandes tem poluição, enchentes, problemas de infra-estrutura que causam transtornos. Trânsito, etc. Coisas que praticamente não tem em cidades pequenas (exceto algumas enchentes em vias perto de riachos…). Mas quanto aos salários, em se tratando da área de TI, é bobagem acreditar que um profissional ganhe grana equivalente ao de uma metrópole.
Falo isso por mim, que ganha um salário baixíssimo onde trabalho. Hoje minha jornada é de 8 horas. Das 8 às 18h00 com 2 horas de almoço. CLT, ou seja, com carteira assinada. Talvez as únicas vantagens de se ter CLT são o 13º salário, férias e quando você sair, ter FGTS e seguro-desemprego. Eu não tenho mais nada. Benefícios? Só um plano de saúde básico que não sei se cobriria algo mais grave, fora que poderia até descontar do meu salário, e por isso mesmo não uso. E por falar em desconto, tem o INSS e o próprio FGTS, além de algum imposto que o meu chefe paga e eu nem sei qual é. Vale-transporte eu ganho em grana, mas não cobre o custo de deslocamento de onde eu moro e tenho de almoçar na empresa pra economizar, já que além do gasto eu não teria tempo pra voltar em casa e ter uma qualidade de vida melhor.
Mas porquê estou contando tudo isso? Porquê abrir parte do que a maioria sempre supõe? Porquê depois do que eu li hoje no G1, definitivamente eu ganho um “salário de estagiário”, ainda mais na área de TI (tecnologia da informação):
Estagiários brasileiros recebem média de R$ 683,33 em 2010
Tire os descontos e ganho perto da média nacional pra quem trabalha com informática: R$ 791,03, com processamento de dados. Sei que eu deveria me mudar, sei que em cidades como São Paulo conseguiria um salário de 4 a 5 mil reais, mas ainda não quero me mudar. Tirando as dificuldades, ainda gosto daqui, mas talvez eu esteja na minha zona de conforto, onde poucos querem sair dela e arriscar. Talvez eu esteja medroso, mas ultimamente andei pensando em algumas coisas. Uma delas é que eu poderia me dar bem se eu tentasse virar autônomo. Ou, pra quem não, sabe, viver por conta. Ser o dono do próprio nariz, sem chefe e sem horários fixos. Trabalhar em casa! Mas como tudo na vida tem vantagens e desvantagens, decidi enumerar algumas iniciais:
Vantagens: não precisar mais acordar cedo e talvez ganhar uma renda melhor. Poder também escolher a melhor linguagem de programação e com isso ficar por dentro das melhores tecnologias do mercado, isso se eu fosse seguir com sistemas comerciais. Também posso fazer outras coisas que também geram grana de forma honesta, como dar manutenção em PCs (o “cara da formatação de Windows” em casas do povão) e outras coisas.
Desvantagens: não ter mais um horário fixo (trabalhar sábado/domingo e feriado pra entregar projetos no prazo) e ter de analisar gastos que antes ficavam com o empregador, como água, luz e telefone. Mas só se eu abrisse um escritório, e sendo autônomo eu não precisaria mais disso por um tempo.
Mas se for analisar bem, o meu plano B poderia ser amplificado de maneira espetacular. O tal do plano B é esse a origem desse texto que você está lendo: os blogs. Já faz muito tempo que queria virar problogger, mas hoje a situação piorou. Meu rendimento de Adsense, que alguns meses chegou a 170 dólares, diminuiu bastante, sendo que os últimos 30 dias tive apenas 70. Mas isso ocorreu em parte pelas minhas decisões “administrativas”. Antes eu estudava desenho e postava direto várias notícias relacionadas, o que gerava uma renda elevada. Hoje não faço mais isso e o meu blog pessoal está com poucos posts e nem tenho tempo direito para os posts caça-paraquedistas. Em compensação o Select Game, que virou o meu blog principal, está crescendo bastante em leitores e visitas, mas em questões financeiras o blog não é rentável. Blog de videogame não é rentável, já que não vejo lojas anunciando em vários sites. Não vejo ações de publicidade, já que em teoria a gente acaba dando publicidade de graça sobre um game. Qualquer post acaba sendo uma publicidade gratuita, só pelo fato de comentarmos sobre ele.
Já a parte principal é desenvolver sites e sistemas. Sistemas no caso faria em Java, usando banco de dados robusto, Hoje no meu emprego uso o Visual Basic com Acsess, e leitores antigos sabem que não morro de amores pelo VB. Acho-a muito limitada.
Já com sites usaria o WordPress, considerado por muitos o melhor sistema CMS do mercado. Estou tão acostumado com ele que conseguiria criar um site estático e bonito só usando ele, o que é perfeito para uma empresa que quer ter um site simples só pra deixar para os clientes poderem ver os seus produtos. E os recursos que os plugins oferecem, desde ter uma página de contato até montar um mini-portal de notícias. Especializar na plataforma e estudar PHP para plugins é uma das minhas prioridades que tenho no futuro. Tenho um site que quero montar para ler informações dos troféus do PS3 e com certeza faria isso baseado no WordPress, um sistema altamente customizável, robusto e que sempre tem atualizações.
O problema maior de virar autônomo é que exige planejamento cuidadoso e ter uma carteira inicial de clientes. Coisa que não tenho ainda. Tenho até uma idéia de um sistema de videolocadora, mas ainda não cheguei a fechar negócio. Obviamente poderia montar apenas pra estudar e ter um portfólio, mas também tem a área de gamedev, uma das que quero também seguir (mesmo tendo um blog que quero voltar a publicar com regularidade). É claro que não tentaria projetos mirabolantes, mas fazer games pequenos e ganhar com publicidade, e se eu ver que poderia ganhar uma boa grana com isso esta seria a minha principal fonte de renda. Ainda sonho no futuro em abrir a minha própria empresa de desenvolvimento de jogos casuais e contratar outras pessoas, mas hoje isso é apenas uma idéia.
Pra terminar este desabafo, sei que alguns podem achar que eu fiz besteira em postar o meu planejamento aqui. Não é, já que essas áreas podem ser seguidas por qualquer um. No momento o meu foco é deixar o Select Game com muitos recursos para, enfim, me preocupar apenas com a geração de conteúdo. E fazer isso demanda tempo, já que eu não tenho muito tempo disponível, fora que tenho de arrumar tempo pra sair, me divertir, ir ao cinema, jogar, etc. O que é bem difícil atualmente, tanto da parte financeira quanto da parte do próprio tempo e timidez. De qualquer jeito vou postando aqui todos os passos que vou fazer, já que diferente do meu emprego atual, eu posso postar aqui coisas da minha vida pessoal. Agora, se surgir alguma oportunidade de emprego melhor que a que eu tenho, com certeza posso abraçar ela, desde que eu não precise viajar toda hora e ganhar mais estresse e cansaço. Talvez eu não procure outro emprego por causa disso: pelo menos não preciso ficar viajando a semana inteira em trocentas cidades e dormindo em hotéis comuns.
[Imagem via Eco Gestores]

3 comentários em “Da minha preparação pra virar autônomo – Parte 01”

  1. Vei… Você precisa é sair daí de varginha! Não precisa ir pra SP. Vai pra Ribeirão Preto, Campinas ou aqui em Uberlândia. Os salários nessas cidades estão muito bons e tem vaga de sobra. A cidade não é pequena, mas também não é grande o suficiente pra vc perder horas se locomovendo.

  2. AlfredBaudisch

    Trabalho por conta a vida toda. Tive a sorte de meu pai me permitir trabalhar na loja dele quando eu tinha 8 anos, desde aquela época ganhava dinheiro e comprava livros e revistas de programação. Aos 12 já estava fazendo serviços ASP freelance (tive a sorte de ter alguns códigos e até artigo publicados na revista WWW, mesmo naquela idade, e então começou a surgir alguns clientes. Aos 14 aprendi PHP, e unida a carteira de clientes inicial, artigos que escrevi aos montes (que estão no ar até hoje no phpbrasil, Linha de Código, etc, só googlar meu nome ;p) e os contatos do meu pai, explodi com a quantidade de clientes em 2005-2006. Até hoje ainda trabalho com PHP. Porém também já parti para Ruby e Ruby on Rails, e agora, recentemente, C++, Objective C e desenvolvimento de jogos em geral.

    Tá, falei e falei das conquistas, mas o que tem por trás disso tudo? Justamente um dos fatores que você citou: liberdade. Acordo e durmo a hora que quero. Faço projetos a hora que quero, já que prazos sou eu quem dito. Faço com a linguagem e plataforma que quiser. Ou como minha situação atual: estou me dando ao luxo de trabalhar só dois dias por semana e o resto dedicado ao aprendizado ao desenvolvimento de jogos (ou como em 2008, fiquei 6 meses sem trabalhar, só estudando C++!). Ou por exemplo, casei e fiquei dedicado 15 dias integralmente a montagem da casa, sem me preocupar com prazos, chefes e outras chatisses.

    Some ao fato de você criar toda e qualquer metodologia, jogadas de marketing, ir atrás do cliente, tudo da sua maneira.

    Porém, nem tudo são flores: existem momentos que os clientes desaparecem. E normalmente é bem quando mais precisamos de dinheiro, pois a conta está “seca”. E aí, vem a hora de vender bens ou recorrer ao “paitrocínio”.

    E, trabalhar em casa, seja na casa dos pais, seja na sua própria casa, se tiver pessoas por perto, não pensem que irão respeitar o seu tempo. Por você estar próximo, é normal quererem interromper. E acabam não entendendo quando pedimos tempo em paz para programar, etc. É uma questão de adaptação.
    Fora isso, só tenho a recomendar seguir os próprios caminhos.

    Se quiser acompanhar, meu blog com relatos do gênero e desenvolvimento pessoal: auriumsoft.com.br/blog
    Meu novo blog sobre Ruby/Rails, C, Objective-C, iPhone, etc: auriumsoft.com.br/programadorpratico

    Até trocamos links um tempo, quando eu tinha o blog “O Desenvolvedor Móvel”, mas acabei desistindo dele 😛

    Abraços.

  3. Olá, Rodrigo,
    Caí aqui de paraquedas do Google, procurando informações sobre desnvolvimento de jogos ( de computador, aqueles bem basicões) que eu adoro!!! Daí, gostei do seu post de 2007 e fiquei pesquisando mais no seu blog, esperando a segunda parte… não achei, mas vi esse post.
    Bom, primeiro: você já consegue fazer e vender (barato) um programa para estacionamento?
    Segundo, realmente, vou atrás desse viés na minha vida, já que já passei por todas as etapas q vc citou no post rsrsrs já sou mãe, vou voltar a faculdade agora, mas, sou viciada em jogos de computador, mas os do tipo "time management" e "click and play", nem sei como é o mercado desses jogos no Brasil, pois adquiro os meus em sites dos EUA…
    Bom se te interessar me mande um e-mail…
    Sorte, Vanessa

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