Algumas semanas atrás, em uma conversa descompromissada com um assessor da Bandai Namco daqui do Brasil, comentei o seguinte com ele: se a empresa fizer um evento próprio igual em 2014 e tiver o Dark Souls III, pode crer que daria um jeito de ir pra São Paulo, mesmo sem ter muita grana para isso. Na época já pensava um pouco na Brasil Game Show e do jogo poder estar lá, como estava o Bloodborne em 2014. Mas o Bloodborne, por mais que o jogo seja top, na época eu não ligava tanto por conta de não pensar em comprar um PS4. Joguei o jogo e na época achei meio “meh”, sem entender na época a funcionalidade da arma de fogo, e a vida seguia.
Mas isso sempre mudaria com o Dark Souls III. De um hype por conta de vazamentos do “The Know” (não tão impactante quanto o Bloodborne com o seu “Project Beast”) a um anúncio de um jogo 100% next-gen, aliado a ter comprado um PS4 recentemente, o jogo se tornou novamente a cereja do bolo desde que vos escreve. Um jogo de uma série que, por mais que tenha sido um dos principais chamarizes do evento da Bandai nos últimos dias, é uma série que nem todo mundo curte fervorosamente, talvez pelo jogo ser altamente implacável.
A produtora fez um evento em São Paulo no dia 24 de agosto, trazendo os principais lançamentos dela para este final de ano. Tirando o Tekken 7, o evento teve desde o Cavaleiros do Zodíaco: Almas dos Soldados (visual impecável e cell-shading, mas…um game de luta?). Digimon: Cyber Sleuth (me surpreendi com o visual), Tales of Zestiria (mapas um pouco vazios e sem inimigos na parte onde eu joguei…mas pode ser que isso mude na versão final), Sworld Art Online: Lost Song, entre outros jogos. Mas a cereja do bolo, claro, estava na série sádica da From Software, e cheguei a ficar até o final do evento pra tentar uma “beirada” e poder testar essa belezinha pra compensar o investimento na viagem.
Primeiramente antes das impressões, agradeço imensamente por ter me convidado! Sei que ando meio parado por aqui por conta da falta de tempo e dos trampos insanos (por estar inicialmente trabalhando na inauguração de um novo portal de games ligado ao UOL, fora o DomínioMMO e matérias esporádicas no próprio UOL Jogos), mas o Select ainda está aí, e nada melhor do que comentar sobre RPGs sádicos, certo? Vamos lá!
Implacável, mais ágil e … mortes por conta da gravidade!
Dark Souls III continua tão implacável quanto os jogos anteriores.Poderia citar as heranças que a série poderia ter herdado de Bloodborne, como a “aparente” agilidade do personagem, aliado a visceralidade dos golpes e dos inimigos continuarem implacáveis como sempre.
Mas essa impressão é a primeira impressão nua e crua. Mas ao analisar melhor, percebe-se que a essência básica da série continua: a questão de empunhar um escudo, do jogador seguir cautelosamente pelos mapas, dos inimigos terem “sangue nos olhos” (até certo ponto), dragões matando os inimigos pra você…e mortes por conta da gravidade!
Nada é mais terrível do que você saber que não poderia andar demais sem ver aonde estava pisando, até você cair miseravelmente edifício abaixo. Por mais que você já saiba de antemão que aquelas Firebombs que você usava, ou os Estus Flasks que você usava de maneira menos cautelosa, poderiam faltar mais pra frente na luta contra o chefe da build (aquele magrelão com espada flamejante, o Dancer of The Frigid Valley):
A localidade da build é a mesma da Gamescom e do vídeo de gameplay do IGN (que usei para capturar algumas imagens para ilustrar o post) a Wall of Lodeleth, uma locação parecida com a Undead Burg, mas com elementos de Boletaria (© Calibre Lordal) e torres imensas com catedrais ao fundo (que lembra um pouco Iron Keep), outra provável herança de Bloodborne.
De cara dava pra ver que a HUD é parecida com a da série, mantendo as mesmas características como a barra de energia, stamina, armas, estus flasks, medidor de almas e uma pequena novidade, mas que provavelmente não devo usar tanto na versão final. O medidor de “golpes especiais”.
A numeração é a quantidade de golpes especiais que o jogador poderá desferir dependendo do equipamento usado. Segundo o Fernando Mucioli, do Calibre Lordal, a build tinha um escudo com um elemento especial, ou mesmo uma greatsworld, com movimentos diferentes. O medidor recarrega no bonfire, e já fico imaginando que esta será uma das principais mecânicas do novo jogo. Se antes já tínhamos golpes “carregados” (como o da Drake Sword), foi em Bloodborne que esse esquema de luta foi mais usado, dependendo da arma equipada. Por ter usado um Machado de Caçador por boa parte da aventura, sempre usava um golpe carregado para matar os inimigos no primeiro hit, sem me preocupar tanto com “o que vem depois”. Cautela em um jogo que pede pra você partir pra cima? Porquê não!
Mas como esse elemento eu não cheguei a testar na hora, fui na base da porrada mesmo. A área tem alguma linearidade com alguns inimigos, podendo destacar uma espécie de “orador dedo-duro” com uma lanterna na mão, que dedurava a sua posição para outros inimigos próximos. Mas não percebi, por exemplo, se os inimigos “pacíficos” da área poderiam me atacar logo após isto, mas o instinto mandava eu dar cabo primeiro desse orador doidão.
Outro retorno às origens é a escada que leva para uma ponte, com um dragãozinho maroto lá pronto pra te exterminar com a sua baforada clássica! Aqui entra a “estratégia” (do inglês strategy, do Darksouzês “não-vá-correndo-pra-lá-logo-meu-filho!!!”) de você atrair os inimigos pro corredor (sim, é um spoilerzero, mas é um spoilerzero!) e esperar o dragão carbonizar os seus amiguinhos. A mesma estratégia pode ser usada pro primeiro “super knight da Undead Parish”, com capa vermelha, escudão e muito sangue nos olhos, mas que “desiste” de te perseguir quando você volta muito. Ter visto o vídeo do IGN foi fundamental pra usar o dragão pra matar o cara, mas também eu poderia ir na base da visceralidade mesmo. Sangue nos olhos, é o que dizem…
Mas é aquele negócio: não cutuque onça com vara curta, e é isso que a gente faz no telhado, após passar por algumas salas internas, tendo uma espécie de fogueira com um monte de adoradores pacíficos, mas que surge um belo de um “mini-mini-chefe” (um sub do sub-chefe, ou só um inimigo mais forte mesmo!) feio pra cacete, que lembra um Tyrant do Resident Evil e que não é tão difícil de matar. Mas teve a gravidade, ah sim, aquela regra básica da física, onde eu cai prédio-abaixo. Causa e efeito, Zero-Dois, causa e efeito!
Três armas, 2 escudos, uma tocha e o retorno do parry
Logo de cara quando testei o jogo fui ver o meu armamento, já vendo que o jogo adicionou 1 slot a mais de equipamentos. Uma das classes que testei tinha 2 escudos e uma tocha na mão esquerda, e 3 armas na outra mão. Trocar elas não é nada intuitivo quando eu acessava as locações mais escuras da build, mas é mais uma questão de costume, e talvez de escolhas de estilos de gameplay que o jogador poderá escolher na versão final.
Outro detalhe quanto ao sistema de combates é o botão L2, que, dependendo da arma equipada, ele executará um golpe diferente. Mesmo que você esteja com um escudo equipado, eu acabei fazendo uma espécie de “slice vertical com 2 espadas, já pensando no Dual Swordsman, a classe de 2 espadas e uma classe veloz de Dark Souls II.
No vídeo da live do Calibre Lordal foi citado que um dos escudos poderia ser um “escudo de parry”, outra mecânica da série que retornou ao jogo, mas que é mais difícil de executar. Por eu nunca jogar tentando esse tipo de comando (sendo que eu deveria ser melhor nisso, mas o timing nunca ajuda) eu acabava indo de maneira clássica: tentando achar brechas nos inimigos, desviar dos golpes deles, desferir mais golpes, tentar desferir um golpe a mais e tentar a sorte de matar o inimigo logo em seguida.
Das armas que os jogadores foram coletando antes de mim (pois nem todos resetaram a build) eu poderia ter optado por uma greatsworld, lenta, mas que causa bastante dano. Ou usar uma “espada curtinha”, desferindo ataques rápidos. Acabei optando por ela mesmo, para ter mais tempo de reação, tudo na base da esgrima mesmo!
Lápides de enredo (?!?)
Já a build teve 2 pontos bem intrigantes, onde você “oferece uma chama”, ganhando informações misteriosas, como uma citando o “Lord of Cinder”, e outra citando algo como “O cara foi banido do seu lar, e foi amaldiçoado pelo sol negro”.
Lembrei disto:
Pode ser que tenha relação, pode ser que não, mas já é intrigante por ter um “novo ponto” de informações de enredo. Pela série ser altamente introspectiva quando ao enredo do mundo, será um deleite pros jogadores caçarem e especularem sobre o enredo do jogo. O jogador derrota o Gwin, Lord of Cinder no final do primeiro Dark Souls, e tanto este artigo da Escapist Magazine, quanto o trailer da E3, mostra uma provável ressurreição de um desses lords. Talvez o jogador seja um “Dark Hero”, tendo de derrotar esses lords durante a progressão.
Visualmente impressionante, mas o PC do evento…
Eu me pergunto porquê diabos a Bandai não trouxe a build da Gamescom no Xbox One (ou PS4). Questionei a empresa, mas eles não comentaram muito sobre o porquê deles terem trazido o jogo rodando em um…notebook. Até que o notebook é bonitão, eu levei uma chapuletada deles por ter tentado gravar o gameplay do jogo com a câmera (sabia que tinha embargo até a última sexta-feira, mas não tinham comentado inicialmente que o jogo era o único que não poderia filmar e fotografar), mas a questão de ter trazido o PC pra rodar o jogo é um mistério.
Visualmente o jogo está soberbo, com os cenários bem nítidos e melancólicos, os efeitos de iluminação impressionantes (principalmente com as tochas), tudo digno de um jogo next-gen. Mas não adiantava nada deixar o jogo no talo e ter quedas de framerate brutais. Principalmente na luta contra o chefe, onde a queda de framerate dava uma sensação falsa de “facilidade”, mas que atrasava na resposta de comandos. O “modo slow-motion”, e isso acaba detonando parte da experiência de jogar a série. Sei lá, poderiam ter visto isso e ter deixado o visual não tão potente, ou ter trazido um PC mais potente pro evento.
Não acho que os jogadores do evento ligariam tanto pra questão gráfica da série, talvez por conta de toda a treta anterior do vídeo do IGN e da versão final ter vindo com gráficos inferiores no PS3/X360. Mas enfim, o game estava jogável no evento de maneira satisfatória em muitos trechos, mas quando exigia muitos elementos gráficos na tela…a situação complicava bastante.
Conclusões
O mais legal dos jogos da série Souls (e dos videogames em geral, mas são nos RPGs da From Software que fica mais em evidência) é o “elemento surpresa” dos jogos. Claro que às vezes assistir um gameplay de um evento já deixa você “vacinado” contra eventuais surpresas, mas ficava curioso em querer, por exemplo, subir a escada e tentar encarar o dragão, mas por ser um evento e com mais jogadores esperando a sua vez, era mais “seguro” tentar uma abordagem mais conservadora e não morrer precocemente.
Outras questões ficaram sem respostas por enquanto, como o sistema de covenants (o símbolo do sol estava na HD…), o PvP/Co-Op e a questão do bonfire móvel/sacrifício de bonfire (criando um novo bonfire no meio da fase), uma curiosidade que eu sempre tive quando vazaram as primeiras informações do jogo.
Independente disso a série promete ser ainda mais implacável e trazer bastante diversão, adicionando um pouco mais de agilidade na movimentação e novas mecânicas de combate, como o esquema de golpes especiais dependendo da arma. Com o Ps4 em mãos, certamente será a versão que irei escolher para jogar, continuando a tradição de jogar os games da série nos consoles da Sony. Devo também pegar o Dark Souls II: Scholar of The First Sin futuramente pra me preparar para o terceiro game da série, e talvez tenhamos mais informações na Tokyo Game Show, evento de games que irá acontecer no Japão entre os dias 17 e 20 de setembro.
Dark Souls III será lançado para PC, PlayStation 4 e Xbox One no início de 2016.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!