Em 05 de fevereiro de 2009, chegava o mercado um game que poderia ser apenas “mais um” game medieval, mas que, com a ajuda de uma comunidade e do boca a boca informal em fóruns, sites e blogs, praticamente definiu um gênero único dentro dos RPGs medievais. O exclusivo Demon’s Souls, apesar de ter um visual OK para a época, vinha com mecânicas até então inovadoras, com destaque para o seu sistema de recompensa e superação. Onde o jogador aprende, da pior maneira possível, quais trechos ele deve ter cautela, conseguindo uma sensação de triunfo quando supera a adversidade.
Basicamente, o RPG da From Software para o PlayStation 3 grava constantemente o seu progresso, e todas as suas ações são permanentes. Acertar um NPC renderia um inimigo extra para o resto de sua progressão, e morrer em um combate resulta em perda de almas e do retorno ao checkpoint mais recente, tendo o retorno de todos os inimigos comuns da área. O jogo te dá uma chance de recuperar as suas almas, mas se você falha no meio do processo, elas se perderão para sempre.
No início de uma progressão, a perda não é tão excruciante, mas em momentos mais avançados, perder de 10 a 30 mil almas, ou mesmo valores altíssimos, é uma perda irrecuperável dependendo da localidade e da situação atual do personagem. Isso fez com que muitos jogadores “leite com pera” odiassem o jogo, mas os mais perseverantes, os jogadores que queriam um desafio à altura, os amantes dos games de fantasia, esses viam uma oportunidade de triunfar e de mostrar os seus feitos para os seus pares.
Outro sistema que considero crucial e que não era tão usado na época é o seu impressionante sistema de cooperação. Aqui o jogador pode oferecer ajuda e é levado ao mundo de outro jogador, auxiliando ele, por exemplo, num confronto contra um chefe, e voltando a ficar vivo com o sucesso da missão. Ou mesmo ser invadido por outro jogador caso você esteja perambulando por aí, e se você já tinha que ficar preocupado com qualquer esquina, ser invadido por um jogador que tenha mais habilidades de combates é muito mais desafiador.
Certamente o sucesso tremendo do jogo no PS3 surpreendeu tanto a From Software, a Sony e a Atlus, que teve a coragem de lançar um jogo praticamente desconhecido aqui no Ocidente. Com a temática, a From Sofware decidiu evoluir a fórmula e conseguir mais fãs ao jogo com o Dark Souls, o segundo game da “franquia Souls” que foi lançado para PlayStation 3 e Xbox 360, ganhando posteriormente a versão para PC, após a petição ter atingido mais de 70 mil assinaturas.
Parabéns, Demon’s Souls! Os fãs da série Souls agradecem à sua existência, que praticamente inaugurou o gênero de “RPG sádico”, apesar de que, com aprendizado e evolução do personagem, o game deixa de ser sádico e fica mais acessível.
[Dica do Calibre Lordal]
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!