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Ficção Real 07 – Despertar

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110º Dia
Hoje foi um dia normal, casa, trabalho, casa.
Meu trabalho é simples e termina rápido, não tenho mais nada para fazer, as pessoas são distantes. Só me resta ficar sentado na minha sala olhando pela janela esperando o tempo passar. Algumas vezes aquele céu azul me fascina.
Em casa, ligo a TV e passo o resto do meu dia vendo os noticiários.
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111º Dia
Mais do mesmo, trabalho e casa. Essa rotina.
Quase me esqueço, ouvi duas pessoas conversando no metrô sobre os Runners. Ficaram quietos quando me notaram.
Nunca vi um, será que é difícil contatá-los?
112º Dia
Isso está perdendo a graça, não acontece nada de diferente. Por que escrevo um diário?
Algumas vezes parece que uma força superior me controla.
120º Dia
Hoje após ter concluído minhas obrigações fiquei olhando novamente da janela de minha sala. Aquele céu azul me convidava, precisei subir até o terraço. Nunca havia estado lá mas um colega me disse que é um ótimo lugar para se esconder do trabalho. Pensei que ver o céu e a cidade daquela altura me faria melhor, eu até agora não acredito no que me aconteceu.
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Eu vi um anjo voar!
Melhor, correr! Nunca vi uma pessoa correr como ela corria.
Não estava tão longe e parecia que fugia, mas não me importei com isso. Era rápida, era o ser mais bonito que já vi na minha vida. Seus olhos exóticos, seu cabelo preto como a escuridão dançava ao vento. Ela tinha tatuagens em seu braço direito que não consegui identificar mas faziam um contraste único em sua pele branca como a areia fina. A moça era um ponto colorido neste emaranho de edifícios brancos, ela era uma Runner, ela era proibida, uma mulher que possuía asas em seus pés.
Alguns dizem que eles são perigosos, não entendo como isso pode ser verdade, se todos os Runners forem como ela. Eu posso dizer que eles têm inveja, eu tenho inveja dela.
Mas eu quero falar mais dela. Como ela apareceu me surpreendeu, uma porta abriu com um estrondo no alto de um prédio e de lá saiu em disparada. Pulou sem pensar no teto de vidro e escorregou por ele. Quando o teto acabou pensei que ela iria precipitar-se para a morte. Mas ela saltou da beirada para o outro prédio na frente e, no momento que aterrissou, deu uma cambalhota para conter o impacto. Surpreendeu-me ver um helicóptero da polícia que a perseguia. Ela então estava mesmo sendo perseguida e atiravam para matar.
Como ela ousava fazer isso eu não sei, mas era astuta e rápida. A perseguição continuava, ela disparou para esquerda e pulou do prédio que se encontrava para outro menor. Prendi a respiração e antes que soltasse ela já estava correndo desse menor para outro mais baixo. Correu, deslizou por sob uma série de dutos de ar, pulou da beirada do prédio e dessa vez os mesmos dutos que atrapalhavam. Passou o primeiro por baixo, venceu o segundo com um pequeno salto e no fim do prédio ela se jogou para um toldo que amorteceu sua queda, pois dessa vez a cambalhota não seria suficiente. Correu para direita, esquerda e pulou nas escadas de emergência do prédio vizinho e os dutos de ar agora eram seu chão. Quando se abriu o nada em sua frente achei que havia chegado ao fim da linha, mas ela literalmente andou pela parede até outras tubulações que pareciam inalcançáveis. De lá pulou para o prédio ao lado e voltou a correr, com seu fôlego único. Sua corrida chegou ao fim, pulou para a sacada do prédio a sua frente arrombando uma porta com o ombro e não mais a vi.
Fui embora também, todos os alarmes do prédio onde estava dispararam, nos deram o resto do dia de folga.
Vi no noticiário que uma policial havia sido acusada de assassinar Robert Pope. Eu iria votar nele para prefeito, seu discurso mostrava que faria mudanças nesta cidade.
Parece que não mais, tudo continuará a mesma coisa.
121º Dia
Voltei ao trabalho hoje e subi no terraço para ver a cidade.
Meu pai me conta histórias sobre as revoltas que as pessoas faziam nas ruas. Eu ainda era criança, não me lembro direito disso, mas olhando para a cidade parece que nunca aconteceu. Meus amigos que não possuem pais não me fazem esquecer. Em minha rotina vi-me preso neste mundo e me conformei a somente observar.
Talvez seja o momento de fazer alguma coisa. Não posso correr como aquele anjo, mas posso levantar e lutar, está na hora de me mover. Num efeito dominó, ela abriu meus olhos e eu posso abrir os olhos de outras pessoas.
Tenho Fé que a verei de novo.
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7 comentários em “Ficção Real 07 – Despertar”

  1. Estilo literário diferente, jogo pouco abordado, visão em terceira pessoa (em relação ao game, que é o foco do Ficção Real). Publiquei assim que chegou no email e revisei.
    Mandou bem Ariza.

  2. Muuuito bom! Parabéns cara! Fiquei imaginando olhar a Faith correndo pelos predios, saltando e fugindo. Fiquei imaginando como seria a vida de uma cara naquela cidade, fiquei imaginando tanta coisa….
    Deu muita vontade de jogar Mirrors Edge novamente, vend o meu para o Pablo Rosados, mas vou compra-lo novamente. Quem sabe do Giusepe que é um herege e não gosta tanto assim de Mirrors Edge.
    Sensacional o texto, espero outros com esta perspectiva….

    1. Eu achei que a parte que eu descrevo ela correndo ficou meio confuso, mas tudo bem, faltou criatividade e um vocabulário maior.
      Se eu contar que eu ia escrever sobre Bionnic Commando nesse estilo, mas acadei desistindo já que cai uma boma e todo mundo morre no começo do jogo, como iria haver alguém para descrever os saltos do cara?

  3. Brigado a todos pelos elogios e quem sabe num futuro próximo com a permissão do pessoal mando mais um em outro estilo literário.

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