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A franquia de uso de dados e no que isso poderá influenciar para o jogador

Google News

O assunto do momento ainda continua reverberando nas redes sociais e portais de tecnologia. No início de 2017 as principais operadoras de internet implantarão a franquia mensal de dados, onde o consumidor só terá direito a uma quantidade específica de gigabytes por mês, ferrando completamente com o consumo da internet por parte das pessoas.

As empresas alegam que elas estão fazendo isso para oferecer mais qualidade de conexão para os usuários em geral, mas para o consumidor heavy user e os órgãos de defesa do consumidor, isso fere os direitos do usuário. Se eu já pago caro pela internet, quero usufruir dela totalmente, e não ter amarras por conta das operadoras.

Já outros usuários acreditam que as operadoras estão pouco se lixando para os usuários e querem ainda mais dinheiro, continuando a oferecer um serviço de péssima qualidade, atendimentos sofríveis, entre outros transtornos que o usuário passa diariamente.

E ainda tem a questão dessa alteração minar justamente os concorrentes das próprias operadoras, por conta das operadoras também ter pacotes com TV a cabo. Hoje concorrentes afiadíssimos com o Netflix, Youtube e torrents fazem com que o consumidor não veja sentido em assinar uma TV a cabo e pagar de 5 a 10x mais pra ter isso, que tem canais de péssima qualidade, reprises constantes dos mesmos filmes (série Velozes e Furiosos, por exemplo) e obrigar o consumidor a assistir aquela série de TV na hora que o canal determinar, ferrando com usuários que podem não ter horários de trabalho fixos, e que gostariam de continuar acompanhando aquela série.

Mas e para o jogador que tem consoles next-gen, PC de ponta ou ainda tem videogames antigos? Este artigo é mais para dar algumas dicas iniciais e análises que o jogador terá de fazer pra não ver a sua franquia de uso de dados mensal evaporar nas primeiras horas e dias. Pois com a popularização do download, dos jogos digitais e das promoções regulares, está cada vez mais fácil consumir games hoje em dia, ainda mais nas épocas das promoções arrasadoras do Steam. Vamos lá!

O perfil do jogador

Esta pergunta, apesar de fácil de ser respondida, não é tão fácil assim. Você já analisou o seu perfil de usuário? Se você foi daqueles que jogam poucos jogos, mas os joga constantemente (como um League of Legends, Smite, um jogo de tiro específico, um Destiny ou um MMO) então provavelmente você não irá se preocupar tanto com isso (a menos que você seja usuário constante do Netflix também). Mas dependendo do seu perfil, você terá de fazer uma reeducação forçada antes de fazer “aquele senhor download daquele jogo que estava custando uma pechincha no Steam, mas que tem um um tamanho gigante”.

Por exemplo: se o jogador tiver o perfil de jogar muitos jogos, mas não os joga muito, e tem conexões potentes de internet, provavelmente ele terá este perfil: pelo game continuar atrelado à conta, ele deleta o jogo e baixa depois, quando ele quiser jogar. Afinal de contas, o download é rapidinho…

The Division - Cobertura em Taxi

Aqui entra o primeiro problema, e que certamente o consumidor terá de analisar, e que ferrará com toda a diversão. O jogador deverá ter planejamento do que baixar para não ter a conexão cortada, e se ele faz uso não tão constante de determinado jogo, mas acaba jogando ocasionalmente quando um amigo quer jogar junto. A sugestão é de fazer um upgrade de espaço em disco, para que ele mantenha o jogo baixado, e não deletar nunca. Ou deletar algo que ele não jogará mais, que pode ocupar muito espaço do HD (por exemplo o Call of Duty: Advanced Warfare, que consumiu 80 GB do meu HD da versão para PC).

Outro perfil é do jogador que joga os games e vai além, caçando conquistas/troféus e aumentando o tempo de vida útil. Ou mesmo um amante de jogos de RPG mais longos: pelo jogador não ser de baixar tantos jogos, e dele jogar bastante alguns deles (por exemplo, o The Division com o jogador fazendo todo o conteúdo e jogando na Dark Zone/raides/PvP e co-op com os amigos) então provavelmente ele não é de baixar outros jogos.

Mas se o jogador também baixar outros jogos para ele jogar depois e conhecer, ele pode acabar tendo problemas. Se a conexão for cortada, ele acabaria ficando sem conexão pra jogar os games online, e aí ou ele terá de comprar um pacote extra, ou terá a diversão prejudicada (ferrando, por exemplo, com a participação de um core de raide).

Guild Wars 2 - Wallpaper Full HD - Retribution - 1920x1080

Os campeões de updates monstruosos

Aqui cai um dos maiores problemas da geração atual de consoles e PC. Se eu já reclamo de updates gigantes com uma conexão xing-ling de 5 MB do meu Velox, fico imaginando as tretas e decepções quando tiver também a franquia de uso mensal. Hoje diversos jogos tem updates que estourariam a franquia mensal em questão de horas. Destiny, The Division e Call of Duty Black Ops III são alguns exemplos mais recentes. Até que o update desta semana de Destiny não é tão grande (4 GB), mas quando saiu a expansão “O Rei dos Possuídos”, os jogadores que compraram a versão física tiveram de baixar 18 GB. Tem updates do Black Ops III com 7 a 10 GB, e o The Division não fica atrás, também tendo updates monstruosos de tempos em tempos, com os novos conteúdos sendo lançados, junto com correções e updates.

Às vezes a produtora atrela um DLC ao update mais recente, tendo apenas uma chave para destravar um conteúdo, mas em um mundo com franquia de dados se torna um problema grave, pois o jogador deverá analisar qual o jogo ele poderá atualizar naquele mês.

E outra: pelo Steam ser praticamente atrelado ao sistema operacional, você nem percebe que determinados jogos tiveram update, pois às vezes você não está fazendo uso constante de internet naquele momento (por exemplo, acessar uma rede social), enquanto que o background do Steam está trabalhando a todo o vapor, baixando updates dos jogos que você tem instalado em sua máquina:

Download em background do Steam

O exemplo acima tem poucos MB, mas às vezes tem updates monstros que você só percebe ao abrir a interface do Steam para escolher algum jogo.

Versões físicas vs custo extra de franquia de dados

Aqui entra outro prejuízo para o consumidor. Em um mundo com promoções regulares de jogos, comprar uma versão física com valor mais alto para economizar no download pode não ser tão vantajoso para o consumidor, mas que pode acabar sendo necessário para manter a sua internet ativa.

Só que em um mundo ideal, tanto nós, editores de conteúdo e jornalistas, quanto os próprios jogadores, teríamos de ter de ter um banco de dados online dos próprios jogadores com informações sobre como que o game adota os updates e se uma versão física mais completa vem com todos os pacotes inclusos em disco. Teríamos de ter um local com informações alimentadas pelos jogadores que compram esta edição extra, talvez um wiki.

Por exemplo: a versão PS4 do Resident Evil 6 vem com todos os pacotes inclusos em disco e no download, mas se o jogador visse o game em promoção no PS3, com um valor mais baixo (por exemplo a edição Ultimate Edition na PSN Store), talvez não compensaria ele pegar esta versão old-gen se ele já tiver o PS4, pois o jogo precisaria fazer um download maior.

eSports e Streaming

Hoje os streaming vieram pra ficar. Desde o jogador mais casual que transmite uma partida para amigos próximos às grandes empresas e com eventos de eSports, hoje o streaming consome muita banda. Twitch, Azubu e Youtube (além do já citado netflix, para séries e filmes) são os principais players da atualidade, com transmissões que batem fácil os 100 mil espectadores. A final do CBLOL, eventos como o International de Dota 2 e a popularização do CS:GO, com a equipe brasileira Luminosity ganhando o campeonato mundial mostram que o Brasil está em franca ascensão nesse quesito.

Só que com o limite de uso de dados, isso irá diminuir a audiência desses eventos e para os jogadores que estão conseguindo viver a vida de streaming e os Youtubers serão altamente prejudicados com essa medida, tendo de ter planos alternativos para ter mais segurança (no caso ter mais de 1 operadora, e acionar a operadora reserva quando a franquia de dados da primeira esgotar) e tendo, inclusive, diminuição de audiência e de faturamento. Menos pessoas assistindo os vídeos, menos grana para o Google e para o Youtuber.

Azubu - Imagem

Precaução e planejamento do futuro próximo

Sabe aquele velho ditado de não deixar pra fazer amanhã o que você pode fazer hoje? Então, esse tópico é justamente pra isso, o que demandaria, dependendo da situação, de investimentos extras do jogador. Pegarei o exemplo do Skyrim: vira e mexe a versão Legendary Edition fica em promoção no Steam, saindo por menos de R$ 30 reais, para um game que pode ter conteúdo suficiente para 200, 300 horas de jogo, dependendo de como o jogador irá jogar o RPG da Bethesda (isso sem citar os mods de conteúdos que a comunidade faz!). O game não é tão grande em tamanho, mas se o jogador tiver algum interesse em jogar ele em algum momento, ele pode baixar o jogo e “deixar de prontidão” no seu HD.

Skyrim - Dragão

Essa tática de baixar antes valeria para os meses onde o jogador tem uma boa quantidade de franquia de dados sobrando no final de um determinado mês, já que o jogador não teria esse excedente repassado para o mês seguinte. Baixar um game antes e ter mais franquia no mês seguinte irá requerer planejamento extremo do jogador, junto com análises de sua largura de banda, o que ele consome de dados e como a internet é usada em sua casa. É botar na ponta do lápis mesmo, fazer análises e cálculos e ele pode iniciar o download dias antes da virada do mês, tendo um download menor no mês seguinte.

É complicado ter de fazer esse tipo de planejamento por conta das operadoras implantarem esse modelo absurdo, mas que acabará sendo necessário.

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Concluindo, o consumidor terá de analisar com a sua operadora, ver o contrato assinado, analisar opções para a sua região, rezar, controlar a sua conexão e rezar pras operadoras desistirem dessa insanidade. Apesar de ter diversos abaixo-assinados com muitas assinaturas, acho improvável de que isso influencie nas decisões das operadoras. Se as multas pesadas não são nem pagas direito pelas operadoras, acho difícil uma Oi ou a Vivo mudar de ideia com base em 350 mil assinaturas de uma petição online, por não ter efeito jurídico. Mas acho que ter protestos na rua ou ações contra as operadoras no Judiciário poderiam ajudar, mas ainda é cedo pra prever como que será na prática.

Para uma operadora sentir na pele, ela teria de perder muitos clientes para um concorrente e se mexer. Claro que alguns usuários falam que a gente deveria boicotar e cancelar a internet. Mas e quem tira o próprio sustento dela? E a nossa diversão? E a nossa comunicação com parentes e amigos distantes pelas redes sociais e Facebook? Falar em boicote é fácil, mas quero ver ficar sem internet hoje. A maioria já não gosta quando dá problemas com a conexão atual, e ficar sem ela pode não ser uma opção para a maioria. E com a Anatel de mosca-morta e conivente com as operadoras, a gente vai acabar pagando o pato no futuro próximo. E as concorrentes que souberem capitalizar e não tiverem franquia de dados pode se dar bem, mas quando as 4 principais vão adotar isso, está sendo difícil correr para a empresa menos onerosa tecnicamente e que cobre um preço justo e acessível.

Internet - Transferência de Dados

16 comentários em “A franquia de uso de dados e no que isso poderá influenciar para o jogador”

  1. LRoosevelt P. Ibiapina

    Retrocesso! Essa medida não traz nenhum impacto positivo. Nenhum se quer!!! Não tem como a ANATEL fechar os olhos para este absurdo!

    1. Walerio 100% Original

      ta foda, ANATEL que deveria defender o povo esta dizendo que isso é melhor por povo, como assim ??
      ANATEL deve term recebido alguma grana das operadoras, algum babaca corrupto recebeu grana e esta aceitando isso.

      1. Se a Anatel fizesse alguma coisa, ou o Governo, não estaríamos nessa situação hoje. Eles botam uma multa milionária contra uma operadora, depois parcelam em 48x ou os caras entram com um um processo pra atrasar isso.

        Ou mesmo o lobby deles em Brasília, pq x deputados foram financiados por eles. Aí eles ganham a votação e fazem leis favorecendo as empresas e mandando o consumidor se ferrar. È foda…

  2. Walerio 100% Original

    Palhaçada isso, paga 65,00 em 10 mega aqui na minha cidade e tem dia que nem fica em 2 mega , antes era GVT e agora é esse lixo da VIVO, 100 gb de franquia bando de fdp.
    Ja falei e repito essa porra de Brasil só melhora quando tiver terroristas contra essas empresas e políticos…

    Internet aqui no Brasil ja deveria ser de 50 mega com 35 mega de upload, algumas cidades tem live tim , aqui na minha cidade pago 65,00 em 10 mega com 1 mega de up, sp e rj tem internet de 50 mega /35 de up por menos de 100,00

  3. Arthur Arruda

    Estou acompanhando as noticias desde o anuncio, TODOS, só falam do problema, reclamam que é injusto, um roubo, falam da petição da avaaz etc, etc. Só que ninguém apresenta um solução VIÁVEL ao problema e eu tenho certeza que existe uma, Não existe um advogado experiente que possa ficar ao nosso lado nessa luta? alguém que ajude nos, os consumidores e acabe com esse CARTEL das operadoras?

    1. Olha, eu não pensei muito nisso na hora, MAS talvez seja interessante ver como será quando o sistema for implantado. Tipo, pra barrar o Lula como Super-ministro, surgiram 50 ações judiciais pra atrasar o cara, mas aí vem um decreto de algum ministro, derrubando tudo, e permitindo ele de “governar” o Brasil.

      Mas é foda. Se o Marco Civíl permite isso por lei, mesmo que a gente entre com processo não vai adiantar de nada. Acontece essa situação hoje com celular, e não chega a conhecimento público ações individuais pra que as operadoras não fazem franquia de dados no celular. Só que no meu caso poderia alegar que “eu não posso ter limite de franquia de uso pois prejudica o meu trabalho” (no caso se eu receber jogo digital pra review), mas eles podem alegar que eu prejudico os meus vizinhos pq uso toda a largura de banda, e que isso prejudica os “planos de expansão” (que a gente sabe que nunca tem), sendo que eu pago e nem recebo direito a internet contratada.

    2. Talvez a única solução seja uma grande mobilização no sentido de boicotar qualquer operadora que decidir levar isso adiante, deixando de consumir todo e qualquer produto por eles ofertados e migrar para provedores locais ou mesmo abrindo mão da banda larga por um tempo. Só uma resposta dura por parte dos consumidores pra fazer eles recuarem.

    3. Thiago Deyvison

      A solução seria realmente boicotar, já que eles sentiram o peso dos cancelamentos da TV a cabo por causa do netflix e afins, eles tb irão sentir o peso no bolso pelo cancelamento em massa!

      1. Eu sou um que assim que minha fatura chegar franqueada pois uso oi velox. no mesmo dia solocitarei o cancelamento. isso e uma falta de respeito com o povo brasileiro.

  4. Vamos ter que tomar decisões duras para combater esse retrocesso…eu não vou aceitar isso e vou tentar convencer o maximo de pessoas possiveis para que não aceitem não vou pagar por isso não aceito essa sacanagem !!!

  5. Inteligente ou um empresário de grana se tiver a visão de abrir uma concorrência igual para manter a banda ilimitada… com toda certeza que os clientes da vivo ou oi vai sair .

  6. Eu sei que é difícil mas pra um início interessante de boicote poderíamos cancelar as linhas fixas e ficar só com os pacotes móveis, tentar aguentar um mês pelo menos e ver a reação das operadoras quanto a isso.

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