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[Futurologia] E se o bloqueio de jogos usados começasse hoje?

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O assunto ronda a mídia, a indústria e os jogadores faz tempo. Pra indústria, os games usados diminuem o faturamento que elas tem, pois o jogador acaba optando muitas vezes por comprar um game usado. Um novo renderia mais grana pra produtora/desenvolvedora do game. Lojas de todo o mundo vendem usados e conseguem lucrar, e o jogador opta por ter um game mais barato. Dizem que o próximo console da Sony terá travas contra games usados, e na semana passada um funcionário da DICE (que desenvolveu o Battlefield 3, entre outros games) disse que a indústria teria games mais inovadores e as produtoras se arriscariam mais. Pessoalmente acho isso uma bobagem: não vai mudar nada a questão das gigantes criarem games similares para vender muito e continuarem em atividade. O próximo Call of Duty tem uma premissa interessante, mas muitos ainda acreditam que eles não vão mudar a fórmula clássica.

Mas, e se a partir de hoje já valesse essa regra? Se a Microsoft e a Sony lançasse ao mesmo tempo patches que impedem o uso de games usados? E se pra jogar todos os games teríamos de usar seriais para ativar um game? Com o Steam a palavra serial (para ativar um game na instalação) entrou um pouco em desuso, por conta justamente da gente comprar um game usando um serviço online e tendo essa ativação já embutida, atrelando o game na sua conta pessoal. Mas se o bloqueio funcionasse a partir de hoje, acredito que poderia acontecer o seguinte:

1) Diminuição das compras de games

Sem jogo usado, sem compras do jeito que fazemos hoje. Um game usado, na maioria das vezes, custa bem menos que as versões normais. Com valor reduzido, é mais fácil eu fazer uma compra por impulso ou pegar um game que eu não teria interesse imediato em gastar 200 reais. Exemplo: o L.A. Noire. No final do ano passado um primo de um amigo meu queria vender o game e comprei por R$ 90. Não me interessaria em pegar um novo logo de cara, esperando por alguma promoção de algum site. Ou talvez eu nem compraria o L.A Noire, optando por outros games melhores.

2) Fim das locadoras de games

Sem jogo usado, sem locação. Nesse ponto a indústria ganha pois se eu tiver interesse em jogar certos games eu teria de comprar. Mas se a locadora tiver um quiosque com uma TV e o console, então eu teria de fazer o deslocamento e pagar para jogar por hora, igual nas lan-houses. E os testes seriam de poucas horas apenas, pois a grana pra jogar um Final Fantasy XIII por hora pode sair mais cara que a compra do game novo. Mas pra outros games seria interessante pro jogador avaliar se vale a pena comprar ou não. O ruim é que muitos games só engrenam depois de algum tempo. Muita gente iria odiar o Demon’s Souls se jogasse apenas umas 2 horas, por conta da sua dificuldade sádica e do game não ser tão bonito e acessível quanto outros jogos do mesmo gênero.

3) “Me empresta o seu console?”

Se você tem um amigo com certos games e você tem outros que ele quer jogar, será comum emprestar o aparelho com os games junto. Acaba sendo uma alternativa, apesar de ser mais custosa tanto do deslocamento quanto dos riscos inerentes a movimentação constante do aparelho. Pode parecer uma idiotice a minha afirmação, mas esbarrar um aparelho numa parede próxima ou tropeçar e o console cair no chão pode acabar com a única diversão que muita gente tem em casa. Todo cuidado é pouco.

4) Diminuição do interesse por troféus/conquistas

Muitos caçadores de troféus não tem muito apego para a coleção. Quando alguém platina um game o jogador vende logo em seguida. Se se o game tiver troféus fáceis é rápido encontrar um comprador. Não vejo o Hannah Montana como um game com vendagens decentes em lojas, mas no mercado paralelo o game é um dos mais trocados/vendidos entre os caçadores de troféus. Com uma trava dessas o game seria jogado mais pelos fãs da atriz/cantora e pela imprensa especializada. Alguns podem até comprar, mas não será mais possível revender. Em uma pesquisa rápida num fórum do MyPST, alguns jogadores venderam por 40 a 60 reais, e na Saraiva está por R$99.

Agora, se existir um desinteresse da maioria em conseguir troféus comprando games usados, muitos deles poderiam partir para a:

5) Pirataria

Aqui no Brasil games ainda são muito caros, e para muitos jogadores, que tem interesse apenas de jogar e se divertir, será mais fácil destravar um console. Não serei hipócrita: se não tivesse troféus, jogatina online, 20 jogos de caixinha (e mais um tanto online) e a minha reputação de blogueiro, certamente teria destravado o meu PS3 ou teria comprado um Xbox 360 destravado na época. Se não dá pra rodar games usados, pra quê gastar tanta grana? Pode parecer extremo da minha parte, mas muita gente acaba concordando. Hoje videogame atual virou artigo de luxo, e se não tiver games usados o gasto com games seria ainda menor. Muitos ficariam desanimados em manter uma máquina cara, ou ficaria apenas comprando games de 2 anos atrás.

6) Aumento das importações

Com os jogos originais caros aqui no Brasil, o jeito será recorrer pra importação constante de games, um recurso que nem sempre é utilizado para quem consome muitos jogos usados. Muitas lojas do exterior fazem promoções impressionantes de games novos e não tão recentes, e aí o jogador irá esperar bastante pra comprar e pedir muitos games de uma vez.

7) Migração para uma plataforma mais barata

“Steam, steam, como vai, tudo bem! Desisti de ter PS3 pois os games são muito caros. Você tem promoções de jogos que a concorrência nunca oferece, e sai mais barato comprar e baixar”. Claramente hoje o PC se tornou a melhor alternativa para quem não quer gastar muito. Apesar do investimento inicial ser mais alto que nos consoles (um PC pra rodar games passa facilmente dos 1500 a 2000 reais para um PC razoável e mais de 4 mil reais por um top de linha que roda Crysis 2 com realismo maior que a realidade vigente) o preço dos jogos é, na maioria das vezes, a metade de um game pra console. Em jogos mais antigos a diferença chega a ser astronômica.

Ou o jogador pode ir para um game online e gastar bem menos. Um World of Warcraft custa em torno de 230 reais com as expansões, e 15 reais por mês pra manter. Ou nem precisa gastar, procurando games gratuitos.

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Sinceramente eu tenho um pouco de medo no futuro. Games tem tempo de vida útil, e o mercado de usados é comum hoje. Sem isso tudo fica mais difícil, e até mesmo pode ser usado como diferencial na escolha da próxima geração de consoles. Mais fácil a maioria comprar um sistema com games usados do que sem. Muita gente iria se adaptar, claro, mas nem todos conseguem ter poder aquisitivo pra comprar muitos jogos. Apesar da tendência ser o aumento do espaço de armazenamento e do download constante de games, muitos ainda preferem a caixinha.

[Fotos via Level+ e Jdawg182]

Marcações:

8 comentários em “[Futurologia] E se o bloqueio de jogos usados começasse hoje?”

  1. Assino embaixo, Flausino!

    Eu considero esse recente ódio das grandes empresas de games pelo comércio de jogos usados uma prova (mais uma, né?) de que elas estão desesperadas. Se elas fossem inteligentes, veriam essa situação como oportunidade e não como ameaça.

    Ultimamente eu pensei bastante a respeito e deixei de considerar alternativas como o Online Pass como algo ruim: desde que o jogo tenha grande parte de seu conteúdo livre e que pouca coisa ficasse bloqueada sob o Online Pass, vejo isso como algo válido para as empresas continuarem lucrando com um jogo mais antigo (só não pode acanalhar, né? Uma coisa é cobrar Online Pass pra um modo de jogo ou outro. Outra é cortar parte de uma campanha single-player, por exemplo).

    Mas eu acredito que o ideal seria eles fazerem o que a indústria do cinema fazia antigamente, vendendo games em mídia física de duas formas diferentes. Uma delas é a que todos conhecemos, vender normalmente para o jogador, como já se faz. A outra seria vender uma versão com preço um pouco mais elevado do mesmo jogo para os donos de locadoras e permitir que eles aluguem. Numa tacada só resolveria o problema do fim das locadoras, amenizaria a pirataria (por que essa nós sabemos que não vai acabar nunca), diminuiria a necessidade de importação e as empresas ainda lucrariam do jeito que elas querem!

    Mas como dá pra perceber, pensar no consumidor é pedir demais, então…

  2. Concordo com vocês… o vilão agora são os jogos usados, e depois, quem vai ser?

    1. Os consoles com seus exclusivos, geral vai reclamar que por causa deles eles ficam sem alguns jogos, a não ser que comprem outro console("Tenho PS5, mas só posso jogar o milésimo jogo do Mario se eu comprar o WiiWorld")
      OBS.: Sim, sei que é imbecil, essa é a intenção 😀

  3. ursinhomalvado

    Eu concordo. A verdade é que é muito raro eu jogar online, o que eu curto mesmo são os jogos de aventura como Uncharted e Assassin's Creed. Mesmo o GranTurismo não costumo jogar online, tem muito babaca por lá que se acha o "piloto" e fica enchendo o saco por qualquer coisa. Acaba sendo mais irritante do que divertido.

    Sem a opção de fazer trocas eu simplesmente jogaria menos ou pensaria num console desbloqueado. A única certeza é que eu não aumentaria meu orçamento pra games.

    Uma coisa que se fala muito é na distribuição online. É conveniente, mas o fato é que não importa o tamanho do seu disco rígido, ele vai ficar cheio! A tendencia é que os jogos fiquem cada vez maiores (em MBs) na media em que a resolução aumenta. Não consigo imaginar o download substituindo a mídia física. Talvez quando as redes forem "perfeitas" o streaming (tipo OnLive) possa eliminar a mídia física, caso contrário ainda acho que é um mito.

  4. Li em algum lugar que o primeiro console que lançar isso vai dar um tiro no pé! imaginem o Xbox720 sai com trava pra usado. O povo cai de pau e não compra, a sony volta atrás e lança um PS4 sem o bloqueio, o povo migra pra ele, maior base instalada… PS4 WINS. (ou o inverso)

    Acho que o futuro está nos online pass mesmo…

    Mas se isso se confirmar, eu compro diablo 3 e não troco de geração!

  5. Na minha opinião o futuro será basicamente de jogos digitais, sendo assim ele só poderá ser usado no video game que o baixou, e acho que cada conta psn no ps4 só poderá ser usada por uma pessoa, o que nos dá a exata dimensão de onde as produtoras planejam chegar, eu prefiro a "mídia" digital, gosto das caixinhas e tal, mas digital fica muito mais fácil e cômodo……..

    A própria Sony já disse que os jogos do Vita vão ser lançados em mídia física e digital, então logicamente o PS4 vai ser assim, vejam com os lançamentos da EA que uma semana depois já estão na Store, enfim, pra mim esse é realmente o fim dos usados.

  6. Inicialmente, muito obrigado pelo link para a minha matéria, de coração.
    Isso parece disputa de crianças querendo provar quem consegue ter mais atenção do público em geral. Além de um tiro no pé. Muita gente gosta de ter a cópia física nova, para desembalar e sentir o cheiro ou pela simples ostentação de ter a caixinha. Muitos conseguem fazer isso apenas pelo mercado de usados.

  7. Concordo com tudo que foi comentado até aqui. Mas arrisco dizer que a questão de ser só on-line, estilo Max Payne 3 não vai vingar: sempre vai ter alguém capaz de burlar o sistema, é questão de tempo. Ou acham que a piarataria só existe porque algumém 'bonzinho' pensa nos 'pobres'? Questão de dim-dim, galera.

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