Global Game Jam 2010 – Impressões

Eu deveria ter postado isso na segunda-feira passada, mas depois da semana insana que passei (com problemas longe dos blogs e da internet) ficou difícil fazer esse post. Por isso peço desculpas iniciais pela demora e vamos direto ao assunto. Bom, como todos aqui já sabem, rolou nos dias 29 a 31 de janeiro o Global Game Jam, competição mundial de desenvolvimento de jogos onde os participantes deveriam fazer um jogo em até 48 Horas, em diversas cidades do mundo. Um desafio insano, já que sabemos que criar um jogo não é tão fácil assim. Outro desafio é criar algo dentro do tema, o que é muito difícil dependendo do tema em questão. Bom, quando fiquei sabendo que o evento rolaria aqui eu me animei, já que aqui até pouco tempo atrás a cidade de Varginha era incipiente no quesito “desenvolvimento de games”. Não havia grupos de discussão, não havia uma comunidade onde poderíamos trocar ideias. Só ano passado que descobri que tem um grupo interno de alunos/professores no Cefet onde eles criam games casuais e tentam participar de eventos.
Na época que fiquei sabendo do Global game Jam eu pensei em estudar o XNA, mas como eu não tive muita paciência pra isso (leia-se: preguiça mesmo) então eu deixei de lado. Aí alguns dias antes do evento a etapa do Rio de Janeiro foi cancelada, mas não a de Varginha. No último domingo o Hélio Lemes, professor da minha faculdade, me mandou uma mensagem pelo Twitter comentando que ele não poderia ser “avaliador” dos jogos desenvolvidos e me indicou para o Alex, o professor do Cefet que estava coordenando a edição Varginha do Game Jam. E só vi esse aviso às 16h00 de domingo. Liguei lá na escola e topei a parada, indo rapidamente pra lá. Acredito que ter alguns avaliadores era mais para entrega dos prêmios pela participação, e quando cheguei na escola eu me surpreendi: quem fizesse o melhor game ganharia um Playstation 2!
A premiação da edição daqui (que deve ter sido conseguida via patrocinadores) era 1 PS2 + medalhas +troféu para o primeiro colocado, 1 PS2 + medalhas pro segundo colocado, um Mobile Device (um tipo de tocador de dispositivos móveis, como pendrives) para o terceiro colocado e uma prêmio de destaque para o quarto, pela participação do evento. Eu não sabia dessa premiação e se soubesse acho que teria ajudado mais tanto na divulgação de evento quanto pra ter estudado mesmo. Obviamente não precisaria do PS2 (já tenho um e tenho um PS3 ainda por cima), mas isso era um baita incentivo pra se programar um jogo. Eu iria no Global Game Jam mais para ter visibilidade e ter algo no meu currículo.
Bom, fui lá e então depois de algum tempo observei o evento em si. Aqui tivemos 4 equipe, com 4 jogos. O tema deste ano foi “Deception”, uma palavra que, segundo o Alex, não tem tradução direta para o português.  Alguns poderiam achar que a tradução é “decepção”, mas não era (falso cognato). A definição que foi usada aqui foi algo como: “você acreditava numa coisa mas que no final era outra.” Um exemplo é você confiar num amigo mas no final era um inimigo. Ele te enganou, afinal de contas.
Além desse tema, tivemos também um sub-tema, que mudava de acordo com a região do país. Segundo este post do Blog do PV, os sub-temas eram definidos de acordo com o fuso-horário. Aqui foram definidos estes temas: Limes, Times e Mimes. Então o jogo deveria ter “limas” (limões, limas), times (ter alguma relação com o tempo) e/ou mimes (mímica). A minha missão era ver qual dos jogos teria a melhor adequação ao tema e qual deles foi melhor desenvolvido.
Aqui que o meu conhecimento gamer valeu mais a pena, além de ter conhecimento básico em gamedev. Como alguns já sabem, eu ando jogando muito no Playstation 3, e diferente do que muitos pensam, eu andei jogando muitos jogos casuais da plataforma. Lumines, Peggle, Bejeweled (esse último apenas num demo), Zuma, Critter Crunch e outros, e esse conhecimento gamer me ajudou bastante a ver como foram os jogos e tentar entender a lógica dos jogos casuais. É praticamente impossível em 48 horas ter alguma coisa que possa rivalizar com os jogos AAA e que são feitos com equipes gigantescas, fora que o objetivo é criar algo criativo e casual, por causa do tempo e dos recursos disponíveis. Esse é o ponto principal que usei pra avaliar: se era um jogo criativo e bem desenvolvido, não importando a duração do game.
Bom, na avaliação que a gente fez, usamos 4 itens: Concepção (se teve um enredo coerente e adequação ao tema), jogabilidade (mecânica de jogo e se o jogo estava funcional) arte (parte visual, som e vídeo) e Fun Factor (fator diversão, onde colocamos também a originalidade). Esse avaliação, como disse antes, servia mais para decidir qual dos projetos levaria os consoles de prêmio, e para avaliar cada equipe foi mostrando o jogo, usando um notebook e um datashow. Nessa hora eu lembrei da minha época de faculdade, onde eu apresentava o trabalho, e obviamente as equipes estava nervosas e cansadas (faça um jogo em 48 horas sem descansar direito pra você ver). Em 10 minutos eles explicavam o jogo, e me surpreendi com os trabalhos:
Games do Global Game Jam – Edição Varginha
Na hora achava que iria jogar, mas eu apenas analisei prestando atenção nos trabalhos. Nem passou pela cabeça que eu poderia fazer isso depois do evento, usando o link acima. Ainda assim deu pra entender bem cada ideia, e todas elas surpreenderam. Uma equipe usou bastante APIs de vídeo, outra se focou bastante no enredo e todas tiveram notas excelentes no quesito “visual 2D”. Talvez eles usaram shaders, mas isso não me passou pela mente na hora também.
Gostei bastante da experiência, e quero ver se ano que vem eu vá no Global Game Jam mas não como jurado, e sim como desenvolvedor Até comentei com o Alex que eu só não participei porquê não tinha estudado o XNA, mas ele disse que eu poderia ter participado da parte de game-design e de roteiro. Mas como sou programador e queria também botar a mão na massa, queria ir lá preparado pra programar.
Por fim, ter participado, mesmo de forma indireta, me acendeu novamente o sonho de ganhar a vida com isso. Quero ver se depois da minha reorganização pessoal eu volte a programar com mais afinco no meu tempo livre. Tenho um jogo da memória pra fazer e quero ver se faço isso em 2 linguagens, para pelo menos começar de forma mais tímida e realista. E quem sabe bolar alguma idéia de jogo casual pra fazer e mostrar em blogs e fóruns de discussão. Às equipes, dou meu parabéns e ao Cefet por ter trazido algo assim tão próximo da minha casa. Espero que tenha o Global Game Jam aqui em Varginha no ano que vem e nas outras cidades que teve o evento (e quem sabe ter em outras também).