Na cronologia temporal da série God of War, os games a serem jogados na ordem são (até o momento): God of War: Chains of Olympus, God of War, God of War: Ghost of Sparta, God of War II e God of War III. Em 2013 será lançado o God of War – Ascension, que pode acontecer antes do Chains of Olympus, mostrando um Kratos mais humano. Você pode estar se perguntando do porquê citar os outros games logo de cara: é mais para situar o leitor sobre este texto, e tentar me situar nas nuances do enredo do game e da série.
God of War: Ghost of Sparta foi o segundo game lançado para o PSP (Playstation Portable), e que foi desenvolvido pela Ready At Dawn, a mesma que fez o Chains of Olympus. Na época a imprensa especializada e os jogadores ficaram impressionados, pois o game usa bastante do poderio do portátil, sendo praticamente um “must have” do console.
Nesta conversão para o Playstation 3 (que vem na coletânea God of War: Origins Collection, e pode ser comprada separadamente na Store caso o jogador seja assinante da Playstation Plus), os gráficos foram remasterizados, inseriram o 3D estereoscópico e sistema de troféus, para aumentar a longevidade do título.
Ficha Técnica | |
Produção | Sony |
Desenvolvimento | Sony Santa Monica Studios |
Lançamento | 02/11/2010 (PSP) e 13/09/2011 (Origins Collection – PS3) |
Plataformas | PSP e Playstation 3 (Remake HD) |
Descrição | Segundo game da série God of War para PSP. Neste Kratos viaja até Atlantis para saber mais sobre o seu passado, por conta dele estar tendo visões que assombram o novo Deus da Guerra. |
Sobre o enredo (contem spoilers), Kratos, atormentado por visões do passado, decide saber mais sobre o seu passado e viaja até a cidade de Atlantis, e durante a viagem o navio é atacado pelo monstro Scylla. Depois de alguns encontros e exploração, ele mata o monstro e decide procurar a sua mãe, também sabendo que Deimos, irmão do espartano, ainda está vivo, e por isso decide procurar ele.
Quanto ao visual, Ghost of Sparta é um deleite visual, mesmo não apresentando gráficos tão potentes quanto o God of War III. Na TV de FullHD eu percebi que o game não fez upscale da imagem, tendo bordas pretas em volta da imagem. Um amigo meu comentou que na TV dele não tem isso e o game fica com a tela cheia. Obviamente isso não atrapalha em nada a jogabilidade e nem é um incômodo, mas numa época em que eu comecei a perceber muitos serrilhados nos jogos, por eles não chegarem a resoluções de 1920×1080 para aproveitar todos os recursos da TV (o chamado 1080p). Não sei se foi uma configuração interna do PS3 com a TV 3D ou algo similar, mas achei interessante ter deixado o game centralizado, e conseguia ver nitidamente os cenários e outros elementos presentes. Praticamente sem serrilhados, o que já é algo legal de se ver, pois hoje muitos games fazem upscaling de imagens para deixar em “tela cheia” e o anti-aliasing nem sempre é bem-usado (e por isso o PC se tornou a plataforma com os melhores gráficos atualmente quando se tem um computador top-de-linha).
Já o 3D estereoscópico é bem interessante, apesar de não ter usado este recurso em 100% da progressão. Não joguei ele totalmente em 3D mais por conta dos problemas que a tecnologia ocasiona às vezes (dores de cabeça, olhos ressecados e outros), e por ter jogado ele em algumas poucas sessões mais longas (algo como de 3 a 4 horas por vez que eu jogava), eu acionava o efeito algumas vezes para ver as diferenças em certos momentos. Se você jogou o game deve ter reparado em dezenas de partículas diversas que sobrevoam o local, como cinzas das pilastras, partículas de neve nos locais gelados e etc. Os efeitos saem da TV ocasionalmente, gerando um efeito bonito de se ver, além do clássico “efeito de profundidade” (como se você estivesse olhando para uma janela) nos cenários e no Kratos. Só em alguns momentos do uso (por exemplo numa batalha contra um chefe) é que apareceram muitos efeitos, e isso me deixou um pouco confuso e zonzo.
E nesse ponto o game consegue mostrar o Kratos e os elementos sem serrilhados, algo que me deixou bem impressionado. Quem jogou no PSP diz que o game é um dos mais bonitos do portátil e fico imaginando o visual dele na telinha. No console, os gráficos ficaram bem mais épicos, apesar de não ter jogado o game no portátil (só joguei o Chains of Olympus uma vez, e faz muito tempo, então melhor não fazer muitas comparações).
Já a jogabilidade acaba sendo um ponto com ALGUNS defeitos. A jogabilidade clássica se mantém com esquivas, bloqueios (que eu mal usava), os golpes e os combos. Até aí tudo bem. O problema maior ficou nas magias. Pelo PSP não ter os botões R2 e L2, as magias eram executadas pelo direcional digital, e em boa parte do game eu tinha apenas 1 das magias. Por ter tido algumas dificuldades nos combates contra os inimigos (a maioria pode até ter achado o game fácil, mas eu não achei), mesmo no nível Normal, eu sofri bastante em alguns momentos. Aí eu apelava para a única magia disponível, que é uma maścara elétrica que desfere um raio direcionado, no local onde você aponta. Por eu esquecer qual o botão que tinha sido configurado pelo jogo, eu tinha de praticamente fazer uma “Lua completa” nos 4 botões até achar, fora que eu ainda tinha de mirar na direção dos oponentes.
“Ah, mas então o Flausino não sabe jogar…”. Tudo depende: eu quero um game acessível, mesmo que seja difícil e/ou desafiador, não sendo frustrante. Um Dark Souls tem uma jogabilidade melhor, por não ter tantos comandos para o jogador se preocupar, tendo de usar o feijão com arroz básico para enfrentar os oponentes. Mesmo com mira automática. Em Ghost of Sparta não achei a jogabilidade tão acessível assim.
Outro ponto é que as cinematics, apesar de belas para o padrão de PSP, não eram cortáveis. E em um determinado momento isso me causou muita frustração. Tudo bem que na primeira vez que o jogador poderia assistir a cena poderia mostrar inteira, mas nas próximas vezes poderia aparecer uma opção para cortar a cena, e isso não tinha. Em um momento (spoilers à frente), com uma luta contra um grupo de inimigos com escudos quase indestrutíveis, eu conseguiria quebrar o escudo com a espada banhada com fogo (uma das habilidades que o espartano consegue nas primeiras horas de jogo).
Até aí tudo bem: o problema é que pelo fogo não ficar muito tempo, e os inimigos serem mais complicados, vindos em grupo de 4, eu fracassei muitas vezes, até pegar as manhas. E logo que eu morria, ao voltar pela opção de chekpoint aparecia uma cinematic que estava alguns minutos antes do local para recomeçar a luta. Então tive de ficar assistindo a mesma cena várias vezes, sem poder cortar. Uma cena com uns 2 minutos em média, transformando numa atividade maçante. Consegui passar depois, e não tive tantos problemas após esta parte, mas que acaba tirando um pouco o brilho do jogo.
Quanto ao fator replay, o jogador pode tentar buscar os troféus extras terminando no Hard e passando pelas Challenges of God. O game não dá muitos incentivos para continuar jogando, diferente de um God of War II, que acaba tendo uma progressão bem mais interessante (considero o God of War II melhor da série). O Ghost of Sparta também é meio curtinho, com umas 7 a 8 horas de jogo, um tempo similar ao do Chains of Olympus, mas pela premissa do PSP, acaba tendo um bom tempo de vida útil. Por ser uma conversão de PSP, também o game tem bastante save-points, para o jogador fazer sessões rápidas, tipo num metrô ou esperando algum compromisso qualquer (tipo esperar uma consulta médica, por exemplo).
Por fim, God of War: Ghost of Sparta é um bom título e os fãs da franquia tem mais acesso ao game, tendo 2 plataformas diferentes. Jogar no PS3 acaba sendo bem melhor, apesar de não ter curtido tanto o game quanto os outros games que joguei (e joguei todos os 5 lançados até o momento). Tecnicamente o game impressiona, mas alguns detalhes da jogabilidade me deixaram um pouco decepcionado. Ainda assim fico no aguardo do God of War: Ascension, que será lançado em 2013 e terá mais da história de Kratos.