Ou leia “desbloqueio”, se preferir. Sim, hoje o assunto do dia (e que começou a circular nos principais sites e blogs de games do mundo) é um vídeo de um grupo de Modchips que conseguiram o que muitos grupos tentaram nos 4 anos anteriores: desbloquear o Playstation 3. Ou a expressão mais óbvia: rodar games piratas. A questão do destravamento do PS3 vem desde o início, onde grupos de hackers tentam fazer com que um console possa rodar games alternativos e potencialmente mais baratos. Desde o início dos tempos grupos conseguiam sucesso no destravamento de consoles, facilitando muito a vida de quem não tem condições de comprar games originais caros. Não estou apoiando a pirataria (admito que antes do PS3 só rodava jogos alternativos), mas não posso ser hipócrita em esconder o óbvio: a indústria acaba sendo prejudicada, e o jogador acaba ganhando de certa forma, podendo economizar dinheiro (ainda mais aqui no Brasil com jogo custando quase metade do salário mínimo). Talvez seja por isso que muitos comemoraram hoje o feito do grupo. Eu usei algumas horas das minhas férias pra ler o máximo de opiniões possíveis, e vi que tem muita gente nos 2 lados da moeda e muita coisa nebulosa no ar.
Mas vamos tentar opinar e informar com propriedade. Já que o PS3 é o assunto mais recorrente por aqui e por quase todos os editores (e uns 70% dos leitores) terem o console (só o Douglas Tabajara voltou ao lado verde da força, mas já teve o PS3!), não poderíamos deixar de citar sobre isso aqui. Primeiro, os vídeos mostrando o “feito”:
A primeira questão é na própria natureza do desbloqueio. Segundo o UOL Jogos, o destravamento é feito via dispositivo USB, “permitindo copiar e reproduzir qualquer tipo de código de jogo mesmo que o console esteja atualizado com a última versão do sistema”. É necessário ter um game original dentro do leitor de Blu-Ray para que o dispositivo possa rodar outros jogos que estejam em outros dispositivos externos, como pendrives e HD. Essa questão é fácil de entender: segundo o Mauri Link num post do Portallos (leia o post inteiro pra entender as barreiras e travas que a Sony criou para o console) um jogo qualquer tem uma trava que é desfeita pelo firmware, para que o game rode sem problemas. Com o jogo no drive, essa autenticação é automática e por isso o “modchip” (nome que eles usaram pro dispositivo USB, sendo que um modchip é uma placa que é soldada numa placa do aparelho) consegue rodar jogos em “modo de backup”. Aí vem as questões técnicas: o PS3, segundo alguns usuários do fórum do UOL Jogos, só abre USB de maneira normal em formato FAT32, e segundo muita gente, nesse formato o tamanho máximo de arquivos é de 4 GB. Se for colocar apenas 1 ISO (imagem de um disco) de um game de PS3 não será possível rodar num pendrive, mas como não podemos subestimar os hackers, talvez eles fracionem os arquivos para que um pendrive maior (já encontrei de 32 GB pra vender) possa abrir. Isso só seria válido para games como o God of War 3 que usam todos os 50 GB do disco Blu-Ray. Para games que tem pouco espaço talvez seja até possível backupear eles e rodar direto de um pendrive. Outra solução pra games grandes é usar um HD externo ou um pendrive em formato de NTFS. Já existem HDs externos para o PS3 disponíveis por aí, e sobre o pendrive, há aqueles que já conseguiram abrir um PenDrive nesse formato, mas em sua maioria o PS3 não reconhece.
O dispositivo está à venda no site dos caras por 170 dólares australianos e eles soltaram algumas infos sobre o produto. Segundo o News Inside, cerca de 150 jogos foram testados, e todos eles com menos de 4 GB. O modchip funciona apenas no firmware 3.41 e a Sony pode barrar o funcionamento na próxima versão do firmware, obrigando os jogadores que irão usar a permanecerem com a versão atual. É claro que se isso se popularizar, com certeza nas próximas versões do firmware os caras irão lançar atualizações, o que deixa a situação bem complicada para a Sony. Mas é aquele negócio: ela poderá banir os jogadores que estarão usando o dispositivo.
Talvez a única vantagem que vejo nesse desbloqueio (algo que foi discutido na nossa lista interna e que foi postado pelo Joystiq) seria a utilização de homebrews: emuladores e programas que poderiam usufruir do potencial do PS3!
Mas tem sempre as questões óbvias: será que é verdade? Primeiro que o NewsInside disse que o modchip faz o console rodar em “modo de debug”. O Pedro Vanzella comentou no Twitter que o console não tem modo de debug, e concordo: nunca vi uma opção dessa no firmware atual. Outro fato interessante é que o vídeo não mostra o console online, o que pode deixar esses vídeos com cara de montagem. Talvez eles não façam isso pra Sony não pegar os IDs e sair banindo os caras, ou existem travas entre o firmware e os servidores online da PSN, algo que acredito que não será possível burlar. Talvez até a Sony envie arquivos sem que o jogador perceba ao estar online, atualizando alguns detalhes do firmware e diminuindo os buracos de segurança do PS3.
Alguns sites estão esperando uma resposta da Sony. Eu acredito que ela não irá responder de maneira oficial. Admitir que o grupo existe é praticamente confirmar o funcionamento do dispositivo (já que hoje a maioria ainda está cética se esse dispositivo realmente funciona). O que ela vai acabar fazendo é lançar um novo firmware em breve, colocar alguma funcionalidade relevante e tapar os buracos descobertos pelos hackers. Há quem diga que ela poderia travar o acesso a porta USB, mas se ela o fizer será uma sacanagem sem precedentes. E se eu quiser backupear saves? E colocar músicas e vídeos diversos e poder assistir sem problemas? O Linux já foi removido, e fico com medo dos próximos updates da Sony e capar ainda mais as funcionalidade do PS3.
E aí vem a velha questão: destravar ou não destravar o console? Eu vou optar por continuar do jeito que está. Uma coisa que os donos de PS3 aprenderam é que dá pra viver só de originais. Comprar poucos jogos, ser mais seleto na escolha, procurar opções com mais longevidade e aproveitar o máximo aquele game. Comprar jogos mais simples e mais baratos. Procurar por games usados e ter uma jogatina livre de preocupações. Alugar games! Ter um ID e poder jogar online. Jogar fora mais de 1 um ano de troféus e conquistas online por conta de um dispositivo é um tremendo prejuízo. Prefiro continuar com apenas 11 games e comprar a cada 3 meses do que ter um monte de jogos e não aproveitar eles direito. É claro que como muita gente diz: vai da índole do jogador. Se o destravamento for real e se popularizar (ou aparecer outras maneiras de desbloquear o console), e o jogador querer viver só de games piratas será problema da pessoa, e não meu. Só será problema meu se alguém vier aqui com links pra baixar versões alternativas de games de PS3 e postar em comentários de posts ou no Fórum, e aí iremos remover na primeira oportunidade.
Pra terminar, a batalha dos hackers contra o PS3 irá continuar, e aí cabe a Sony também fazer a parte dela. E caso queira ler algumas opiniões, visite o post sobre o assunto no fórum do Select Game.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!