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Análise – Guardians of Middle-Earth

guardians of middle earth boxart

Paciência. Esta é a palavra chave para poder apreciar o novo game baseado no universo do Senhor dos Anéis, um universo muito rico em enredos, estórias e personagens. Guardians of Middle-Earth é um game que exige do jogador muita paciência. Paciência para não se decepcionar com o início difícil, paciência para insistir, que uma hora acaba pegando as manhas da mecânica de jogo. Por eu ser marinheiro de primeira viagem nos MOBAs (Multiplayer Online Battle Arena) então eu acabei estranhando um pouco, mas depois de algumas horas de jogo descobri que eu estava gostando do jogo. Claro que o game tem alguns defeitos insanos e desanimadores, mas no geral o game é bom e quem curte o gênero provavelmente vai curtir bastante.

Ficha Técnica
Produção Warner Bros. Interactive Entertainment
Desenvolvimento Monolith Productions
Lançamento 04/12/2012
Plataformas Playstation 3, Xbox 360
Classificação Teen (acima de 13 anos – ESRB)
Descrição Game baseado no universo de Senhor dos Anéis, com foco em combates online em arenas, no mesmo gênero que League of Legends
Online Sim

 

guardians of middle earth gandalf legolas

Primeiro que eu nunca joguei games do gênero antes. Tenho muita curiosidade em jogar o League of Legends, mas o meu PC atual não consegue rodar nada depois de 2002, a época que começaram a usar os Pixel Shaders nos jogos. Eu tinha uma ideia que o game seria parecido com DOTA, com os personagens vistos de cima, numa visão próxima a visão isométrica da série Diablo e similares, enfrentando inimigos numa arena fechada. Então, por não ter jogado nada parecido, não vou tecer comparações com outros jogos, e também não sei afirmar se os outros games do gênero são lentos no aprendizado ou se o jogador toma muitas surras no começo. Mas no Guardians of Middle-Earth acaba sendo bem difícil no começo.
Em Guardians of Middle-Earth, depois de um tutorial básico, o jogador pode tentar a sorte numa Battleground e escolher um Guardião, um dos personagens do universo de J.R.R.Tolkien. Temos diversos personagens, com alguns que pegam carona no primeiro filme da nova trilogia do Hobbit, que estreou nos cinemas recentemente e que trás as aventuras de Bilbo, Gandalf e dos 13 anões que vão recuperar um tesouro roubado do dragão Smaug. No jogo temos desde Gandalf, Legolas, Galadriel, Éowyn, Bilbo (que só está disponível se o jogador comprar a Season Pass por mais 15 dólares), Thorin e os vilões Gollum, Sauron, O Rei-Bruxo de Angmar, alguns comandantes Orc/Trolls e outros personagens não tão conhecidos de quem não conhece tanto o universo de Tolkien. Todos os Guardiões tem aparência próxima aos personagens dos livros ou mesmo com modelos similares aos atores dos filmes, além de trazer descritivos da história de vida dos personagens. Eles também tem 4 atributos: Basic Damage (Dano Básico), Ability Damage (Dano por habilidades), Survivability (capacidade de sobrevivência) e Difficult (Dificuldade), mostrando se um personagem é muito equilibrado ou mesmo se tem alta capacidade de desferir danos básicos altos ou grande resistência. O atributo de dificuldade pode ter relação com o personagem ter uma jogabilidade mais difícil do que outros, mas o game não explica muito, apesar dos atributos principais serem fáceis de entender e que definem um pouco os personagens iniciais que o jogador pode acabar usando.

Guardians of Middle Earth Screenshot

Os guardiões também são classificados em uma das 4 classes disponíveis: Enchanter (executa encantamentos, como o Gandalf), Defender (Defensor, com mais habilidades defensivas e de suporte, tendo a Galadriel e Éowyn, por exemplo), Warrior (Guerreiro, tendo aqui o Berengond e podendo comprar o Arathorn, pai de Aragorn), Striker (mais fracos em resistência, mas que são mais rápidos e com grande poder de ataques básicos, como os elfos Legolas e o Haldir) e Tactician (tático, que cria armadilhas). Cada classe tem habilidades similares entre os seus personagens, e o jogador pode alternar os personagens até encontrar um que lhe agrada. Gostei particularmente do Gandalf e do Berengond, com este último usando mais ataques físicos, além do Legolas, que tem um ataque poderoso que faz uma saraivada de flechas pra cima de um guardião inimigo.
O gameplay do jogo acontece numa arena enorme e fechada, tendo diversos caminhos e com torres para que os Guardiões e os soldados básicos tentem destruir, com o objetivo de ter mais pontos e/ou de tentar destruir a torre principal do oponente, terminando a partida. Cada partida tem até 5 guardiões principais, com eles tendo de destruir as torres e dar cabo da maioria dos soldados que tem pelo caminho, ganhando experiência. Em cada partida o guardião começa no nível 1 e ao enfrentar oponentes e destruir torres ele vai adquirindo experiência e aumentando o nível do personagem podendo chegar até o nível 14 e distribuindo os pontos entre as habilidades extras do personagem. Depois de alguns níveis também é habilitado o upgrade nas torres, deixando elas com mais poder de ataque aos oponentes e outras vantagens.

Guardians of Middle Earth Battle Screen

Sobre os combates, pelos games de PC usarem o mouse para movimentação e/ou escolha de inimigos, aqui os personagens tem um pequeno raio de ação que é controlado pelo direcional analógico, que é bem variável dependendo do personagem. A Galadriel tem um bom raio de ação, mas é mais fraca com ataques físicos. Já o Legolas pode atacar à distância e tem um raio de ação maior, mas tem um trecho “mais reto” de ataques e é mais fraco em defesa. Os personagens tem uma habilidade básica que pode ser desferida constantemente (como um ataque físico) e habilidades especiais, com cooldown e mais poderosas. Algumas só podem ser usadas contra outros guardiões e outras tem habilidades de suporte, como gerar escudos ou uma magia em área causando uma boa quantidade de dano contra diversos oponentes.
Outro detalhe, que me forçou a aprender a jogar melhor e não ser uma locomotiva ambulante, foi a questão das mortes. Ao morrer o jogador tem um tempo de respawn, e nesse meio tempo o jogador pode ver a pontuação atual da partida, mexer na câmera para ver outras partes do mapa ou ver os status dos oponentes que ele enfrentou recentemente. No começo da partida o tempo de respawn é de uns 10 segundos em média, mas depois de algum minutos (ou com alguns mortes do jogador) o tempo de espera começa a aumentar, até chegar a 48 segundos de molho, um tempo enorme e que pode irritar bastante o jogador. Aqui a curva de aprendizado é bem difícil e lenta, pois o jogador tem de matar os soldados normais e tentar usar golpes para afastar os guardiões principais, que também são poderosos e que podem matar o personagem rapidamente. Claro que dá pra matar um Guardião do time adversário, mas o jogador tem de ter muita sorte, pois o oponente pode ir na direção da torre dele (que também desfere ataques de fogo que causam muito dano no oponente) e ficar por lá esperando a vida ficar mais cheia ou usar uma habilidade de cura. No começo eu sofri muito e morria muito fácil, até começar a jogar de maneira mais lenta, atacar um guardião com alguns golpes e sempre me afastar, para não morrer e gerar 10 pontos a mais pro time adversário. Não sei se em outros games do gênero o sistema é parecido, e para quem é iniciante do gênero o game pode ficar bem desanimador, ainda mais quando eu perdia partidas seguidas, mesmo ganhando experiência no meu profile de jogador.

Guardians of Middle Earth

Nos menus do game também pode customizar os loadouts, depois que o jogador termina algumas partidas. O game vai destravando aos poucos os atributos do loadout, que pode inserir poções diversas, habilidades extras e customizar o “cinto” do personagem inserindo gemas e relíquias, que podem ser compradas com as moedas que o jogador vai adquirindo com o passar das partidas. As gemas tem diversas cores e habilidades, desde aumentar os pontos de vida do personagem e dar mais defesa (com gemas verdes), ter mais dano por ataques básicos (gemas vermelhas), diminuir o tempo de cooldown das habilidades (gemas azuis), causar mais danos e outras gemas de suporte amarelas e roxas, e as gemas mais básicas são baratinhas, dando mais chance do jogador conseguir triunfar nas partidas. As gemas também podem ser inseridas em relíquias, que tem espaços com cores determinadas e que tem vantagens adicionais, e, diferente do World of Warcraft, o jogador pode trocar as gemas do cinto quando quiser e sem perder elas. Com o passar dos níveis o jogador vai adquirindo mais dinheiro, novos loadouts são liberados e o jogador pode comprar relíquias e gemas de Mithril, o mineral mais poderoso da Terra-Média, deixando o personagem bem mais poderoso. São muitas as possibilidades de customização, atendendo a maioria dos estilos dos jogadores.
Os tipos de partidas são Battlegrounds, Elite Battlegrounds, Skirmish e Custom Match, com as Battlegrounds sendo as partidas normais, com 20 minutos e ganhando pontos, para derrubar as torres do time adversário e chegar na torre principal. Já a Smirmish não tem limite de tempo, com o objetivo de derrubar as torres do time adversário, tendo partidas mais longas, e Custom Match o jogador pode customizar uma partida e jogar contra a inteligência artificial, sem limite de tempo. O Elite Battleground é um modo tendo apenas jogadores como Guardiões, e é o modo que eu não consegui testar. Aqui que mora o maior problema do jogo: as falhas nas conexões online.

Guardians of Middle Earth Image

Guardians of Middle Earth Screen    Guardians of Middle Earth Game

É na busca de partidas que a paciência do jogador será testada em maior grau. Eu já ficava um pouco desanimado quando tinha de esperar uns 2 minutos para conseguir entrar numa partida qualquer, mas quando eu entrava e tinha outros jogadores, em algumas vezes ocorria lags diversos, atrapalhando a movimentação dos personagens na arena. Quando um jogador se desconectava (por vontade própria ou por problemas diversos) o game praticamente travava por alguns segundos, quebrando o ritmo de jogo. Para um game de um gênero que tem partidas competitivas contra outros jogadores, são falhas difíceis de engolir. Ou mesmo na demora em começar uma nova partida, com tempos de espera de 2 a 5 minutos, e teve um momento que eu esperei 10 minutos até desistir e mudar de jogo ou fazer alguma outra atividade diversa. E era ainda mais desanimador quando eu via depois que eu seria o único jogador da sala e com 9 guardiões controlados pela inteligência artificial. Na Elite Battlegrounds eu fiquei 10 minutos esperando algum outro jogador aparecer, mas isso não ocorreu. Não sei se é por falta de jogadores, desinteresse dos jogadores ou se o game foi feito às pressas para sair antes do lançamento do filme do Hobbit, para aproveitar o hype do filme e poder vender mais unidades. Talvez na Europa não tenha todos esses problemas, pelo game ter sido disponibilizado gratuitamente na PSN Plus européia e pelo game juntar os jogadores por região. Na maior parte das partidas encontrei muitos brasileiros, o que sugere que o game junte os jogadores por região.
Acho que o game poderia fazer igual ao multiplayer da série Assassin’s Creed: poder entrar no meio de uma partida, escolhendo um guardião e indo lá pro começo da arena, mesmo estando numa partida rolando e setando o personagem com um nível equivalente à média dos níveis dos guardiões do seu grupo, para o jogador distribuir os pontos logo no começo. Não teria tanto tempo de espera e o jogador poderia ganhar também experiência, mesmo se ele entrasse numa partida em um time que estivesse perdendo com uma margem muito alta de pontos. Ter de fazer sempre uma nova partida é interessante, mas que poderia ter um online melhor. O jogador pode juntar amigos para entrar numa party, mas também pode ter problemas de conexão dependendo da internet do jogador. Num teste com um amigo eu consegui entrar no grupo depois da terceira tentativa, e outro problema e que ele criou uma partida customizada e por eu estar no momento customizando um loadout, eu simplesmente fui kickado da sala sem mais nem menos. Poderia ter jogado direto na seleção de personagens!

Guardians of Middle Earth

Se não tivesse problemas de conexão e o game fosse mais amigável, Guardians of Middle-Earth estaria facilmente entre os melhores games de download de 2012 nos consoles. Achei a curva de aprendizado lenta e muitos momentos causou frustração, e tentei continuar jogando para evoluir alguns níveis e poder testar outros personagens, começando a gostar mais do jogo. Só que a demonstração do game acaba espantando o jogador, pelo tempo de uso limitado (1 hora de duração) e por não existir games do gênero nos consoles, tendo um gameplay diferente da maioria dos jogos que um jogador comum de console tem acesso.

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