Existem discussões acaloradas na internet onde os jogadores e a imprensa reclamam que os games levam o jogador “na mãozinha”. Existem aquelas discussões onde reclamam de game design de RPG sádico por ele ser difícil, mas que não para de jogar. Também há aqueles games que os designers podem ter deixado certos trechos difíceis, para ele ter mais horas do que ele não teria normalmente numa progressão sólida.
Como o Lords of The Fallen.
Game next-gen, com lançamento para PS4, Xbox One e PC em 2014. No PC, o jogo chegou a ter problemas técnicos no começo, mas que foram corrigidos. Não vi falhas técnicas ao jogar o game recentemente, que impressiona com os seus efeitos de iluminação e “visual next-gen” (acho que só perde inicialmente pro Call of Duty Advanced Warfare, por não ter jogado muitos games ultimamente…). Apenas as animações faciais que achei medianas. Acho que faltou uma sincronia melhor entre som e voz, talvez.
De jogabilidade, o game traz algo parecido com a série Souls: peso nos equipamentos, esquivas influenciadas pelo peso dos equipamentos, e uma dificuldade elevada, mas de certa forma acessível. Inimigos que dão respawn quando você morre, experiência adquirida dos inimigos quando você mata eles, e você pode recuperar a sua experiência ao chegar no local onde você morreu. E para adicionar uma camada extra de dificuldade (isso se o jogador quiser) ele pode não se curar nos checkpoints, mas ganha multiplicadores de experiência, ganhando mais exp.
Claro que tem também os inimigos. Dos normais poderosos aos mais complicados, grandalhões com escudos do tamanho da altura do personagem, algumas espécies de “cães” rastejantes, inimigos fraquinhos. Tem de tudo um pouco, além de chefes altamente desafiadores.
Tão desafiadores que o Flamelurker, do Demon’s Souls, andou no parquinho sozinho durante um dia ensolarado. Pois o Flamelurker você aprende as manhas, você pode jogar de maneira cadenciada, ou você pode parar a tua progressão para farmar. No Lords não.
O terceiro chefe, chamado “Adorador” (o game tem legendas e menus em português) é um adorador do masoquismo, pois que chefe fdp! Apesar de ter mecânicas simples, ao chegar nele com 2 poções de cura, você não dá nem pro cheiro. Nas tentativas você começa a aprender as mecânicas (ou acha que aprende, dependendo da perspectiva), mas o jogo parece que foi feito para que o jogador descubra, na cagada, um detalhe que você nunca saberia que ele estaria lá.
Tipo os monumentos espalhados pela localidade, e que nem tinha visto eles direito, pois você só tinha olhos pro chefe!
Tem um golpe do chefe gera diversas névoas azuladas no chão, e se você não se protege dentro de um desses monumentos, você dança. Descobri posteriormente, com uma magia de chamariz, que o golpe causa 5000 de dano, o que ocasionava o hit kill do personagem. Fora ele inserir 2 jarros na área, tendo de destruir 1 deles pelo menos, antes que elas quebrem e gerem 2 inimigos adicionais, e que são bem habilidosos em deitar a sua vida. Junto a isso tem os golpes dos chefes, alguns praticamente indefensáveis, e fiquei desejando que o game me levasse na mãozinha!
Como editor de conteúdo (você está lendo este post agora, certo?), fazer uma futura análise de um game offline, seria obrigatório matar o chefe ou avançar bem no jogo (o ideal é terminar). Mas e quando isso não é possível? Provavelmente o ponto onde não recomendaria o jogo pra ninguém.
– Ah, mas você recomenda os jogos da série Demon/Dark Souls, e aí?
– Sim, são difíceis pra c#@#$%%, mas você aprende as mecânicas, e você consegue triunfar!
– Mas não é a mesma coisa?
– Ah, bem, depende….
Um elemento-chave do game é deixar certas coisas escondidas. Tão escondidas que você tem de prestar muita atenção no cenário. Uma plataforma abaixo onde tinha um baú extra com equipamentos. A própria questão do grinding, que é meio inexistente no jogo. Com um chefe insolúvel, tentei farmar. Mas só tinha 3 inimigos em “todo” o mapa corrente, e que ficavam perto do checkpoint. Eles não ajudariam com tanta experiência para melhorar o personagem em tempo hábil. Mas eu tentava, e até nesses inimigos comuns eu falhava feio.
Morrer perto do checkpoint é atestado de mau jogador? Depende do contexto…
Comecei a vasculhar todo o mapa atrás de algo que eu não tinha visto. Aí eu voltei pro primeiro mapa e tinha mais inimigos. Entrei na primeira “Senda” (aquele portal maluco que tá no começo do jogo onde você pode ter tido medo de entrar antes), peguei mais equips (meio inúteis contra o chefe, que ranca um pedaço generoso da sua vida, mas são mais equips…) aí eu matava mais inimigos. Às vezes conseguia experiência para pegar 1 ou outro pontinho para gastar no personagem. Aí começo a avançar a experiência de pontos de feitiço, e aprendo melhor a usar as magias (meio fraquinhas inicialmente, por sinal). Algo que eu não tinha percebido direito quando joguei o game na BGS (e num ponto mais avançado do jogo, por sinal).
Só que aí vieram os pulos do gato. Matando inimigos às vezes dropavam garrafas “vazias” de cura, ou estilhaços de energia. As 2 poções viraram 4 no checkpoint! A luta do chefe ficou “em teoria” mais acessível. E outro detalhe: tinha as tretas de jogar no PC com a minha gambiarra de joystick: driver do controle do X360 + DS3 Tools + Dual Shock 3, e isso me deixava meio confuso. Nas primeiras horas de jogo eu tinha decorado (na base da decoreba mesmo) cada comando. Mas eu ficava empacado no chefe.
Mas aí passa umas 2 semanas e tento jogar novamente. Esqueço até como se esquivava! Gasto poção extra de cura por ter gastado atoa. Praticamente reaprender a jogabilidade, e no chefe! No chefe meliante! Chefe fdp…
Na segunda sessão do jogo (que ocorreu nos últimos dias) eu meio que aprendi na marra e consegui, finalmente, ter mais habilidade para enfrentar o chefe, onde a base da vitória era…a paciência. Voltando a questão do controle, é tudo meio peculiar: você não tem ideia direito da associação de botões. Eu teria de imprimir e colar do lado do monitor o layout do controle do Xisboca (ou anotar num papel), mas aí acho que é mais fácil decorar os comandos e jogar com mais frequência do que apelar para isso. Ou apenas ter a imagem à mão, pausar e rever o layout do controle.
O terceiro chefe é praticamente o limiar entre o jogo, e o jogo! Antes dele é tudo às mil maravilhas. Avanços cadenciados, aprendizado similar ao sistema de recompensa da série Souls, visual maneiro… Chegando o terceiro chefe, craaaaaaaaauuuuuuuuuu…..morte atrás de morte. Uma frustração que não via direito nem nos Dark Souls. Uma coisa é você tomar na asa e perder sua experiência, se ela for muita. Mas num Dark Souls da vida você pode grindar, você aprende que aquele ponto é tenso, você pode burlar e tentar outro caminho (dependendo do ponto do jogo) ou você pode tentar o multiplayer. No Lords não: ou você passava, ou você passava. Tinha até desistido do jogo, mas tem vezes que o jogo me chamava. Em época de Bloodborne exclusivo (e difícil pra c#$%$#o, dizem), o jeito era caçar algo num concorrente direto e “next-gen”. Meu PC roda o game com configuração boa, mesmo não jogando em Full HD. Quem não tem monitor top caça com o que tem (um de 17, e sim, eu não tenho grana ainda pra trocar, pois tenho de arrumar uma cadeira melhor).
Mas o jogo não me preparava pro que estava por vir. Se eu tive um “chefe filhadamãe”, o que eu tive depois foi a “fase filhadamae”. Pois como comentei antes: parece que o jogo foi projetado para ter mais horas do que ele teria normalmente. Para alguns é um ponto positivo, aumenta o custo benefício. Mas pra outros, bem, empacar numa fase e ficar andando em círculos por mais de 2 horas sem saber pra onde ir nem sempre é legal. É enjoativo, é frustrante, e seria ainda mais se eu tivesse de caçar detonados de progressão por aí.
E o “empacamento” foi por pura falta de atenção.
Aguarde os próximos capítulos aqui neste mesmo veículo, neste mesmo canal, talvez com algum mimimi extra (mas não garanto nada!).
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!