Hoje a maioria dos games tem 2 partes: uma single-player e outra multiplayer. Dos jogos de corrida, os primeiros testes de corrida multi-jogador eram na base da divisão de telas, no mesmo console (split-screen).
MMBB 03
Top Gear, Need For Speed e Gran Turismo foram alguns dos que eu me lembro e que marcaram época. Com a nova geração dos consoles, eu conheci o multi-player do Burnout Paradise, onde a gente jogava numa arena e sem tela dividida. Até então eu não conhecia os modos online e depois disso eu fiquei bastante exigente.
Esta exigência tem um lado bom e um ruim: do lado bom força dos produtores a querer melhorar e tentar bater o multiplayer quase perfeito do game da Criterion. O lado ruim é justamente esse: a gente deixa de gostar dos multiplayer clássicos dos jogos atuais.
Na primeira vez que o jogador entra em Paradise City, ele percebe que o jogo tem o mesmo elemento exploratório dos Need For Speed Underground 2/Most Wanted: uma cidade aberta pra você ficar circulando pra lá e pra cá, sem compromisso. Nos Need, parte da cidade fica bloqueada, sendo que para o jogador desbloquear (e enfrentar novos desafios) ele terá de cumprir os eventos. Ir zerando o jogo.
Em Burnout não tem isso: a cidade inteira fica a disposição quando você começa a jogar. Você pode ir pra qualquer lugar e pode fazer o que quiser na ordem que quiser. Temos 120 eventos, sendo que você vai descobrindo eles aos poucos e pode ir fazendo na ordem que desejar, e ao completar eles você pode ir adquirindo vários carros melhores. Outros carros também aparecem de surpresa na cidade e você tem de detonar o carro no takedown, o que transforma esses eventos especiais em verdadeiros rachas, e isso ocorre em qualquer ponto da cidade. Já teve momentos onde eu estava indo pra certo objetivo e então vi um carro um pouco mais veloz que os carros normais. Aí eu parei tudo que eu estava fazendo e fui atrás do cara, como se não houvesse um amanhã. Adrenalina pura!
Existe também o Discovery, onde você tem de achar todos os eventos, cercas, super-pulos, bilboards e postos de reparo/gasolina/garagens, e ao completar, você ganha carros potentes. Sempre me gabava de entrar no multiplayer com o Carbon Hawker negro, o que mostrava que eu tinha explorado toda a cidade, apesar do carro ser um pouco instável.
MMBB 04
O jogo não tem um enredo, mas em games de corrida isso é um elemento praticamente desnecessário: o que importa são os modos de jogo, e em Burnout Paradise a Criterion fez alguns modos que diferem um pouco de outros games. O jogo tem uma licença normal, mas serve mais pra te ranquear do que pra habilitar outras coisas. Aqui você tem 5 modos de jogo offline: Races (corridas normais), Stunts (disputas com nitro), Road Rages (grupos de jogadores, onde a gente tem de bater nos outros carros), Time Trial com carros específicos (chegue num determinado ponto da cidade antes do tempo Xmin:YZseg) e Marked Man, onde você vira o homem-marcado e tem de chegar até um determinado ponto da cidade com 2 a 3 carros potentes e resistentes na sua cola querendo te destruir. O multiplayer tem esses elementos acima + Cops and Robbers (se você comprar, é claro) + o filé do jogo (comentado abaixo).
Talvez duas das maiores vantagens do multiplayer do Burnout em comparação com a concorrência é no fato de você não ter um lobby. Esqueça o lance de esperar ter competidores numa corrida: ao andar pela cidade, você pode acionar o multiplayer e com isso você entra na sala, permanecendo na mesma rua. O jogo sinaliza que a sala está tendo uma disputa e com isso você pode ir fazendo outras coisas, como tentar bater os recordes dos seus amigos (cada rua completada dá um tempo e o menor tempo dos seus amigos fica gravado) ou mesmo completar mais o Discovery, até o host escolher a próxima disputa e você entrar nela “de gaiato”.
Das disputas, tem as corridas, que funcionam da seguinte maneira: você pode escolher algumas rotas pré-definidas ou escolher um ponto de partida, um de chegada (que são 8 pontos específicos da cidade) e vários checkpoints que os jogadores tem de seguir. Num dos MMBBs anteriores o Gustavo montou a seguinte corrida, que batizamos de bate e volta. Apenas 2 locais com checkpoints, onde eles se alternam:
Imagem original neste link!
Eu ainda quero ver um game que tenha uma customização tão foda quanto Burnout nesse quesito. Sério mesmo! Eu inclusive montei, num dos últimos encontros, uma corrida com DUAS voltas completas na cidade, nas laterais. Acho que alguns jogadores me juraram de morte mentalmente, mas foi divertido e altamente difícil. Em corridas online você pode escolher alguma pré-definida ou criar a sua, editando uma pré-existente, colocando (ou não) checkpoints. Outra vantagem é que como pode usar headset, você pode conversar com os outros jogadores na sala pra saber se pode iniciar a corrida naquela hora ou não, além de poder salvar e usar a “pista customizada” depois.
Os outros modos de jogo não são tão usados no Multiplayer. Quando a gente faz os MMBBs, de vez em quando a gente cria um marked-man. Com muitos jogadores a situação fica insana e impressionante, com pegas animais entre os jogadores. Nas corridas também tem isso, mas é no marked-man que a situação evolui, já que aí o objetivo dos outros é te ferrar de todas as maneiras possíveis. Pegando um diálogo do primeiro MMBB, dito pelo Gustavo:
Outro evento que me tirou do sério, tanto na diversão como na raiva foi o Marked Man. Para quem não conhece, um dos jogadores é escolhido aleatoriamente para ser o “homem marcado” e todos os outros têm que “take him down”. Os “assassinos” ganham nitro infinito, enquanto o marked man perde o seu, assim como a habilidade de ver os outros carros no mapa. Se ser um assassino é emocionante, ser o marked man é adrenalina pura.
Fui o marked man duas vezes. Uma delas, me escondi no alto de um edifício-garagem e esperei. Foi A-NI-MAL ouvir o pessoal conversando no VOIP:
– Onde é que ele está? Não está na rua!
– Está no estacionamento!
– Estou subindo!
– Ele saiu, ele saiu!!!
Claro que, assim que vim alguém chegar lá em cima acelerei e pulei do estacionamento para fugir.
Depois disso, de novo como a vítima, eu estava prestes a conseguir fugir. Até que levei T-Bone takedown num cruzamento. Isso foi animal e eu soltei vários palavrões no VOIP. Mas foi lindo.
Emoção assim só no Burnout Paradise! Aliás, a disputa entre nós, editores, e os leitores, foi só melhorando com o tempo. Evolução constante, onde chegamos a disputar rachas incríveis na pista e competições diversas fora dela.
MMBB 04 – Outra foto!
Nos parágrafos anteriores, na fórmula do multiplayer eu coloquei a frase “filé do jogo”. Sim, estamos falando dos challenges, talvez um dos game designs mais impressionantes que já vi em todos os jogos de corrida que joguei. Corridas e marked-man são emocionantes e tudo mais, mas nada supera os challenges. Nada, nada, nada supera os challenges. É necessário ter 2 jogadores para fazer um, e com isso temos 500 (isso mesmo: quinhentos) challenges à disposição. São 7 grupos de 50 freeburn challenges, 7 grupos de 10 challenges de tempo (Time Challenges) e 10 challenges da ilha Bug Surf (DLC pago). O restante fica pro modo de motos, mas este modo não é tão legal quanto o modo de carros.
Mas o que faz o challenge ser algo tão bom? Simples: a divisão da dificuldade e a colaboração entre os jogadores. Quando é acionado um challenge todo mundo tem de fazer ele, não importa o que for. Alguns são individuais como ficar X segundos usando Nitro e outros são coletivos, como um onde todos os carros ficam em fileira perto de rampas e um deles tem de passar por cima de todos os carros. Outros challenges são insanos, como fazer X takedowns dentro do Wildcats Baseball ou mesmo dar uma volta completa na auto-estrada I-88, que passa pela cidade e é circular. Aqui se alguém sair e pegar uma “saída” o challenge é cancelado, e olha que ainda tem o tráfego, que pode fazer você voar longe da estrada se você colidir com os “transeuntes/tráfego”. Adrenalina pura!
A primeira foto do MMBB 01 a gente nunca esquece!
Outro fator que leva muita gente a entrar no multiplayer são as conquistas/troféus, onde alguns deles dependem da colaboração online, como ter 8 jogadores no Widcats Baseball e um troféu dourado, onde você executa 10 challenges. Esse troféu até que foi complicado, já que o meu game deu um problema e tive de copiar o save pra outra conta e recomeçar todos os challenges de novo, só pra conseguir o troféu (o que foi feito em apenas 2 horas. Vocês sabem: sou jogador hardcore de Burnout). O ruim é que nem todos os troféus online são amigáveis, já que um deles depende de você ter uma câmera compatível com o PS3, e nem todas funcionam. E como esse troféu é obrigatório para se platinar, ainda não consegui a platina e falta apenas 2% para fechar tudo no jogo (faltando apenas os challenges).
Agora, se você quer um desafio que ultrapassa as leis da insanidade é o “rankign mundial”. Você pode participar de corridas ranqueadas, onde as salas são separadas e onde você pode ir galgando os degraus do ranking. Aqui a situação vira algo parecido com os simuladores de corrida (Gran Turismo/GRID/Forza/Need For Speed Shift): corridas com gente que sabe pilotar, que usa todos os atalhos possíveis e que sabe muito bem como são todos os carros. Quando a gente vai ganhando carros mais poderosos esquecemos de ficar bom com os mais lentos.
Aí quando entramos numa corrida ranqueada com carros de níveis inferiores a gente não sabe que carro usar e quando pegamos um aparentemente mais poderoso ocorre a gente é derrotado lindamente. Fora alguns que escolhem o ranking máximo e pega um carro estilo Formula 1 e ganha a corrida, e olha que o carro é dificílimo de controlar.
O multiplayer de Burnout é imenso e dá pra se divertir durante meses. É claro que chega uma hora que você procura outras coisas pra jogar, mas para um game barato é uma aquisição praticamente obrigatória. Ano passado, como ainda saia DLCs e estava jogando bastante, teve muitos posts sobre o jogo por aqui. Junto com o single-player está como o melhor game de corrida em estilo arcade desta geração e o melhor game do gênero no Playstation 3.