Por onde quer que o homem tenha passado e por onde ainda passará, ele criou e criará arte. Arte para representar as coisas concretas e abstratas que ele viu, sentiu e experimentou ao longo de sua vida, externalizando suas expressões por meio de textos, pinturas, músicas, videogames e afins.
O processo artístico como conhecemos raramente é feito em isolamento. Ele é desenvolvido por um artista que tinha em mente um público para o qual ele queria expressar algo por meio de sua obra. É uma regra válida para qualquer que seja o “nível” deste artista em específico, desde o expressionista pós-moderno que leu Marcel Proust de ponta-cabeça até o diretor de arte e fotografia do mais novo jogo da série Call of Duty.
Os dois exemplos citados podem se encontrar em polos opostos quando se trata da forma por meio da qual eles veem suas criações, seu público e suas expressões artísticas. No entanto, os dois muitas vezes se encontram em uníssono para criticar uma figura em específico: o crítico artístico. Esse crítico pode ou não ser parte da classe artística sobre a qual que ele hoje faz análises. Muitas vezes, seus empreendimentos no mundo das artes não tiveram muito sucesso. Entretanto, ainda que o crítico não contasse com a vocação artística necessária para criar uma grande obra de arte, sua mente analítica e sua familiaridade com o meio são ferramentas que o grande público em geral não possui para delinear suas expectativas e interpretações.
A partir disso, o crítico se lança ao mundo. Sob a esperança de receber salvas de palmas e muitas ameaças de chuvas de vaias, ele e seu teclado acabam digladiando com as mentes e os egos de artistas e do público, na esperança de gerar as discussões necessárias para que o meio artístico possa melhorar e evoluir ao longo do tempo.
Polemizar não é o bastante
Os embates dos críticos com artistas e fãs dessas artes muitas vezes dão a impressão de que o papel do analista é meramente polemizar. E, de fato, existem alguns críticos de arte, inclusive no ramo de jogos, cujo grande apelo é observar de que forma ele vai conseguir justificar suas braçadas contrárias à maré de outros críticos do seu próprio meio.
No entanto, o grande papel do crítico se dá no auxílio das formações de opinião sobre o que é produzido no mundo artístico. Os apontamentos feitos pelos analistas de mídia podem já ter sido levantados pelo público em geral, mas é na crítica que eles podem encontrar os fundamentos e o embasamento necessários para que sua opinião sobre uma peça midiática qualquer seja formada em sua plenitude.
Assim, alguns críticos acabam servindo também para dar voz a partes do público que se viram divergindo da opinião da mídia especializada. Isso é algo muito comum na própria indústria de videogames, com exemplos recentes sendo vistos em The Last of Us II – que a mídia especializada amou, mas o público não gostou tanto – e a série Evil Within, em que se viu o exato contrário, com fãs amando os jogos e críticos ocupando o lado oposto.
A opinião dos críticos acaba ajudando também em um outro processo bem importante: a escolha dos produtos de mídia que iremos consumir. Em uma época como a nossa, em que tempo e dinheiro são recursos muitas vezes escassos para boa parte da população, tomar uma decisão acertada quanto às obras às quais dedicaremos estes dois meios é algo cada vez mais importante. Ainda mais quando tratamos de uma mídia muitas vezes mais cara do que cinema e música, que é o caso dos videogames.
Nesse contexto, o surgimento de espaços que oferecem listas dos melhores produtos disponíveis no mercado é algo de grande serventia. No mundo do cinema, isso pode ser visto em agregadores de opiniões do público, como o AdoroCinema, focado em filmes e séries que podem ser rankeados conforme suas melhores (e piores) notas. Já no universo dos jogos online, que é tão vasto, isso ocorre de diversas maneiras. Uma delas pode ser ilustrada pelo setor de iGaming, em que websites como o Casinos.pt usa critérios diferentes, como reputação, segurança, suporte ao cliente, métodos de pagamento e ofertas, para criar listas dos melhores cassinos online disponíveis na internet. Isso dá aos consumidores a garantia de que estão escolhendo um produto confiável. Já no mundo dos videogames, podemos mencionar como exemplo o Metacritic, que carrega a palavra critic (crítico, em português) no nome por reunir notas dadas por críticos não apenas a videogames, mas também a filmes e CDs.
Apontando (e consertando) rachaduras
Logo, o papel final do crítico não é simplesmente ficar admirado perante a grandeza de um videogame. Pelo contrário: sua função é a de apontar sim onde se encontram as rachaduras na escultura, os buracos no roteiro, as descontinuidades na trama e assim por diante. É um processo que nos ajuda também a identificar as grandes peças de arte criadas na história e a discutir com base nestes rankings os próprios buracos que os críticos criam em suas análises.
O desconforto que esses apontamentos costumam gerar são, de certa forma, prova de que o crítico está executando sua função conforme o esperado. Nada é perfeito, e uma vez lançado ao público qualquer invenção está vulnerável a críticas. Desde que as críticas sejam justas e bem apontadas, o crítico pode e deve executar o que lhe foi dado como vocação.
De fato, o papel do crítico não é tão simples. Em si ele deve reunir não só a capacidade de delinear muito bem seus pensamentos sobre as obras de arte, como também as ferramentas necessárias para transcrevê-las por meio de textos, de roteiros e até mesmo de vídeos. É algo que exige capacidades intelectuais como velocidade de raciocínio, boa interpretação e qualidade de escrita que muitas vezes somente mentes artísticas carregam.
Por meio destas ferramentas, os críticos podem criar divergências que, como acontece com a dialética no meio político, econômico e de negócios, permitem que o mundo artístico continue evoluindo. Adaptando e incorporando novos pontos de vista, novas tecnologias e novas técnicas de se contar história, ganham não só o artista, mas também o público, que aumenta sua riqueza cultural nesse processo.

Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!