Durante a Develop Conference em Brighton, no Reino Unido, Andrew House, presidente da Sony Computer Entertainment comentou sobre as tecnologias que poderão definir o futuro do PlayStation 4 (e, por tabela, dos próximos consoles PlayStation): o Project Morpheus, a PlayStation Now e o Sensor Tech, que são aparelhos com conexão com o console para fins de fitness/exercícios físicos, e roupas tecnológicas. Ele também comentou sobre o compromisso com a Sony para o PlayStation Now e a Sony está prestando atenção nos serviços de streaming: é complicado fazer predições perfeitas, mas nos últimos anos tivemos uma diminuição na indústria tradicional, enquanto que hoje os serviços de streaming estão em crescimento. A música foi a primeira, depois a TV e os serviços de vídeo sob demanda, e os games podem ser o próximo passo.
“No one can make perfect predictions about where these things trend, but it says to me that convenience of streaming has been embraced first in music, now in video and television, and it’s going to play some role in our business as well.
Em tradução adaptada:
Ninguém pode fazer previsões perfeitas sobre essas tendências, mas isso me diz que a conveniência do streaming foi abraçado primeiro na música, agora em vídeo e televisão, e ele terá algum papel em nosso negócio também.
De certa forma eu concordo com ele, mas em parte. A questão do PlayStation Now é um elemento altamente complicado, e não to comentando sobre as questões de preço dos jogos (que poderão ser diferentes na versão final) e sim em questões técnicas. Nos EUA e em países da Ásia, com a internet mais desenvolvida, não será tanto problema, mas no nosso caso, com a nossa internet e os serviços das operadoras que deixam a desejar, acho muito difícil esse serviço conseguir ficar funcional por aqui. Mesmo que a Sony use servidores locais, nem todos tem conexões decentes com a internet, quem mora no interior tem serviços de baixa qualidade e opções com velocidades menores, não tendo muitas opções. Até as operadoras não estão curtindo essa demanda constante de tráfego, já que elas não tem estrutura pra esse crescimento tão acelerado, não tem tanto interesse em investir e aplicam traffic shaping em serviços como o Youtube e o Netflix, além deles terem feito muito lobby contra a neutralidade da internet na época da aprovação do Marco Civil (além delas procurarem brechas pra burlar essa questão, prejudicando os consumidores).
Já o Project Morpheus é a tecnologia da vez e faz tempo que sempre imagino a realidade virtual como o futuro dos videogames. Antes era o 3D estereoscópico como uma delas, mas como a própria Sony meio que abandonou a ideia na surdina (deixando de focar nesse assunto) hoje os “óculos virtuais” prometem uma imersão ainda maior, principalmente em jogos em primeira pessoa. Já os sensores pra fitness e outras aplicações com sensores de movimento e conexões com outros aparelhos (aliado a diminuição dos dispositivos) também são interessantes, mas é muito mais para um nicho bem específico de jogadores, e muitos certamente focarão no Morpheus para jogar, principalmente os jogadores hardcore. Só que as empresas querem atingir as massas, e para isso ter jogos com mais aplicações além do simples fato de jogar podem ser altamente rentáveis. Durante a Brasil Game Show um amigo meu comentou: “se quer mostrar os videogames na TV como algo maneiro, filmem o Just Dance que é sucesso” (apesar de que a própria Microsoft começou a matar o Kinect 2 ao oferecer o console por um valor menor e sem o aparelho).
Por fim, ainda é cedo pra ver quais tecnologias irão emplacar ou não. Hoje ainda investe bastante em gráficos nos jogos de ponta, mas a indústria ainda está buscando a “verdadeira experiência next-gen”, ao passo que na outra ponta estão os jogos pra celulares, que estão ficando com qualidade mais avançada e as operadoras estão fabricando aparelhos com tecnologias mais avançadas, junto com a diminuição dos processadores e tendo processadores gráficos embarcados. Os celulares mais avançados já estão com a qualidade gráfica que rivaliza facilmente o PlayStation 2, e não vai demorar muito tempo pra começarmos a ver uma qualidade gráfica equiparável a da geração passada. Aí sim os consoles terão um concorrente ainda mais poderoso, mas acho que os celulares já estão fazendo um belo estrago na indústria tradicional, ao passo que muitas empresas estão tendo faturamentos altíssimos com os Free-To-Play e empresas como a Square-Enix estão investindo cada vez mais em jogos pra smartphones, para desespero dos jogadores hardcore que ainda preferem a experiência mais tradicional e sentado no sofá/na frente do PC.
[Via PlayStation Trophies. Créditos da foto do Morpheus: Digital Trends]
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!