Se tem uma produtora que se especializou em fazer jogos divertidos é a Blizzard. Apesar dela ter ficado um pouco conservadora nos últimos tempos, o baque que ela sofreu com o antigo MMO Titan fez ela arriscar com o Overwatch. A primeira franquia inédita dela em 18 anos de existência, apesar de que não podemos tirar da equação os jogos mais recentes dela, mesmo sendo baseados em franquias consagradas da empresa.
Com um beta aberto que bateu os 7 milhões de jogadores, e uma versão final que bateu a casa dos 10 milhões de jogadores, esse número é expressivo demais, provando que ela sabe fazer um sucesso novo, e que tanto a fanbase oficial da empresa, quanto novos jogadores, abraçaram a ideia. Se o game irá durar por muito tempo e com muitos jogadores ativos, isso é uma incógnita, mas como estamos falando de uma empresa especializada em manter os jogos com conteúdos por anos a fio (apesar do Diablo III não estar recebendo novas expansões, mas tem o sistema de temporadas no PC e Mac) acredito que o Overwatch continuará tendo uma enorme longevidade, ainda mais com os planos do modo competitivo, onde teremos pelo menos 4 temporadas iniciais (mas acredito que novas temporadas podem surgir no futuro).
Ficha Técnica | |
Produção | Activision Blizzard |
Desenvolvimento | Blizzard |
Lançamento | 24/05/2016 |
Plataformas | PC, PlayStation 4, Xbox One |
Classificação | 12 anos (Brasil) |
Gênero | Multiplayer em Primeira Pessoa/Ação |
Descrição | Game multiplayer com 2 grupos de jogadores se enfrentando em diversos mapas, cumprindo objetivos de maneira cooperativa, podendo trocar de personagem a qualquer momento. |
Online | Sim. |
Idiomas | Totalmente localizado em Português, com dublagem, legendas, Descrições, nomes de itens e servidores nacionais. |
Aquisição/Versão Testada | PlayStation 4, com cópia digital cedida pela Blizzard. |
Progressão | Em torno de 10 horas, jogando com quase todos os personagens. Cheguei até o nível 19 de progressão de níveis da Battle.net. |
Honesto na execução, Overwatch é um game totalmente multiplayer. O preço cheio do jogo assusta em um primeiro momento nos consoles, ainda mais em uma época de dólar instável, mas o jogo consegue se provar divertido e imprevisível. Aqui a maior vedete é a liberdade em escolher os personagens durante a partida: você pode simplesmente trocar de personagem a qualquer momento, sem loading times extras, sem coodowns. Só o medidor do ultimate que reseta, mas dependendo da situação é o preço a se pagar para conseguir ajudar os companheiros em situações extremas.
Com isso em mente, temos personagens tão diferentes em jogabilidade e habilidades que tem pra todos os gostos. Você é daqueles que curte ser suporte? Pode ir de Mercy ou Symmetra. Quer ser puro-DPS? O Soldado 76, a Tracer e o Reaper são opções de diferente complexidade! Tem queda por personagens defensivos? Você pode ir de Bastion, a Mei ou mesmo a Widowmaker, uma das mais próximas dos jogos clássicos de FPS (junto com o Soldado 76). É tanque? Você pode tentar ir de Reinhardt (meu personagem-main) ou ir de D.Va, talvez uma das mais carismáticas do jogo.
Mas em matéria de carisma, claro, a Tracer ganha por conta de todo o processo de divulgação do jogo desde o anúncio, e a Blizzard conseguiu inserir carisma em todos os personagens. O “Morra, Morra, Morra” de Reaper acaba sendo carismático à sua própria maneira, mas frases como a da Mei, as conversas entre a Mercy e o Reinhardt, e a dublagem e falas que são equipadas pelo jogador adicionam alma em um game tipicamente multiplayer. A dublagem, altamente competente, também ajuda bastante na imersão do jogador.
Já o background de lore, apesar de ser maneiro, acaba sendo muito pouco explorado dentro do jogo, por conta de sua característica essencialmente multiplayer. Você tem o Overwatch, uma equipe de mercenários que deu cabo de uma ameaça, mas que, depois que eles cumpriram o seu objetivo, eles foram deixados de lado e se aposentaram. Mas com uma nova ameaça surgindo, eles se reuniram novamente, e boa parte disso não é contada de maneira eficaz dentro do jogo, tendo apenas uma CGI de convocação do Winston. O jogador, claro, pode ir pro site oficial e destrinchar as páginas de enredo, ver as diversas animações e ler os quadrinhos digitais, mas é aqui que a falta de um modo single-player realmente faz falta. Não é um ponto negativo (já que a premissa do game é dele ser multiplayer), mas ter um plus desse nível seria muito mais interessante! Quem sabe num futuro próximo?
Ainda sobre o background futurista, você tem os cenários futuristas bem diversos em contraste com os estúdios de cinema que lembram um pouco o Faroeste, mas ao entrar em determinada edificação você volta ao presente. Você tem mapas mais interessantes, mas que não são tão apreciados por determinados jogadores, e o game dá a impressão de ter poucos mapas, talvez por conta deles serem apenas mapas de 1 objetivo específico, como Escolta e Defesa. O game tem 12 mapas, mas como são 4 modalidades de jogo (Ataque, Escolta, Controle e Ataque/Escolta) você sente que não tem tantas opções, mas quando você tem partidas imprevisíveis e uma boa rotatividade dos cenários (ainda mais se você fizer sessões mais longas de jogo, mesmo com partidas rápidas) essa questão acaba sendo deixada um pouco de lado.
E é aquele negócio: os mapas foram projetados com os objetivos em mente. Então alguns deles podem não conseguir ser adaptados para ter muitos modos de jogo no mesmo mapa, a menos que ela aumente o cenário, acoplando novas localidades com um objetivo em mente, mas que, no final das contas, aparenta ser um cenário novo. Um exemplo seria o Templo de Anúbis, pois não daria para inserir uma missão de escolta, a menos que eles façam um novo mapa, mesmo usando as artes já inseridas no game.
Em compensação, as partidas são altamente divertidas, não importa o resultado. Isso se dá pelo investimento da Blizzard aqui no Brasil, com a instalação de servidores locais. O lag é praticamente inexistente (e olha que eu tenho uma conexão ruim) e o jogo foi bem elogiado pelos jogadores de PC por ser altamente otimizado, rodando em máquinas mais modestas. E tanto nos PCs, quanto nos consoles o jogo tem um visual belíssimo, mesmo estilizado. Fazia muito tempo que não via um multiplayer tão competente na parte técnica e fluído, deixando diversos concorrentes de peso no chinelo e não tendo tantos problemas de cheaters e de bots. Pelo menos no PS4 não detectei nenhum problema desse tipo.
Claro que tudo funciona melhor se você tiver mais amigos pra jogar e conversar durante as partidas. O jogador pode desde entrar em uma partida de um amigo ou ficar em “modo espectador”, assistindo a partida do amigo pra tentar, depois, entrar no mesmo grupo. Também ocorrem situações inusitadas onde você cai no grupo adversário, tendo de enfrentar algum amigo seu e “indo à forra” durante a partida. Se o seu amigo levar na esportiva, ele pode acabar visando você também, e depois vocês podem montar um grupo único e ir nas partidas.
Outro recurso interessante é que a Blizzard fez de tudo pra incentivar o jogador a continuar jogando, desde os níveis de experiência do personagem, um sistema robusto de estatísticas internas (que também são acessadas via API, como poder ver os seus dados neste site) e sistema de skins e itens cosméticos, como dublagens específicas, sprays pra pregar nas paredes e skins dos personagens, ganhando elas em caixas que você ganha ao passar de nível.
Claro que esse sistema também é uma opção extra de microtransações, caso o jogador queira comprar caixas extras com dinheiro real, mas não é obrigatório gastar dinheiro extra no jogo. Obviamente sempre é maneiro você abrir uma caixa e ver uma skin desejada pro seu personagem predileto, e quando vem item repetido é convertido para créditos, podendo juntar uma “graninha” extra e comprando a skin depois.
O preço do jogo assusta nos consoles, mas acredite: o jogo é ótimo e está rendendo muita diversão nas partidas. A Blizzard lançou o modo competitivo nesta semana no PC e deve lançar nos consoles PS4 e Xbox One posteriormente, trazendo diversas alterações e correções de bugs, e eles estão trabalhando em novos mapas e novos heróis. Overwatch é um dos melhores jogos lançados este ano, trazendo um game altamente competente na sua execução. Só o preço que não é um fator muito convidativo para este início, mas o game é altamente recomendado!