Parece que a Sony começou a se mexer quanto ao barramento do comércio de games usados. Segundo o UOL Jogos e o Meiobit Games, a empresa registrou uma nova patente, usando a tecnologia NFC (Near Field Communication) para que o game e o console troquem de informações entre si, com a mídia tendo um chip que pode “registrar informações como onde o jogo foi usado previamente, como o console ou a conta do usuário”. O sistema seria acionado antes do game funcionar, e, segundo uma descrição da patente, “o sistema de processamento eletrônico restringe de forma confiável o mercado de jogos de segunda mão”.
“Como resultado, o comércio de jogos usados será suprimido, o que por sua vez reforçará o retorno de parte do lucro das vendas de volta para os desenvolvedores”, diz o documento.
Bom, a Sony está no direito dela de barrar o comércio de usados, que não gera grana para os produtores. Os online passes estão aí pra isso, pois o comércio de usados é grande, lojas faturam muito alto com isso e a produtora, que poderia receber a grana do jogador, não recebe nada, apesar de que, tecnicamente, ela já recebeu a grana pela venda inicial da primeira cópia.
Já para o lado do consumidor, o comércio de usados, pelo menos aqui no Brasil, cresceu bastante, isso durante uma época em que o Playstation 3 ainda era um sistema a prova de destravamento e com games custando os olhos da cara por aqui. Ainda hoje os lançamentos custam o mesmo valor que há 1, 2 anos atrás, e muitos jogadores compram games usados por serem mais baratos, ainda dentro da legalidade de ter um console travado. 12 dos 26 jogos de caixinha que eu tenho aqui são usados, e certamente teria mais se eu tivesse completado a maioria dos games que eu ainda não consegui jogar e que hoje eu nem saio comprando tanto pois a PS Plus também oferece acesso gratuito a diversos games completos enquanto o jogador ainda é assinante.
Pessoalmente, eu não curto a ideia da patente, pois eu tenho interesse direto em comprar o próximo console da Sony alguns meses depois que ele sair, e tem um amigo próximo que também tem essa ideia, e nós poderíamos emprestar os games um pro outro. A locadora próxima da minha casa também é uma grande ajuda, tendo muitos games de PS3 e que pode também começar a alugar games de Playstation 4 quando mais jogadores tiverem o console e começar a ter demanda. A Sony não vê isso com bons olhos, mas não vou ficar tapando o sol com a peneira e dando uma de “cara bonzinho e politicamente correto” por aqui, pois também olho para o bolso quanto aos gastos com games. Óbvio que muitos citam um “games são artigo de luxo e continuam sendo”, mas hoje é possível manter um console atual gastando menos, caçando promoções de games não tão novos e, claro, o comércio de usados de jogador para jogador. Se a Microsoft não aplicar esse tipo de prática (o que acho meio difícil pois ela também está no mesmo barco e deve achar a ideia interessante) ela com certeza terá a faca e o queijo na mão, pois muitos jogadores podem optar por ela na próxima geração. Ou ir direto pra PCs, pagando preços bem menores nos games de ponta e tendo ainda a vantagem do computador ser usado para outras atividades. Aliás, o Steam acaba sendo um “barramento velado de games usados”, pois ao comprar um game por lá, pelo menos no momento o jogador não pode revender. E pelo Steam quase sempre ter promoções arrasadoras, quase ninguém lembra desse detalhe quando a gente comenta sobre barramentos de cópias usadas, fora que a própria PSN Store/Live é uma compra de um game novo e que não pode ser repassado.
Outros problemas dessa patente da Sony é que não será mais possível levar um game na casa de um amigo para jogar e se divertir; ou mesmo se o console queimar por qualquer outro problema. Será que eu perderia também todos os jogos de caixinha?Eu consegui recuperar os jogos que eu comprei na PSN Store depois que desativei o meu primeiro console, que deu YLOD, tendo perda total dos dados. Eu comprei outro PS3 pois já tinha comprado muitos jogos, ganhei muitos troféus e tenho muitos amigos na PSN Store, e jogar tudo pela janela acaba sendo uma perda muito grande. Só que numa época em que os eletrônicos estão ficando cada vez mais frágeis, ninguém sabe se os novos consoles serão resistentes, pois tudo tem vida útil. Um PC pode ter uma peça defeituosa trocada facilmente. Um videogame não tem essa facilidade toda. Fora os prováveis problemas jurídicos, pois, conversando com o Alexandre Soares no Twitter, e lendo os comentários do post do Meiobit Games, barrar o comércio de produto usado no Brasil “fere o direito de propriedade e as leis ‘consumeiristas'”, não podendo deixar um bem móvel alienado. Quem compra um produto para si mesmo tem o direito de fazer o que quiser com ele, desde usar, vender ou trocar. Só resta esperar a Sony anunciar o novo console para saber se ela irá usar mesmo esta tecnologia, e como ela irá usar esta tecnologia.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!