Um dos primeiros jogos que joguei no meu retorno aos games durante e após a faculdade foi o Splinter Cell. Um dos jogos que me marcou bastante e um dos melhores títulos que joguei no computador.
Tom Clancy’s Splinter Cell. É um jogo de espionagem em terceira pessoa. E, claro, a minha trajetória com o game anda de lado a lado com a aquisição do meu primeiro “PC Gamer”, em meados de 2005 a 2008.
Saiba mais a seguir em nossa análise! Este review foi publicado originalmente em meu antigo blog pessoal.
1 – O meu primeiro computador
Há mais de 3 anos atrás, eu estava fazendo um curso superior de sistemas de informação, e como precisava de um computador para estudar as matérias do curso (como programação), eu ganhei um PC de presente da minha mãe (na época eu não trabalhava). E aí, apesar de ter um certo conhecimento em informática, eu precisava escolher uma configuração técnica do meu computador (definir como que poderia ser, escolhendo que tipos de peças eu poderia colocar nele, como processador, memória, placa de vídeo, e outros). E como eu queria ter um computador que pudesse rodar jogos atuais, decidi tentar comprar um computador com uma configuração alta mas que não fosse tão caro.
Como eu já tinha acesso à internet, decidi procurar um game como base teórica para escolher a configuração. Nesse época, eu fiquei sabendo da existência do Splinter Cell, com conversas com um colega (que tinha os 3 videogames da geração passada na casa dele: o Playstation 2, o Xbox e o GameCube) . Então pesquisei sobre o jogo no UOL Jogos, li a análise e me animei. Descobri também que tinha o jogo original para locação numa locadora aqui em Varginha. Com os dados do jogo, eu montei a configuração do computador:
- Pentium 4 1.8GHz
- HD de 40 GB (que depois aumentei para 120 GB)
- 256 MB de Memória RAM (depois aumentei para 512)
- Placa de vídeo Geforce 4 MX 440 com AGP 8x
Comprei o PC com esta configuração. Não preciso dizer que, depois de alguns anos, eu me arrependo de ter comprado esta placa de vídeo, já que ela não tem suporte ao tal do Pixel Shader, impossibilitando de jogar games mais atuais (mesmo com configuração mínima). Uma hora terei de trocar certas peças do computador para conseguir acompanhar a área de games (e consequentemente a área de computação gráfica, já que aos poucos os softwares vão pedir configurações mais avançadas), mas por enquanto to me aguentando com esta configuração.
Com o PC em mãos, foi procurar o jogo para locação. E como estava na faculdade, eu só poderia alugar o game nos finais de semana e jogar direto o game. E foi o que eu fiz, numa sexta-feira (não lembro mais exatamente qual dia que foi, mas me lembro como foi).
Não me surpreendi que o game tivesse 3 CDs, já que eu estava acostumado com games longos e com muitos CDs (como os Final Fantasy: o VII tem 3 Cds e o VIII tem 4 cds!). Fui para a faculdade com o game, e quando cheguei em casa, obviamente decidi instalar o mesmo. Como eu tinha alguns afazeres a fazer (jantar, necessidades fisiológicas, etc etc), adiei em algumas horas a instalação do game. Outro empecilho na época foi o drive de leitura que eu tinha, que era lento para ler os CDs. A instalação demorou muito tempo. E estava louco de vontade de jogar o game. Queria também testar o meu novo PC!
2 – A primeira vez
Com a instalação do jogo completa, foi a vez de rodar o mesmo. Este game foi a primeira experiência de jogar um game complexo no PC (tudo bem que quando eu estava na quinta série do Ensino Fundamental eu joguei Wolfenstein, mas isso não conta ), já que antes era só Playstation e usava um joystick. Agora seria na base do teclado, mouse e o cérebro, já que eu não usaria nenhum detonado/dica do jogo, diferente da maioria dos games que eu jogava antigamente.
Rodei o jogo, e assisti à primeira animação do game. A primeira coisa que me surpreendeu foi o lance de ter legendas em português! Como era a minha primeira experiência com games para PC, eu não sabia que algumas distribuidoras brasileiras lançasse o game com legendas.
Depois, o jogo, nesta versão, vinha com um save de uma das fases e o modo para iniciar do zero. Eu vi primeiro o save embutido, que me jogou para uma fase avançada do game. E aí todos os meus conceitos de gráficos de jogo que eu conhecia antes caíram por terra.
Algum tempo antes, eu, como muitos, já estávamos maravilhados com os gráficos dos games para o Playstation 2, que eu vi na Gamers 44. Na época, eu fiquei chateado, já que o preço do console era muito caro para os meus padrões (cerca de 1500 reais, pelo que me lembro. Isso na época do lançamento do mesmo). Eu não tinha condições de comprar o PS2, então eu acabei parando de acompanhar notícias de games por algum tempo.
Voltemos a falar dos gráficos. Graficamente, o game é incrível. Na hora nem tinha palavras para descrever o que eu via, já que as referências que eu tinha eram antigas. Tudo bem que hoje tem games com gráficos melhores, mas na época era o game com os gráficos mais incríveis que já vi. Diversas vezes eu fazia close no rosto do Sam Fisher (sei que é um pouco viadagem, mas…) e ficava admirando os cenários (fora os seus efeitos de luz e sombra, que são até hoje impressionantes).
O problema é que o game em si, apesar de ter gráficos bons, você não poderia aproveitar os mesmos, já que a mecânica de jogo do mesmo o impede.
3 – A mecânica de jogo de Splinter Cell
Caso esteja lendo até aqui, agradeço antecipadamente Agora vamos ao que interessa mesmo: como é o jogo? Que fatores fizeram para que o eu gostasse tanto deste game?
O primeiro fator, já citado acima, são seus gráficos. O segundo é a mecânica de jogo. Basicamente, é um game de espionagem que não tem ação. É sério. O game não pode ser classificado como um game de ação, apesar de que a maioria dos jogadores possa achar isso. Para quem jogou Syphon Filter ou Metal Gear Solid, e gostou muito desses games, pode não gostar de Splinter Cell. A palavra de ordem deste game é a paciência.
Você é o agente Sam Fisher, um agente da Third Echelon, um braço da NSA (Agência de Segurança Nacional, dos Estados Unidos) e a sua missão é invadir locais fortemente vigiados, cumprir algumas missões sem ser detectado e sair de lá, como se nada tivesse acontecido. Como afirmei antes, o game se baseia na paciência, na observação e na precisão. Você não pode jogar como se estivesse jogando um FPS (First Person Shooter – Tiro em primeira pessoa, como os games Half Life e Counter Strike), saindo correndo pela fase, metralhando seus inimigos, e etc (como em Syphon Filter, em algumas missões). Você tem que fazer as coisas sorrateiramente. Você tem que observar o cenário, procurar seus oponentes. Ao achar os mesmos, você deverá neutralizar os mesmos sem que eles percebam. E deverá fazer isso na hora exata, sem erros.
Como fazer isso? Chegue por trás deles (ui ), e agarre eles pelo pescoço! Algumas vezes você poderá interrogar os mesmos (é claro que em algumas ocasiões o game, que tem o intuito de ser realista, vacila, mas isso é o de menos). Mas na maior parte dos mesmos é só pegar o cara e nocautear. Aí o jeito é esconder o corpo em algum local para que outros guardas não achem o corpo e acionem o alarme da missão. E na maior parte delas, se você for detectado, adeus missão.
Nesse ponto, Metal Gear Solid 2 vence de Splinter Cell no quesito esconder o corpo dos oponentes. Tirando a primeira versão do game da Konami (onde os guardas somem depois que você os mata), em Sons of Liberty você pode esconder o corpo dentro de um armário. Até onde joguei em Splinter Cell (o primeiro e o Chaos Theory), não vi nenhuma inovação nesse tipo. E aí é esconder num local escuro e rezar pra que nenhum guarda ache o corpo!
Falando em locais escuros, a escuridão será a sua maior aliada. A maior parte das missões é a noite, e com isso você pode não aproveitar melhor os seus gráficos, já que na maior parte do tempo você vai estar em modo de visão noturna, sem definição de cores (meio óbvio, mas…). E você vai ter de se esgueirar pelas sombras para que seus oponentes não possam ver você.
Se você reparar, existe uma barra em estilo degradê (em cima de onde está a arma em uso). Quando o medidor estiver quase na parte clara, você está totalmente visível. Com o medidor na parte escura, você está totalmente invisível para o oponente.
Durante as missões, você vai cumprindo os objetivos e é bem provável que a Ubisoft se baseou no Syphon Filter para montar os parâmetros. Mas o que são esses parâmetros? Os parâmetros são uma lista de coisas que você pode fazer ou não. Por exemplo: na maior parte das missões você não pode matar civis. Se você desobedecer, adeus missão. Em Syphon Filter já tinha isso, e a Ubisoft pode ter usado como base o game do Playstation. Ou não.
E por falar em copiae referências de outros games, a primeira coisa que vem na mente da maior parte dos jogadores é que o Splinter Cell se baseou em Metal Gear e/ou se parece com o mesmo. Apesar do Metal Gear Solid(para o PSOne) ter sido o primeiro do gênero (e até hoje lembrado por seu enredo e diversão. O estado da arte dos games para o Playstation), na minha opinião o game se baseou mais no Syphon Filter. No quesito movimentação e câmera (em Splinter Cell a liberdade é quase total (em volta do personagem)), os dois games são muito similares.
Não dá para comparar Metal Gear com Splinter Cell. Em Metal Gear tem mais ação e enredo consistente, e não tem esse negócio de se esconder num local e observar o inimigo se movimentando (apesar de que em Metal Gear se você for visto, o alarme é acionado muitos guardas começam a aparecer…). Fora que em Splinter Cell não tem radar de localização dos oponentes. Você terá de depender da sua visão e do som ambiente, já que você pode escutar passos se aproximando ou mesmo uma conversa entre dois oponentes.
4 – Jogabilidade
Na minha opinião o calcanhar de aquiles deste game. Apesar da mesma ser precisa, o jogador demora para aprender. E são muitos comandos. A primeira missão do game é num galpão da CIA, num centro de treinamento de agentes. E aí o Lambert, o seu supervisor imediato (o teu chefe) explica cada comando (de acordo com a plataforma, claro), enquanto o jogador executa a primeira missão.
5 – Nível de dificuldade
O nível de dificuldade deste game, na primeira vez que você joga, é elevado, por vários motivos. Um deles é a já citada Mecânica de jogo, e a outra é o fato do game ser linear. Normalmente as missões tem apenas uma única rota, e se você não acha o caminho correto (já que algumas vezes você não encontra de cara um caminho para você continuar a fase), você praticamente não avança na missão. As missões tem que ser executadas de forma precisa, já que qualquer movimento em falso pode botar a missão a perder.
E por isso o seu melhor amigo (depois da escuridão) é o save. E você deverá salvar muitas vezes no jogo, já que a quantidade de game overs que acontece enquanto você joga é altíssima. Nesta caso, eu cheguei a ter 10 arquivos de save diferentes, cada um num local da missão, e ficava alternando, já que, como o game exige precisão total, algumas vezes o game gerava um game over do nada (por exemplo, na fase onde você inicia em cima de um prédio e desce de rapel, perto de um jardim imenso, quando você deixa o corpo num local mais fácil de ser achado).
6 – Finalizando
Hora de terminar esta análise (a primeira deste blog). Na parte originalidade, o game não é tão original, e muitos elementos de outros games foram aproveitados neste game. Os efeitos sonoros são satisfatórios. Já o enredo é outro fator negativo, e nesse quesito Metal Gear Solid ganha de lavada (mas também não é um enredo ruim. O game possui um enredo mediano). Caso queira mais informações sobre o enredo do jogo, consulte o site oficial.
Na versão para PC, como citei antes, o game tem legendas, mas só em alguns momentos. Em outros (como a conversa inicial entre o Sam e o Lambert, antes da primeira missão), o jeito é tentar escutar e entender as conversas (mas nada que prejudique a diversão do jogador). Durante as cutscenes (entre as missões) tem legendas, o que facilita demais para o jogador entender o enredo.
Agora é só terminar o Chaos Theory, iniciar novamente o Double Agent e depois esperar pelo Conviction, que promete mudar a mecânica da série, além de trazer gráficos espetaculares e maior interação com o cenário.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!