Todos devem saber que o querido Tim Schafer arrecadou 1.7 milhão de dólares em menos de uma semana. A ideia não tão inovadora chamou a atenção de todo mundo até de outros game designers. Seria uma ótima maneira de ter uma contribuição dos fãs para projetos pequenos, mas seria esse um marco para a indústria de video games?
O conceito de crownfunding é simples: você tem um projeto financiado por fulanos e sicranos, sem nenhum imposto nem nada, só na pura camaradagem.
Na internet não é novidade, sites como IndieGoGo e até o próprio Kickstarter tem esse conceito. Um bom exemplo de projetos que deram certo é o filme Indie Game: The Movie que agora será série da HBO. Outro filme que está precisando de ajuda é filme do Angry Video Game Nerd, arrecadando 325,927 dólares tendo uma meta de atingir só 75 mil doletas. Deu para ver que com filmes a parada funciona, seria o mesmo com joguinhos?
São coisas diferentes. Fazer um longa ou curta metragem é mais simples, existem inúmeros usuários do Youtube que fazem sucesso com essas produções pequenas. Além do mais, temos filmes com orçamentos bem baixos e são ótimos filmes. Com video games o buraco é mais embaixo, jogos indies custam menos, posso até arriscar que as vezes não tem nenhum custo, só mesmo o trabalho de fazê-lo.
Quanto maior a ambição, maior será o dinheiro necessário. Por isso, jogos indies são baratos e são melhores do que alguns jogos ‘AAA’. Algumas produtoras querem um jogo mais elaborado e não têm recursos suficientes, pedindo ajuda da comunidade e muitas vezes não funciona. Um bom exemplo foi o fracasso de Afterfall, um jogo promissor que não atingiu a meta de 10 milhões de dólares, exigindo uma quantia muito alta para um jogo desconhecido.
O problema maior está com a publisher, é preciso da aprovação dela para liberar a grana. Feito isso é só correr para o abraço, infelizmente não é tão simples quanto parece. Foi o grande motivo que fez Schafer correr atras dos fãs, nenhuma publisher financiaria um adventure hoje. Infelizmente poucos jogos conseguem fazer dinheiro no meio de FPS de guerra e jogos de ‘muretinha’ estilo Gears. Agora quem financia o revival dos jogos adventure, são os próprios fãs do gênero.
A ação foi arriscada, pessoas poderiam gerar o pensamento ‘Não pagarei nenhum centavo, se fode aí manolo’. A grande maioria entrou de cabeça no projeto de Schafer e convenhamos: O cara basicamente criou o gênero junto com o Ron Gilbert, nada mais justo ele trazer de volta e todo mundo chorar de alegria. Vale lembrar que o caso da Double Fine não é só o jogo que os fãs estão financiando, eles estão colaborando com o documentário sobre o mesmo.
Paremos por aí. Até o momento isso só funciona com jogos pequenos com pouco orçamento, além de não termos 100% de certeza de quão bom será o adventure da Double Fine. Vale lembrar também que essa ação chamou atenção de muitas pessoas, inclusive o recém desempregado David Jaffe. Ele declarou que é importante para realizar novos projetos ambiciosos.
Não podemos ainda depender do crownfunding para games, é muito cedo para tirar conclusões. Só saberemos o verdadeiro valor quando surgir um game triple A e ver o quão os jogadores apostam o seu dinheiro. Pode significar um incetivo a empresas independentes em investir em seu game. Se o pessoal gostar eles pagam o que acha que vale e ganham de brinde algum presente.
Se fosse qualquer game developer não teria o mesmo impacto. David Jaffe por exemplo, tenho certeza que muita gente não pagaria nenhum centavo para ele. Será que esse crownfunding só funcionou com o Tim Schafer por que ele é nice guy e quer resgatar um gênero considerado morto pela indústria? Talvez sim. Como citei anteriormente seria um meio de arriscar, alguém faz um game estilo Resident Evil e Silent Hill com gráficos atuais e quer ajuda para financiar. Gostaria de ver esse tipo de coisa.
Dou 2~4 anos para explorarem o Kickstarter/IndieGoGo e outros, veremos como a indústria lidará com isso.