Hora de comentar sobre uma da lutas mais brutais que já participei em Demon’s Souls contra um chefe. Prepare-se para conhecer Flamelurker, um inimigo formidável e que praticamente detona a maioria dos jogadores que chegam lá na primeira tentativa.
Em Demon’s Souls, pra quem não conhece, temos 5 mundos principais, sendo que temos desde um palácio enorme até mesmo um vale escuro e pantanoso altamente difícil. Não vou comentar muito sobre o Valley of Defilement, o local projetado pelo capeta, e sim sobre Stonefang Tunnel, uma localidade dentro de uma espécie de mina de escavação. O início é relativamente simples, mas estamos falando de Demon’s Souls, o game mais hardcore para o console. Um jogador esperto é um jogador cauteloso, já que morrer em qualquer local, mesmo num chefe, significa perder todas as suas almas adquiridas até aqui (a alma é a moeda de troca do game que é conseguida vencendo inimigos ou usando almas especiais, que podem ser trocadas por armas, upgrades de armas, itens diversos e níveis de experiência). Então não preciso dizer que a morte é inaceitável. Já comentei diversas vezes sobre isso aqui e até num post sobre o Dark Souls, mas sempre é bom relembrar o seu gameplay.
Bom, o Stonefang Tunnel é um mundo relativamente fácil, mas tem de ter cautela. Uma das vantagens de lá é que depois de passar por alguns locais você ativa elevadores onde um deles é um atalho para você ir até o chefe sem perder muito tempo. O primeiro deles é uma aranha gigante que pode ser acertada de longe, o que é um facilitador tremendo para você passar sem grandes dificuldades.
Aí temos a segunda parte, onde há poucos escavadores e várias rotas, sendo que 2 delas levam você até o chefe, com uma rota mais longa com abelhas resistentes, minhocas de pedra que saem do chão de repente (Resident Evil é game de criança em alguns momentos) e um tatu que explode quando está prestes a morrer:
A outra rota é uma sucessão de quedas que se não for feito com um modus operandi, você poderá morrer:
Chegando lá em baixo, a fumaça colorida perto de uma salão enorme e com uma ossada enorme de um dragão indica que você chegou ao seu destino: Flamelurker, um dos chefões mais brutais da minha história com os videogames. Prepara-se para 5 minutos intensos, onde a sua perícia, suas armas e habilidades serão testadas ao máximo.
Tal como falei antes, morrer é inaceitável. É você voltar ao último archstone e perder todas as suas almas. As almas podem ser valiosas, mas perder todo o tempo que você gastou até chegar lá (se pegou o caminho longo) dá desânimo. Então você tem 1 alternativa: vencer. Apenas vencer. Ir preparado é a chave. Se estiver com classes similares a Knight, o Purple Flame Shield é uma arma obrigatória. Ainda mais com melhorias. Eu estava com o Purple Flame Shield +8 e o Ring of Flame Resistance, que ajuda bastante contra um dos ataques dele, baseados em fogo. Estar com Strenght elevado para poder correr com escudo também é um plus, já que você tem de se movimentar rapidamente na batalha.
Flamelurker chega abrindo um portal entre 2 pilares, e isso não é mostrado nos vídeos que filmei, por serem a terceira e quarta tentativa contra ele. Ele possui grande agilidade (para o tamanho) e ataques físicos, junto com um ataque onde ele acerta o chão e causa uma explosão em volta dele. Se não estiver com o escudo na hora, um abraço!
Na primeira tentativa eu negligenciei e acabei morrendo, onde tentei usar apenas magia. Mas eu não estava acostumado a jogar como um mago, e sim como Knight. Tinha apenas a Soul Arrow, onde o tiro é direcionado e não persegue o inimigo. Aí tomei uma fumada do nosso amigo. Na segunda tentativa eu nem me lembro como foi, mas foi a primeira em que segui o caminho mais rápido o atalho das quedas, e estava sem muitas almas, já que estava preparado para morrer. A terceira tentativa idem, e por isso vamos direto pra quarta, que foi filmada pelo meu irmão:
Há um bug onde ele fica correndo e não avança em você. Tentei usar isso como vantagem no final da luta e acabei morrendo novamente, por não ter dosado normalmente os ataques e ter tentado ir com muita sede ao pote. Após isso, tentei novamente, e desta vez joguei como se deve jogar, me movimentando bastante na batalha, contando também com um pouco de sorte:
Pode-se dizer o cenário aberto e sem buracos facilitou muito para se movimentar livremente, diferente da batalha com o Maneater, numa ponte numa torre alta em Tower of Latria. Estar em tendência Pure White também, já que em Pure Black acredito que um golpe dele seria suficiente pra voltar pro começo da fase em 2 tempos.
O jogo tem uma barra de stamina que é gasta quando você usa ataques e quando defende, e é recarregada mais rapidamente quando você não está com o escudo empunhado. Por isso tinha de me afastar dele pra encher a barra toda hora, para poder fazer as defesas sem tomar um “guard break” que poderia ser fatal. Existem outras estratégias para derrotar ele, e aí cabe ao jogador adaptar ou mesmo tentar usar o seu próprio estilo de jogo. Mas em todas elas ter o Ring of Flame Resistante é essencial para sobreviver em temperaturas elevadas e ter chances contra este chefe.
É nessas horas que você vê a genialidade do jogo. Joguei em pé, tenso, com o coração quase saindo pela boca sabendo que não poderia falhar, e num nível de concentração maior do que eu tenho em outras ocasiões. Também joguei de madrugada, a hora em que as ligações de telefone são escassas e/ou quase nulas. Demon’s Souls é isso: a catarse dos videogames, onde você se purifica depois de uma enorme provação, passando por um trauma forte e ao terminar você sente que aprendeu algo. A recompensa pela provação, o aprendizado pelos erros e acertando depois. Uma sensação que poucos games dão hoje, o que mostra que estamos diante de um game único.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!