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Gamedev no Brasil, a necessidade de ser um 'faz-de-tudo'

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Existem no Brasil muitas pessoas realmente apaixonadas com games, que vivem e que sonham constantemente com o mundo dos games. Sonhos estes incompreendidos pela maioria dos pais. Essas pessoas, que passam horas na frente da tv ou do monitor do PC tem um desejo em comum, o desejo de um dia poder jogar na cara de seus pais que games eletrônicos dão futuro e que esta área é muito promissora no mercado de entretenimento aqui no Brasil.
O problema todo dessa área no nosso país já começa aí, com o preconceito criado pela maioria dos pais que renegam o apoio necessário à maioria dos jovens sonhadores. Mas tudo bem, os jovens são persistentes e vão à luta em busca do conhecimento. Se esforçam, pesquisam, testam, criam… e quando se dão conta, já são exímios autodidatas, capazes de darem aulas a qualquer um que se aventure nessa área.
Felizmente, hoje em dia o pensamento pré-histórico dos nossos pais já está sendo mudado, graças à determinação dos sonhadores e graças ao “pequeno” incentivo que o governo vem tentando dar a essa área (incentivo quase insignificante, por sinal).
Fazendo uma busca em várias faculdades do país, hoje você já pode encontrar vários cursos de graduação e de pós-graduação voltados para a área de desenvolvimento de games (veja algumas aqui neste infográfico – é antigo, aliás é antigaço e não está completo, mas já ajuda – em breve postaremos aqui a relação atual dos cursos e faculdades de games), mas infelizmente ainda não existem no país empresas suficientes do ramo para absorver os profissionais – o que força os jovens profissionais da área a se tornarem também jovens empreendedores. E é aí que surge a diferença dos profissionais de gamedev do país com os profissionais do exterior.
No exterior, como o mercado já é consolidado e já existem grandes empresas que demandam de pessoal especializado, tem aquele que só prepara o roteiro, tem o que só faz a arte conceitual (em 2D), tem o que modela, o que ilumina, o que anima, o que texturiza, o que programa… enfim, a pessoa lá tem que ser expert apenas em uma área. É mais ou menos como se diz “cada macaco no seu galho”.
Aqui a música toca um pouquinho diferente. Como no Brasil temos que lutar muito e fazer de tudo um pouco para conquistar aquilo que desejamos, na área de gamedev não poderia ser diferente. Quem entra nessa área aqui no país sabe que terá de aprender a programar, a criar desenhos em 2D, a modelar, iluminar, texturizar, animar, escrever roteiros e, se bobear, até mesmo a compor as músicas e efeitos sonoros dos games. Aqui não adianta a pessoa querer se especializar apenas em uma área, é necessário saber um pouco de tudo. Para ser um empreendedor, é necessário conhecer como funciona todo o processo.
No meu caso, sempre gostei de games, e sempre sonhei em um dia trabalhar desenvolvendo games, tanto que até repeti a 6ª série de tanto ficar jogando. Isso foi o terror para os meus pais. Mas tudo bem, não desisti. Quando cheguei no 2º grau, resolvi cursar um Técnico em Informática – queria saber programar para então começar a criar algum game – grande desilusão!! Saí de lá sabendo fazer apenas programas de fluxo de caixa, banco-de-dados, programinhas de locadoras, padarias, essas coisas. Então, desiludido que só, prestei vestibular para Arquitetura e Urbanismo… mas na faculdade a luz se acendeu novamente quando descobri que ainda poderia seguir meu sonho, sendo designer de games, ou talvez desenvolvendo os cenários dos games. Foi aí que resolvi fazer pós-graduação em Computação Gráfica: Modelagem, Animação e Rendering – meu horizonte então se ampliou de tal forma que hoje me vejo aqui, escrevendo sobre o assunto em um site especializado no ramo. Mas e daí? Já sei fazer um game? Claro que não! Tenho algumas noções, já sei desenhar, sei criar roteiros, sei planejar, sei modelar, texturizar, iluminar, animar… mas, não sei a bendita da programação orientada a objetos. O que vi no técnico não bastou, e o que vi na pós muito menos. Hoje eu vejo que “para mim”, a melhor opção seria me tornar autodidata em programação voltada ao desenvolvimento de games, pois não tenho mais tempo para cursos. Aí sim meus conhecimentos se tornariam “completos” para começar a desenvolver um game.
O que eu quis dizer com isso tudo? Bom, estou tentando demonstrar através de um exemplo pessoal, que entrar na área de gamedev no Brasil não é fácil, e que é necessário saber um pouco de tudo para “depois” poder se especializar em algo. Além disso, não importa os cursos que você faça, não importa os certificados ou diplomas que você tenha. Você sempre terá que estudar por conta própria para se atualizar e completar seus conhecimentos. Nesse mercado o que conta é o portifólio, e não o diploma. É necessário mostrar que você sabe fazer, e não que cursos você já fez.
Gamedev no Brasil é isso, profissionais “faz-tudo”, empreendedores mais “completos”.

6 comentários em “Gamedev no Brasil, a necessidade de ser um 'faz-de-tudo'”

  1. Pois então, cara. Ainda recomendo MUITO ter uma boa base em Análise e Projeto Orientado a Objetos.
    Fazer um jogo só na programação é trabalho insano e virtualmente impossível. É necessário um planejamento bem pesado do que vai ser feito e da forma com que faremos isso, pois perder o fio da meada num projeto complexo é suicídio. =/
    Atente para o "base em Análise e Projeto OO" que eu coloquei… sim, saber ler e criticar um Diagrama qualquer em UML é somente mais uma das muitas funções do programador _ _'

  2. Senhores,
    aproveito o tópico para contar sobre a Magus Ludens, desenvolvedora de games aqui do Rio de Janeiro.
    Na Magus, todos os profissionais são especializadas, mas tem um conhecimento do todo, e que se intensifica de acordo com a área de cada um, mas sim, no Brasil, há uma necessidade do todo, uma vez que na hora em que o bicho aperta, todo mundo precisa por a mão na massa, sem tirar nem por.
    Ainda há muitas batalhas a se travar, no âmbito da indústria nacional e sua consolidação, em identidade e realização empresarial. Batalhas como a diminuição de impostos, incentivos ao desenvolvimento da área, geração de modelos de negócios inovadores e criativos de acordo com nossa realidade, conversa entre a indústria, academia, e mídia, etc. Há muito o que se trabalhar, mas principalmente, é acreditando no sonho e lutando por ele, que ele acontece. Portanto, além de ampliar a mente para o conhecimento e a visão do mundo, não deixar de ter fé no trabalho, acima de tudo, é fundamental a todo criador de games.
    Conheçam o site da Magus,
    em http://www.magusludens.com
    Abs a todos,
    Daniel Mafra.

  3. Rodrigo,
    Além da Anhembi Morumbi, exiti quais outras faculdades de desenvolvimentos de jogos aqui no brasil?
    Eu entrei no site do Magus(acima) e tava olhando a lista dos membros. Bom, todos tem seu trabalho, mas, tpw, eles dividem de maneira ordenada, não um modelador e ao mesmo tempo compositor (claro que não!), tá mais organizado e planejado. É de exemplos assim que precisamos aqui no Brasil!

  4. Ricardo G. Rinaldi

    Daniel, em breve postaremos aqui no site uma relação completa e atualizada dos cursos e faculdades de games aqui no Brasil.

  5. Realmente! Precisamos de equipes mais especializadas, onde cada um é excelente naquilo que se propôe, e não um punhado de gente meia-boca, que faz de tudo um pouco.
    Para alguns papéis é necessário que saiba o que acontece com as outras, como o Engenheiro de Software que tem que saber programação para desenvolver o seu papel da melhor forma.
    Para qualquer começo, independente da área, é necessário ter muita perseverança e saber o que quer. Tudo é dificil, muito mais para quem quer montar uma desenvolvedora. Serão meses sem ver dinheiro, tendo que desenvolver algo agradável, e levando muito 'NÃO' na cara.

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