Recentemente saiu a nova edição da Game Developer Magazine. Diferente da Develop, que é free, esta é paga. Então hoje o Gamasutra (o melhor site de gamedev no planeta, na minha opinião) postou uma matéria extensa com dados anuais da indústria americana dos games (veja também os dados de 2006). É claro que não dá para comparar com a indústria nacional, que ainda está crescendo e não tem tanto poder e recursos quanto os americanos, japoneses e europeus (aliás, nunca li nenhuma pesquisa focando o Japão. Alguém conhece alguma?), mas para quem for tentar algo lá fora, dá para ver como é as coisas.
OBS: os valores estão todos em dólares e são valores anuais. Ou seja: a média dos valores de 1 ano de salário das pessoas entrevistadas
Segundo a matéria, um programador ganha em média $73.600, ou seja, cerca de $6.133 por mês. A área de programação é ainda a área que mais paga: $83.383 por ano, ou seja: quase 7 mil dólares/mês.
Artistas e animadores (desenhistas, modeladores…) ganham cerca de $66.594 ($5500/mês). Um fato curioso e importante é que a porcentagem de artistas com 6 (SEIS!) anos de experiência aumentou 40% em comparação com o ano de 2006. Hoje dá para perceber isso nas vagas: quando postei sobre a oportunidade na Blizzard, eles estava pedindo cerca de 5 anos de experiência. Para alguns é muito, mas para uma empresa grande que vai criar games com gráficos quase-impecáveis é razoável.
Game Design: $63.649 ($5300/mês). A área que eu mais me interesso (também me interesso por artes!) também possui um salário elevado. Deveria ser a área que mais paga (depois dos CEOs e produtores, claro), já que numa equipe o game designer é essencial para o bom andamento do projeto, mesmo os programadores terem um peso maior no processo de desenvolvimento do jogo.
Produção: $78,716 ($6559/mês). Mais um fato interessante e que está começando a ser tendência na indústria: o aumento das mulheres e a área mais chamativa. Como as mulheres são melhores do que os homens no quesito comunicação entre pessoas, é mais fácil para elas serem as mediadoras entre a equipe e os chefes das empresas/setor financeiro. O produtor acaba sempre sendo aquele que vai nas reuniões com acionistas, mostra aos chefes o andamento do projeto, pede mais dinheiro, etc. A área também tem uma parcela alta de mulheres: 18% das pessoas entrevistadas.
Testadores e músicos/editores de som: a primeira é a que menos paga: $39.063 (3255/mês), mas quem comanda os testadores ganha $70.658 ($5888/mês) e na parte de som são $73.749 ($6145/mês). Aqui, também uma boa porcentagem (40%) também tem mais de 6 anos de experiência.
Business e Marketing: $101,848 ($8487/mês), sendo que quem tem mais de 6 anos de experiência ganham na média $132,305 ($11025/mês)! Ou seja: seja um executivo para ganhar pra caramba, igual em qualquer área de conhecimento. Só não entendi direito a área de marketing para ganhar tanto. Talvez por eles não serem alocados nos projetos (toda empresa grande tem de ter esse tipo de profissional) e essa média pode ser relacionada aos profissionais principais…alguém sabe mais sobre isso para complementar o post?
A matéria também citou sobre a média anual dos salários dos canadenses (um dos países em ascensão na indústria dos games), com $63.731 (5310/mês) e os europeus com 52.408 (4394) que considero pouco para a Europa, mesmo ela não ter tanta tradição em gamedev quanto os EUA.
Por fim, este post mostrou que lá os profissionais realmente ganham bem. É claro que dá vontade de ir embora do país, mas é necessário ter cuidado, já que mudar de país não é a mesma coisa de mudar de cidade, fora todos os problemas que a pessoa pode enfrentar. Aqui no Brasil condiz com esta realidade? Não, mas a possibilidade de caminharmos para isso (proporcionalmente, claro!) existe e futuramente pode ser possível os profissionais brasileiros ganharem bem com gamedev. Basta estar numa empresa (ou abrir uma, mas a situação é mais complicada) que tenha um publisher (uma espécie de investidor) bom por trás e que o projeto seja rentável.
Como isso é difícil, o jeito é ter sorte de entrar numa empresa que pague decentemente e que o profissional seja feliz no trabalho, já que aí a satisfação pode aumentar o salário e a qualidade de vida do profissional com o passar do tempo.