Na minha lista de backlogs de games que eu devo jogar e analisar, vários deles são brasileiros, e com isso decidi começar com o Toren. Lançado nesta terça-feira para PC e PlayStation 4, o jogo foi o primeiro que captou recursos da Lei Rouoanet de Incentivo à Cultura, e que depois conseguiu uma distribuidora para lançar o game nas plataformas. No Steam o game está relativamente mais barato, saindo a R$ 19,99, e na PSN Store o jogo está saindo a R$ 20,99 na PSN Store brasileira, e para os assinantes da Plus o game está com desconto, saindo a R$ 18,89 (mas o desconto pode ser temporário).
Este ano estamos vendo a primeira leva de jogos nacionais no console, como o Chroma Squad, Krinkle Krusher e o Toren, o que está sendo muito maneiro para o Brasil, pois não é todo dia que a Sony está abrindo as postar para os indies, normalmente escolhendo o PC como plataforma principal de lançamento, por ser mais fácil e com mais liberdade. Claro que o review é da versão para PC, mas no PC o game já sugere que o jogador deva jogar com controle, para ter uma experiência melhor, e segundo os desenvolvedores, o jogo foi pensado para jogar num console (no caso o PS4).
Primeiramente considerei difícil classificar o gênero do Toren, e posso citar um misto entre aventura, exploração e introspecção, pois muitos detalhes estão nas entrelinhas. Claro que o jogo tem bem mais informações que um Dark Souls, e as referências dos desenvolvedores da Sworldtales é no The Legend of Zelda e no Ico, por conta da ambientação. O game também tem diversos momentos de ação, mas pelo que percebi, a premissa do game não é ser um game de ação similar aos jogos de plataforma 3D.
Sobre o enredo, o jogador controla a “Criança da Lua”, uma jovem que está destinada a escalar uma gigantesca torre conhecida como Toren, em uma solitária jornada para encontrar seu propósito. Ela é guiada por um senhor, que dá “dicas” quanto à sua jornada, mas as dicas aparecem quando o jogador falha em algum objetivo, retornando ao checkpoint. As dicas tem relação direta com o momento onde o jogador se encontra, e traz, de certa forma, filosofias acerca do mundo e da existência, redenção e, em alguns momentos do jogo, referências a alguns mitos religiosos (que é complicado comentar para não dar spoilers fortes do final do game).
A exploração é relativamente simples, sendo em 3D, com a câmera, ora acompanhando à personagem, ora usando algum ângulo específico, junto com um botão de “visão” que mostra outra perspectiva, dependendo da situação. Isso é usado junto com os puzzles, onde o jogador executa algumas tarefas pelo mapa e cumpre alguns objetivos relativamente simples. Por ter jogado uma prévia na Brasil Game Show, em determinado momento tentei relembrar e repetir as ações, mas tinha algumas diferenças, e outras partes se manteve. Também é interessante ver que eles usaram uma abordagem diferente para uma questão “pacifista” que tinha visto anteriormente, mas de outra maneira (por exemplo, relacionado a um cervo).
Também tem alguns momentos de ação com a protagonista enfrentando o dragão-vilão da estória, e da progressão que o jogador executa nos cenários, adquirindo alguns equipamentos para poder progredir. Outro detalhe muito bem desenvolvido foi a direção de arte dos cenários, trazendo cenários bem atmosféricos e algumas surpresas interessantes.
Um detalhe maneiro (com relação ao jogo completo) é que ele está totalmente em português, com legendas e menus, um ponto positivo para games nacionais. Muitos desenvolvedores nacionais não dão a opção do português, por conta do jogo só ser focado para o mercado externo e de ter custos extras, mas ter essa opção com mais frequência extra ajudaria mais para popularizar os games nacionais.
O único ponto que senti um pouco de dificuldade é na jogabilidade com teclado e mouse. Por não ter funcionado direito o esquema do DS2 Tools com o Dual Shock 3, senti falta de jogar com o direcional analógico do controle, mas acredito que quem usa o controle oficial do Xbox 360 com driver oficial não terá problemas. A duração do game é um ponto que acabará gerando uma certa controvérsia, pois tem jogadores que jogaram o game e terminaram em menos de 2 horas, mas eu levei em torno de 3 horas e meia para concluir. Aí pode depender bastante do jogador, mas caso o jogador queira completar todas as conquistas, o jogador terá de mais tempo de jogo e mais tarefas pra fazer.
Nesta nova safra de games nacionais de ponta, o Toren é um dos primeiros que vieram com visibilidade internacional, e para quem quer um game bem atmosférico em ambientação, com um toque dos ambientes fantasiosos únicos, o game é uma boa pedida.
Atualmente como desenvolvedor de software backend, mas já foi jornalista e editor de conteúdos por mais de 10 anos, trabalhando também em portais importantes como o START UOL, Card na Manga e A Pá Ladina, além de outros sites de esports e MMOs. Hoje cobre com especialidade jogos como Fortnite, World of Warcraft, souls-likes, animes, games, cultura pop e é fã de cosplays!