A série God of War popularizou os games do tipo hack-slash. Com o primeiro lançado em 2004 no Playstation 2, o game fez história, sendo um dos melhores do console. Posteriormente saiu a continuação (God of War II), elevando o patamar técnico da série e tendo bastante sucesso, com elogios da imprensa especializada e os jogadores. Aqui no Brasil o “Deus da Guerra” é conhecido por muita gente, indo em locadoras, lojas e conversando com amigos próximos, que também conhecem o jogo. God of War é sinônimo de Playstation 2, e quando o terceiro game foi anunciado para o Playstation 3 eu vi muita gente reclamar que “deveria ter saído para o Playstation 2”, e a Sony, obviamente, não iria fazer isso, pois o game é um killer-app formidável.
O termo killer-app serve para descrever os produtos que ajudam a vender outros produtos. Ou seja: God of War 3 incentiva as pessoas a comprarem o Playstation 3, e muita gente comprou por conta do jogo, que chegou com um patamar técnico impressionante. Cenários bonitos, uma modelagem do Kratos praticamente sem serrilhados e o final da estória do espartano na sua nova vingança contra Zeus.
Nesse meio tempo surgiram jogos no PSP e depois tanto esses jogos quanto os primeiros games foram lançados também no Playstation 3, para que os jogadores sem acesso ao PSP também pudessem jogar os games. Quem já jogou também aproveitou para adquirir mais troféus pra coleção, além de poder jogar com o 3D estereoscópico, recurso que está ficando mais barato com a redução dos preços das TVs de alta definição. Então a Sony anunciou o God of War: Ascension, e, diferente do que muitos gostariam de ver, o game também acontece antes dos jogos anteriores. Com o anúncio do multiplayer também teve muita controvérsia, pois a série, em essência, é de single-player. Muitos chiaram, mas acredite, o multiplayer está acima da média e diverte de montão. Já o single-player não está entre os melhores da série, mas consegue cumprir o seu papel. Saiba mais a seguir na nossa análise!
Ficha Técnica | |
Produção | Sony |
Desenvolvimento | Sony Santa Monica |
Lançamento | 12/03/2013 |
Plataformas | Playstation 3 |
Classificação | 18 anos (Brasil), Mature (EUA) |
Música/Compositores | Tyler Bates (principal) e Timothy Williams |
Gênero | Ação, Aventura, Hack-Slash |
Descrição | O game mostra o início da história de Kratos, com ele sendo preso pelas Fúrias por quebrar um juramento feito a Ares. Ele terá de acabar com elas para poder quebrar o juramento e não continuar sendo torturado por elas. |
Online | Sim |
Provavelmente o God of War: Ascension será o último game da série para o console. Com o Playstation 4 já anunciado, acredito que, se o game tiver novas continuações, elas serão direcionadas tanto para o Playstation Vita quanto para o PS4, para a Sony dar mais incentivos para comprar os consoles. Ascension chega com um dos visuais mais impressionantes da geração atual de consoles. Cenários bonitos e grandiosos, uma modelagem do Kratos e dos personagens sem serrilhados (diferente de muitos games multiplataforma e até mesmo exclusivos), o visual é soberbo, principalmente em muitos dos cenários mitológicos. Aqui, por ser um game com um enredo anterior, eles puderam explorar mais cenários exteriores e outras locações inéditas, tendo um certo “feeling” com os primeiros jogos que não tem um enredo tão sombrio.
Sobre o enredo, temos mais da história do Kratos: depois de ter feito o juramento a Ares, ele acabou matando sua esposa e filha, e com isso decidiu não servir mais ao deus da Guerra. Com isso, ele acabou sendo perseguido e preso pelas Fúrias, seres do mundo antigo que são a Lei, punindo aqueles que quebram os juramentos a um determinado deus. O início do game mostra o Kratos já preso e começando a escapar da Prisão dos Condenados, trazendo a ação típica característica da série: golpes, “esmagamento de botões”, uma enxurrada de inimigos a cada sequência de combates e o retorno dos famosos “quick times”, agora com uma visualização melhor do que a do terceiro jogo.
O único problema é que o enredo é um pouco confuso, principalmente na parte “temporal” do enredo: alguns trechos se passam algumas semanas antes dele ser preso, e depois voltava a ação na Prisão onde ele estava, mostrando a “continuação” da progressão. Só posteriormente que tudo fez mais sentido na minha cabeça, mas acabei demorando para entender essa premissa.
Já outros jogadores chegaram a reclamar do enredo, de ele não estar no cânone do jogo e de não responder a dúvidas ou “explicar a raiva do Kratos”. Pelo histórico da série (para mim) os games não tem enredos tão densos e muito complexos. O firmamento da série sempre foi a jogabilidade e a mitologia grega, que foi usada satisfatoriamente pelos designers e escritores, com as devidas licenças poéticas. O game também dá pistas dos “jogos seguintes” em alguns trechos, mas por ser um prequel acho que o enredo não teria mesmo muita ligação com os seguintes. Acho que a única reclamação geral quanto ao entendimento do enredo seja no volume das vozes, que ficou bem baixo na versão nacional. Mesmo trocando as opções no menu, essa parte não melhorava, e então tive de jogar o game inteiro com a dublagem e as legendas. Quanto à dublagem nacional, ela também está acima da média, e não percebi qualquer problemas de dicção e emoção, reclamações presentes em outros jogos da Sony, mas pelo concurso de dublagem ter levado um brasileiro até os EUA, novamente eles não usaram dubladores locais, que poderia fazer uma diferença maior nesse sentido.
Em matéria de combates, muita gente disse que o game está mais fácil. Eu não acho: o game ficou um pouco mais difícil do que o terceiro. Inimigos mais ágeis, inimigos mais resistentes, foram muitas as vezes que a minha barra de energia quase se esvaiu nas lutas. O comando de esquiva se tornou ainda mais essencial, e praticamente não usei a defesa durante os combates. Claro que tem aqueles que acharam que estava mais fácil, mas tem os níveis de dificuldade maiores para testar as habilidades (e a paciência) do jogador. Um desafio acima da média e que é perfeitamente passável pelos jogadores. A Sony chegou a dar uma colher de chá num dos trechos (Trial of Archimedes/Desafios de Arquimedes), um trecho que muitos consideraram “difícil”, tendo 3 sequências de luta seguidas e próximo do final do game. Alguns chiaram, outros gostaram do patch, e não dá pra agradar todo mundo. Eu gostei, pois, mesmo ter passado de primeira, não acho que eles deixaram esse trecho muito fácil: ainda é uma parte mais complicada, e se jogador está com pouca energia ele acaba jogando de uma maneira mais conservadora, mas nada que faça o jogador querer tacar o controle pela janela.
Outro detalhe da jogabilidade são os puzzles de cenários, alguns bem inteligentes e outros bem complicados, com alguns deles usando a habilidade Life Cycle (batizada de “Olho de Ouroboros”). Essas partes são a “calmaria” na ação do game, com as lutas praticamente seguidas. A habilidade permite voltar o tempo do cenário, regenerando pontes e outros objetos para continuar a progressão. Posteriormente o personagem ganha uma “Pedra da Jura”, que cria um clone do espartano que ajuda o Kratos nas lutas e na resolução de puzzles, deixando o clone segurando uma alavanca enquanto o jogador vai até outra localidade pegar um baú ou continuar o jogo.
E já que estamos falando das habilidades, as magias vieram também um pouco diferentes: as lâminas do caos ganharam “encantamentos” adicionando elementos relacionados com algum deus mitológico. Ares, por exemplo, deixa as espadas pegando fogo, e Zeus deixa as armas elétricas e podendo dar choques nos inimigos (depois de completar um combo). Evoluindo os tipos das armas o jogador adquire mais habilidades específicas e pode usar habilidades especiais e magias mais poderosas referentes aquela arma em questão. O ruim é que para usar as magias mais potentes era obrigatório evoluir a arma até o último nível, e apesar delas não precisarem de tantos orbs, acabei demorando para sacar esse detalhe, e por isso acabei acostumando a usar apenas as lâminas de Zeus, por conta de sua magia ser “visualmente” mais poderosa. O game não dá muitos incentivos para ficar trocando de armas dependendo dos inimigos (diferente do DmC Devil May Cry, que incentiva (e obriga) o jogador a usar uma arma específica contra certo oponente).
Durante a progressão (e no multiplayer) Kratos também pode pegar armas dos inimigos e usar elas, mas nem todas são muito eficientes. Uma das poucas vantagens de algumas é poder arremessar elas para causar um dano maior, perdendo a arma secundária, mas elas não fazem tanta diferença se o jogador usar as lâminas normais.
Um dos maiores destaques vai por conta do multiplayer. Alguns podem até torcer o nariz, mas o modo de jogo é muito bom e adiciona bastante tempo de vida útil. A jogabilidade acaba sendo mais presa e não tem as famosas Blades similares a do Kratos, mas acho que se as tivesse todo mundo usaria elas pois daria para atacar à distância. Ao iniciar o multiplayer o jogador pode escolher 4 alianças dos deuses disponíveis (Zeus, Ares, Poseidon e Hades) e entrar em diversas lutas diferentes, tanto em equipe quanto sozinho no “cada um por si”. As partidas são bem variadas, tendo o mata-mata clássico em arenas fechadas e circulares e fases com mais caminhos, tendo de matar o ciclope Polifermo ou usar o escudo de Perseu contra uma medusa gigante que fica em pé em um mapa (e que pode ser usada pelo jogador para desferir ataques devastadores), entre outras fases. Também tem um modo co-op com 2 jogadores enfrentando inimigos controlados pela inteligência artificial, que ajuda também na evolução do personagem e que pode servir de “treino” antes de ir no multiplayer para enfrentar jogadores mais experientes.
Ao participar das partidas o jogador evolui níveis de aliança, podendo comprar mais armaduras e armas, relíquias e outras magias específicas daquele deus. Durante as partidas também aparecem baús tanto com orbes vermelhos (dando pontos para o jogador) quanto pedaços de outras armas, para o jogador ir montando o seu set de armas e tendo outras armas e armaduras mais poderosas. Elas também tem barras de evolução, e nesse eu me senti compelido a evoluir também outras armas/armaduras para maximizar os atributos. Só que depois de algumas horas de jogo eu acabei ficando com os equipamentos de Hércules, que são, aparentemente, mais poderosos, dando mais chances de sobreviver nas partidas. A Sony também está dando um pouco de suporte nesse início de vendas do game, corrigindo problemas e inserindo “níveis de elite”, para os jogadores que já chegaram no nível máximo, e eles já prometeram lançar DLCs extras que podem adicionar novos mapas e quem sabe novos tipos de partidas, deixando o multiplayer com mais tempo de vida útil.
Concluindo, God of War: Ascension não é o melhor da série, mas consegue cumprir o seu papel. Os fãs vão gostar novamente de voltar a viver novas aventuras de Kratos e o multiplayer veio com um diferencial tremendo para aumentar o tempo de vida útil, isso se o jogador gostar de multiplayer. Pelo game normalmente ser mais curto (mesmo tendo mais de uma progressão, caso o jogador comece no Nível normal e depois vai pro Hard para platinar o game ou apenas por diversão) então este é o game da série que oferece mais conteúdo de maneira geral. O visual está soberbo e está entre os games mais impressionantes que já vi no Playstation 3. Os únicos problemas que eu percebi foram o volume da dublagem e o enredo que acaba sendo um pouco confuso. Se você já jogou os games anteriores ou quer começar a jogar os games da série este também é altamente recomendado!