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Watch_Dogs e o nem-tão-polêmico Profiler

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Watch_Dogs - Profiler - Screenshot

Esses dias vi uma matéria no Kotaku US da Patricia Hernandez comentando o fato de certos jogadores estarem se aproveitando das mecânicas de Watch_Dogs para caçar minorias no game. Ela continua, falando como isso não surpreende e como já era até esperado pelos criadores do jogo.
Falar sobre preconceito e minorias é sempre um assunto complicado. Nem todos nós somos negros ou mulheres para entender, na pele, o que esse pessoal sofre – e nem estou falando das discriminações ‘na cara’, falo de pequenas atitudes que exemplificam uma discriminação herdada, que nem sempre é percebida por quem comete.
Mas o nosso foco é jogos e nele nos manteremos. Watch Dogs, assim como GTA, inFAMOUS ou qualquer jogo de mundo aberto cheio de NPC’s, te permite fazer escolhas, em termos de gameplay, que vão definir o teu caráter digital. Você pode ajudar as pessoas, você pode ferir as pessoas. Aquela velha e idiota ideia de que ‘se você atropela velhinhas no GTA, você também faz na vida real’ já caiu por terra há muito tempo, mesmo que muitas pessoas não admitam.
Nós, jogadores, sejam os casuais, hardcore ou os que ficam só assistindo, sabemos que um jogo é um jogo. Não vamos sair correndo a 200 Km/H depois de jogar Forza, não vamos sair atirando em todo mundo depois de uma partida de Battlefield, não vamos tentar invocar deuses depois de jogar Final Fantasy. Simplesmente nós não confundimos a vida digital com a real. Claro, há exceções a esta regra. Existem, sim, pessoas que confundem o que se deve fazer no jogo com o que se deve fazer na vida. Mas essa é uma minúscula minoria, não a regra.
Voltando a Watch_Dogs, a mecânica do Profiler permite que nós hackemos pessoas atrás de itens, dinheiro e informações. O que eu não entendo é a mania de algumas pessoas em dizer que se eu roubei dinheiro digital num jogo digital de um sírio [digital], eu estou sendo preconceituoso com ele. Ora, no jogo eu preciso de dinheiro para conseguir evoluir, eu não vou ‘discriminar’ ninguém na hora de fazer meus hacks. Usando ainda meu caso, eu hackeio a todos que posso, mas ajudo em todos os crimes que der. Isso significa que sou o que na vida real? Um vigilante?
Nas minhas últimas jogatinas com o game, eu comecei a prestar mais atenção aos tipos de perfis que o jogo criou e fiquei contente em saber que eles incluiram uma grande gama de estereótipos no game, não se focando no americano padrão burro que só corre (sim, estou falando com você Prototype). Você verá pessoas de muitas etnias, credos, opiniões – incluindo aqueles preconceituosos, que não seguem as ‘regras da sociedade’ e por ai vai.
Essa gama de opções vai dar sim a opção aos jogadores de fazerem uma caçada a ‘simpatizantes de direita’, mas essa é uma escolha da pessoa que está jogando – limitar um jogo simplesmente retirando esse tipo de NPC não vai resolver o problema. Eu sei que não é esse o ponto que Patricia defende em seu texto, mas, definitivamente, censura de qualquer tipo não vai resolver o problema.
No fim, fico do lado do jogador que só atropelou as velhinhas em Carmageddon porque queria mais pontos, não por ser um psicopata maluco atropelador de idosas.

Watch_Dogs - Aiden Pearce Profiler

2 comentários em “Watch_Dogs e o nem-tão-polêmico Profiler”

  1. Josivan Torres

    Texto muito bom! Na vida digital não somos somente um reflexo do que somos na vida real. As vezes somos uma cópia, as vezes o total inverso, as vezes é só um ato consciente e as vezes só o inconsciente agindo. Somos e podemos ser e fazer tantas coisas “digitais” que tentar rotular é uma total perda de tempo… tempo esse que prefiro jogar.

    1. Adriano Scheffer

      Esse é o espírito. Se alguém te rotulou não significa que tu é, de fato, aquilo. Só sou a favor a auto-rotulação. Eu sou gamer, e você?

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